quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cavaco prefere o crime à gestão incompetente?



Cavaco foi accionista da SLN. Num curto período de tempo, num claro estilo do especulador do “toca e foge”, fez um lucro que se diz ser à volta de 140%. Só possível como resultado de uma gestão altamente competente, muito competente.

Acontece que a SLN não era empresa cotada. E isto só quer dizer que a compra e a venda se fizeram à margem da bolsa, com intermediação de alguém que lhe sugeriu a compra e a posterior e bem remunerada venda. Quem terá sido? Sabemos que na SLN preponderavam, pelo menos, dois figurões bem próximos de Cavaco, ao ponto de um ter sido seu secretário de Estado, um outro ministro e, quando estoira a bronca do BPN, membro do Conselho de Estado por escolha de Cavaco. Se não foram estes a fazer o frete a Cavaco, quem foi? Facto é que Cavaco, até hoje, não esclareceu isto. E não espero encontrar as respostas no site da Presidência da República, para onde Cavaco chuta sempre que não quer responder publicamente a questões delicadas.

Cavaco acusa agora de incompetente a actual administração do BPN. Mas, como se isso fosse pior que um crime, Cavaco nunca os teve no sítio para acusar os seus amigos da SLN / BPN da prática de actos que todos têm como criminosos. Para Cavaco, o crime compensa, e ele que o diga. A incompetência – e sem que nos dê uma prova mínima do que afirmou no debate – é que deve ser denunciada.

A comparação que fez com os bancos ingleses e que foram ou estão a ser recuperados é mesmo de um demagogo da pior espécie. Ou será que existem, na Inglaterra, pessoas acusadas ou suspeitas dos crimes dos seus amigos Oliveira e Costa e Dias Loureiro? É que a gestão do BPN não foi meramente temerária. Foi criminosa, por muito que isso custe a Cavaco.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Taxas de 2€ e 3€ ameaçam o negócio dos cruzeiros...

Agora vai ser assim, no negócio dos cruzeiros, quando estes atraquem a porto português:

a) Por cada passageiro embarcado: 3€

b) Por cada passageiro em trânsito: 2€

c) Para emissão de despacho de desembaraço de saída do barco: 80€ ou 90€.

Título do Público: aumento de mais de 60%. Se nos ficarmos pelo título, parece que caiu um raio sobre este negócio.

E os interessados já ameaçam: está em causa a imagem do país, os nossos portos poderão deixar de ser utilizados, eu sei lá. Uma catástrofe!

Claro que o ideal seria que nada se cobrasse e se disponibilizassem todos os meios humanos e a infra-estrutura física e a sua manutenção, necessários para este negócio, à custa do Zé. Para este ficaria a recompensa de, ao ir até ao Tejo ou ao Douro apanhar sol, poder captar uma foto dos cruzeiros para mais tarde recordar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O sindicalista desembargador Martins é um caso

Desta vez, como aliás é hábito, saiu mais uma catrefada de acusações e de queixas, segundo o Público de hoje. Entre estas, o facto de os juízes dos tribunais superiores serem obrigados a trabalhar em casa por falta de gabinetes nas Relações e no Supremo e de terem que suportar do seu bolso os custos da Internet.

Coitados!

E se se trocasse o subsídio de renda para as habitações dos juízes, subsídio que recebem mesmo em caso de habitação própria e igualmente em duplicado quando se trata de um casal de juízes, por espaços nos tais tribunais? E se aqui, na entrada de cada gabinete, se afixasse um horário e se instalasse um relógio de ponto?

Quanto ao custo da Internet, como é que era antes desta? Tinham direito a subsídio para o milho dos pombos-correios ou para a lenha caso as comunicações se fizessem por sinais de fumo?

É quando se misturam alhos com bugalhos que o ridículo se torna mais evidente. E há quem goste da mistura.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma ministra de excepção...


[…] “Houve também quem tivesse atribuído os méritos “aos professores” em abstrato, como se estes não fossem essencialmente os mesmos do tempo das avaliações anteriores. É evidente que os únicos fatores que mudaram substancialmente desde 2006, 2003, etc., foram as políticas educativas, apesar da oposição e da resistência de muitos professores e das suas estruturas sindicais. Mesmo havendo outros fatores, não é possível dissociar as duas coisas.

Recordemos as principais mudanças: aulas de substituição e melhoria da assiduidade docente; escola a tempo inteiro e programas complementares de formação; encerramento de centenas de escolas sem alunos suficientes e sem condições adequadas, substituídas por modernos “centros escolares”, com as mais modernas condições escolares (instalações, equipamentos, professores qualificados); programas especiais de qualificação em várias disciplinas, especialmente em matemática; maior transparência e exigência na avaliação dos alunos; estudo acompanhado e programas individuais de recuperação para alunos sem aproveitamento; maior autonomia das escolas e descorporativização da sua gestão; reforço da ação social escolar; maior atenção à disciplina e segurança na escola; maior seletividade no recrutamento dos professores e mais estabilidade na sua colocação; empenho na redução do abandono e do insucesso escolar; sistema de avaliação dos professores e das escolas; aposta na qualificação e prestígio da escola pública. […]

Vital Moreira, Público, 14-12-2010

Mas, tudo isto, porque foi possível contar com uma ministra de excepção e uma maioria parlamentar. Doutro modo, nada feito.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Castilho também foi PISAdo…


... E não gostou. E, como ninguém lhe ganha a palma em desonestidade intelectual, também desta vez se não conteve, segundo a seguinte declaração ao Público de 11-12-2010: “São os governos que dizem à OCDE quais são as escolas que devem entrar neste estudo e eu não concordo com isso”.

Ora, na página ao lado o Público, onde Castilho debita com regularidade azedas xaropadas sobre a política da educação, à pergunta “Como foram seleccionados [os alunos]?” a resposta é a seguinte: “De maneira aleatória, por uma empresa paga pela OCDE. O Ministério da Educação forneceu uma base de dados com todas (sublinhado meu) as escolas do ensino básico e secundário, frequentadas por alunos de 15 anos”. E à pergunta “Como foram seleccionadas as escolas?” a resposta é “Mais uma vez, de uma forma aleatória, tendo em conta critérios de estratificação. Na amostra, estão representadas escolas grandes, pequenas, do litoral, do interior, públicas e privadas. A amostra tem que ser representativa da realidade do país”.

Mas Castilho, confessa, não é “” da OCDE. E tanto melhor para esta, digo eu. Porque nada como separar as águas. E Castilho fica bem melhor ao lado dos Guinotes, dos Crespos, dos Nogueiras, dos Bernardinos e outros que tais e a quem a história não reservará uma sílaba, menos ainda uma palavra.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estado Social a par de um Estadão?


“O Estado Social deve existir para quem dele necessita e não para todos de forma indiscriminada, porque é inviável e injusto”.

Cristina Casalinho

Jornal de Negócios, conforme citação do Público de 11-12-2010

E, sendo assim, teremos que ter dois estados. O Estado Social para quem dele precisa, o… Estadão, para quem está bem na vida e que, certamente, fará a caridadezinha de aturar o primeiro.

Logo: uma nação, dois Estados, um deles alimentado pelas migalhas que o outro permita. Vê-se bem ao lado de que Estado está quem tal sugere.

Só que o Estado é apenas um e, quando Social, é e deve ser para todos, incluindo os defensores de um estado à parte para os coitadinhos. E só quando é para todos o Estado Social pode responder ao bem comum porque, sendo de todos, de todos exige o melhor empenho na sua defesa. Um Estado Social apenas para os coitadinhos seria uma entidade indefesa, nas mãos dos adeptos do Estadão.

O Estado Social não pode ser assimilado a um qualquer albergue dos desprotegidos, para os quais bastaria pouco, e este pouco subordinado aos vorazes apetites de quem nunca se encontra satisfeito com o muito que tem. E quando, o muito que têm, é conseguido através da exploração dos desprotegidos.

O Estado ou é Social ou não é. Mas os desprotegidos dispensarão sempre, por uma questão de dignidade, a magnanimidade dos poderosos, dos seus exploradores.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Calos de Crespo de novo PISAdos…


Como não sou ingénuo mas, sobretudo, porque Crespo o não é, tenho que registar o novo azar da boquinha bico de pato. Porque o resultado lhe saiu ao contrário das suas pretensões.

É que, ao convidar, para cerca de 45 minutos de conversa, Marçal Grilo e David Justino - ex-ministros mas, sobretudo, grandes conhecedores do tema educação e pessoas que pensam pela sua cabeça -, Crespo esperava, juro, que fossem questionados, desvalorizados, amesquinhados, no mínimo relativizados, os resultados do PISA / OCDE.

E aconteceu que nunca vi, por pessoas que conhecem e sabem do que falam, elogios tão rasgados ao que se fez no campo da educação nos últimos 15 anos, aos mais diversos níveis e que, por isso, se congratulavam de forma exuberante com os resultados obtidos.

De novo com reconhecimento do mérito dos professores, das escolas, das famílias e das políticas governamentais.

E estou a imaginar o sorriso de satisfação da melhor ministra dos últimos tempos, igualmente a mais atacada. Que Sócrates nunca deveria ter deixado cair.

Neste segundo round, de novo Crespo ficou com os calos PISAdos. E agora que escolha entre a apreciação de Bernardino – um perito em matéria de educação democrática norte-coreana - e a destes seus convidados de hoje.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os resultados do PISA e a danação de Crespo


Lê-se hoje no Público que, segundo o relatório da OCDE, Portugal foi o país da OCDE que mais progrediu nos 3 domínios avaliados: literacia de leitura, matemática e científica.

E foi a OCDE quem escolheu as escolas e os alunos a avaliar.

No conjunto, ainda segundo o Público, Portugal ficou à frente da Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslováquia, Espanha, França, Grécia, Itália, Luxemburgo, República Checa e Reino Unido.

A ministra gostou e distribuiu os méritos pelos professores, direcções das escolas, famílias e, claro, a política educativa seguida: bibliotecas escolares, Plano Tecnológico, Plano Nacional de Leitura, Plano de Acção para a Matemática, modernização do parque escolar, a cultura de avaliação (provas de aferição, exames nacionais, avaliação do corpo docente e avaliação externa das escolas).

Miguel Abreu, Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, ficou “satisfeito”. Pelo seu lado, Paulo Feytor Pinto, Presidente da Associação de Professores de Português, considerou-se “muito feliz”.

Estas entidades, juntamente com a OCDE, são, naturalmente idóneas e independentes nos seus juízos.

Mas Crespo ficou histérico, com o risco da tromba dar em trombose.

E pediu socorro porque a verdade era a causa do seu mal. Chama Nuno Crato, porque – disse ele – números é com o Crato. No entanto, apesar do seu prolongado estágio no Plano Inclinado (é o plano em que Crespo se sente à vontade, quase a arrastar-se pelo chão), Crato teve que reconhecer que houve progresso, que havia razão para se estar satisfeito, embora haja ainda muito a fazer. Com um ou outro comentário, lá foi dando algum conforto a Crespo, uns paliativos que ajudarão este figurão a recuperar um pouco.

Mas tão ridículo quanto Crespo foi o Bernardino para quem aquele progresso nada tem a ver com as medidas do governo. Ele não o disse, mas suspeito que apenas a modéstia o impediu de expressar a contribuição fundamental que tem dado a Festa do Avante e, quanto à leitura, o jornal que dá nome à festa.

Aqueles cujo contributo para estimular o ego é nulo são os mais ferozes em questionar qualquer progresso. Como o faria qualquer pulha. Mas este fá-lo-ia de borla.

HISTÓRIA DO NATAL DIGITAL

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A César apenas o que é de César


As autonomias da Madeira e dos Açores são tributárias da enorme solidariedade social e económica do Continente, particularmente através de vultosas transferências financeiras. Assim, sob a égide da solidariedade, são os continentais quem suporta muito do que tem sido possível fazer pelos habitantes daquelas regiões autónomas.

E nada a questionar, muito embora haja regiões no Continente bem mais desfavorecidas que outras da Madeira e Açores.

Por isso se estranha a atitude de Carlos César quando decide compensar os cortes dos ordenados da função pública, pondo em causa uma medida quanto à qual não deveria haver excepções. E mais se estranha que afirme que tal medida não custa nada aos contribuintes, como se o dinheiro que para isso dispõe esteja a sair do seu bolso. Como se tais recursos não fossem de todos os contribuintes e, sobretudo, dos contribuintes do Continente onde os funcionários públicos terão que aguentar com as consequências de uma medida que é para todos e não apenas alguns.

Já não basta, para além das transferências financeiras, que exista um regime fiscal mais favorável, que se tenham perdoado dívidas.

Se a ingratidão pesasse, os Açores iriam ao fundo. Por culpa de César.

E temos que assim se começam a dar sinais evidentes do que vai ser a execução do OE, se ninguém travar isto.

Gostaria que se evitasse uma intervenção do FMI. Mas César está mesmo a pedi-las.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Almas especiais, segundo Freitas do Amaral

À saída de um serviço fúnebre – missa por Sá carneiro e, tinha que ser, por Adelino Amaro da Costa – Freitas do Amaral afirmou mais ou menos isto: tratou-se de uma missa em memória das 7 pessoas (falecidas no acidente de Camarate), especialmente por duas. As duas especiais são as já citadas.

E temos que há almas especiais e… almas danadas. Aliás, tivessem as especiais sobrevivido e já há muito – que isto foi há 30 anos – ninguém ligaria às danadas, salvo os mais íntimos, nem se voltaria a falar da reabertura do inquérito, que já vai na enésima comissão parlamentar.

Resta agora ao Altíssimo fazer por lá a distinção entre almas, caso a missa tenha servido para alguma coisa para além da exibição – momentânea e pública, claro - do pesar dos de sempre e para quem, não manter esta agenda da missinha, poderia ser politicamente inconveniente.

O que vale é que Deus é grande.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia da Restauração ou do restaurador olex?


Crespo convidou para o seu programa D Duarte, a propósito da Restauração. Mas mais acertado seria convidar um anónimo – legítimo sucessor do povo de então – porque a nobreza de então, na sua maioria, esteve com os Filipes. A bem dos seus interesses.

Mas espanta ver aquela boquinha de pato a destacar a biografia do pretendente: piloto de helicópteros militares, licenciado em agronomia, com uma pós-graduação na Suíça e, daí, dar a entender que este currículo permite concluir estar D Duarte em condições de assumir altas funções, quem sabe se as de rei ou presidente.

Se assim fosse, quantos candidatos, e mais qualificados, não haveria por aí?

Este vassalo Crespo não tem emenda. Por isso, fica candidato a aio ou bobo da corte, se D Duarte não arranjar melhor.