domingo, 30 de janeiro de 2011

O elogio da preguiça ou da lei do menor esforço


Eu tenho um cartão de cidadão. Sou cidadão. E sou uma pessoa de muita sorte. A mim, um sortudo, foi-me entregue na altura uma folha A4, prenhe de informação: todos os dados que viriam a constar do meu cartão e muitos outros.

Nessa folha – já agora com a designação “Comprovativo de Pedido Inicial” – há um bloco com o título “Recenseamento Eleitoral”, com o texto seguinte:
Se alterou a sua freguesia de residência, não se esqueça que o seu direito de voto passará a ser exercido na nova freguesia, a partir do momento em que levantar o seu Cartão de Cidadão! Não haverá mudança do seu local de voto, se levantar o seu cartão nos 60 dias anteriores a um acto eleitoral (período durante o qual os cadernos eleitorais estão fechados). Pode confirmar o seu número de eleitor e local de voto na internet (em http://www.recenseamento.mai.gov.pt ) , enviando um SMS* para 3838 ou na sua Junta de Freguesia. Por favor, informe-se!

*Envie SMS para 3838, com o texto – RE espaço Nº Id. Civil espaço Data de Nascimento (AAAAMMDD).

Vai daí, na véspera fui à net. E fiquei a saber que desta vez votaria onde nunca antes tinha votado e qual o meu número de eleitor.

Por isso, deixo para o populista Portas, a histérica Apolónia, o lã branca Macedo e outros que tais, o cuidado de gritarem por demissões. Porque eu não me demiti de ler as indicações que me foram dadas, sem que as pedisse. E não estou disponível para dar cobertura a quem a elas não quis ligar ou apenas se lembrou de pedir socorro depois da bica e do bagaço no dia das eleições.

Mas registo que a histeria de muitos representantes dos cidadãos, que aposta na mais reles demagogia, pretende ainda fixar o princípio de que ao cidadão não cabe a obrigação de saber tratar de si e, neste caso, do seu direito a votar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Nem Jaguar, nem Fiat 600


Sou dos consideram mal pagos os titulares dos órgãos de soberania, os membros do governo, os autarcas, os políticos em geral. Por razões de dignidade dos respectivos cargos, por entender que devem ser suficientemente atractivos para não ficarem apenas ao alcance ou dos mais incompetentes – que podem ser muitos – ou à espera de quem tenha particular vocação pelo serviço público ou pela coisa pública, para o quê serão hoje muitos raros os candidatos.

Mas há que não misturar isto com as remunerações de gestores de empresas públicas ou de institutos públicos. Porque não são funções da mesma natureza, nem se exercem com as mesmas competências. E isto sem prejuízo da necessidade de se evitarem excessos e de se fixarem exigentes e transparentes regras de acesso e exercício das funções de gestores públicos.

Um político, por melhor que seja, não é necessariamente um bom gestor e um bom gestor não se transforma, por isso, num bom político.

Facto é que políticos somos todos e potenciais titulares de cargos políticos a maioria. Por exemplo: os requisitos constitucionais para PR não são particularmente exigentes e, por si, não são garantia para o bom desempenho das funções de gestor.

Por isso querer fixar o princípio de que na gestão de empresas ou institutos públicos se não pode ganhar mais que o PR é querer comparar alhos com bugalhos. E mais: é querer deixar tais entidades nas mãos dos menos capazes, apostando objectivamente na sua destruição em favor de interesses privados.

Por isso não surpreende que o defensor mais acérrimo desta solução suicida seja o populista Portas que, no entanto, não dispensava montar-se num Jaguar, naquele fartar vilanagem que se viveu na Universidade Moderna, com políticos travestidos de gestores. Mas isto ele já esqueceu ou, melhor, espera que tenhamos esquecido.

Depois, só a desavergonhada desfaçatez permite que alguém pregue o que nunca praticou, quando o poderia ter feito no exercício de funções governamentais. E quando, pelo menos num caso, terá feito o contrário do que agora prega.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sondagem...

Nos tempos da Moderna e do seu Centro de Sondagens, qual seria o vencimento de Paulo Portas se nele se incluísse a amortização e manutenção do Jaguar de que não prescindia?

Ó puto, toma lá uma arma. Mas life means life, ok?



Tinha 11 anos quando terá matado a namorada do pai. Agora, com 13, corre o risco de passar o resto da vida na cadeia.

A criança terá usado, na prática do crime, a sua própria caçadeira, “um modelo especialmente concebido para ser usado por crianças”, segundo se escreve no Público.

Jordan Brown apresentou-se de algemas nos pulsos e nos tornozelos na sua primeira ida a tribunal.

Nos EUA, por conta da política de life means life existem 2.400 condenados a prisão perpétua por crimes cometidos quando eram menores. Para que saibam que life means life, mesmo que com armas à mão de semear, mesmo que com armas especialmente concebidas para crianças.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A lata do cordeiro das farmácias...

O presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro, diz que a situação de fraude nas farmácias detectada pelo Ministério da Saúde, resulta da "permissibilidade do próprio sistema" que "tem falta de rigor". "Se perguntar ao Ministério da Saúde quantos beneficiários existem no SNS por distrito ou quem é que tem direito a comparticipações eles não sabem responder", exemplifica João Cordeiro.
Em declarações ao Económico, João Cordeiro lembrou que a ANF entrega todos os anos ao Ministério da Saúde "informação em suporte informático sobre o volume de vendas das farmácias e dos medicamentos" que permitem detectar situações fraudulentas. "Será que isso serve para alguma coisa?", questiona Cordeiro.
A Polícia Judiciária está a investigar várias farmácias na região de Lisboa por fraude nas comparticipações de medicamentos. De acordo com a SIC, já foram detidas oito pessoas. A denúncia partiu do próprio Ministério da Saúde que identificou, através da Central de Conferência de Facturas, "diversas irregularidades no circuito do medicamento".
O presidente da ANF não acredita que a obrigatoriedade da prescrição electrónica, que o Governo agendou para Março, possa vir a resolver o problema. "A prescrição electrónica é um argumento político porque o que o Ministério da Saúde entende por prescrição electrónica é passar a imprimir receitas através do computador, não é a desmaterialização da receita", aponta Cordeiro.

Diário Económico online, 26-01-2011


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Precisa-se de bufo assessor presidencial

"Era bom para a democracia", disse Cavaco, que "os nomes" das pessoas que contribuiram para a "campanha de calúnias, mentiras e insinuações" fossem divulgados. A seguir, desafiou a comunicação social a divulgar os autores da suposta maquinação. "A honra venceu a infâmia", concluiu, no seu primeiro discurso, obtendo aplausos fortes dos apoiantes.



domingo, 23 de janeiro de 2011

As eleições me absolvirão...

Estou tranquilo. Cumpri o que prometi e não recorri a insultos e ataques de natureza pessoal. (…) Esta foi também a vitória da verdade sobre a calúnia”, salientou.
Para Cavaco, “o povo português não se deixou enganar”: “A honra venceu a infâmia.”

Público online.

...Quando afirma isto, Cavaco fica obrigado a pagar direitos de autor ao senhor de Oeiras e mesmo a comparar-se com ele, salvo o pormenor do charuto. Porque Isaltino também remeteu para os resultados das eleições a absolvição dos seus pecados. E é com gente assim que vamos ter que aguentar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tony Judt - 1



“A qualidade materialista e egoísta da vida contemporânea não é intrínseca à condição humana. Muito do que hoje parece natural remonta aos anos 80: a obsessão pela criação de riqueza, o culto da privatização e do sector privado, as crescentes disparidades entre ricos e pobres. E sobretudo a retórica que vem a par de tudo isto: admiração acrítica dos mercados sem entraves, desdém pelo sector público, a ilusão do crescimento ilimitado.

Não podemos continuar a viver assim. O pequeno crash de 2008 foi um aviso de que o capitalismo não-regulado é o pior inimigo de si mesmo: mais cedo ou mais tarde há-de ser vítima dos seus próprios excessos e para salvar-se recorrerá novamente ao Estado. Mas se nos limitarmos a apanhar os cacos e a continuar como dantes, podemos esperar convulsões maiores nos próximos anos.”

InUm tratado sobre os nossos actuais descontentamentos”

A Bem da Nação

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contra o manhoso, votar, votar!

Tinha dificuldades, desta vez, em ir às urnas. E admitia abster-me. Por não ter candidato…

E isto porque a Alegre não perdoarei o passado recente: a responsabilidade na queda dos dois melhores ministros – e estes sim, consequentemente empenhados da defesa do estado social -as chantagens sobre o governo do seu partido, a ingenuidade na defesa da união das esquerdas, como se fosse do vinagre que se faz o vinho e não o contrário.

Mas os últimos dias da campanha obrigam-me a rever as coisas. Não tanto por mérito de Alegre. Acontece que o manhoso é ainda pior, mais intelectualmente desonesto, que o que já tinha por adquirido. E, com enorme falta de tacto, permite-se mesmo declinar já o que será a sua futura postura presidencial: chefiar, de forma ostensiva, a oposição, a partir de Belém. De facto, o que tem dito do governo, as acusações feitas, boca escancarada, só permitem concluir que assim será.

Sentiu-se alcandorado a divindade com as velinhas com que se viu rodeado na contestação a lei que ele mesmo promulgou. E tomou-lhe o gosto.

Mas, porque manhoso é muito pior que gato assanhado, toca a votar. Contra o manhoso, votar, votar!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Estaríamos livres de Cavaco se...

... o rídiculo matasse.

A Primeira Dama, divulgou Cavaco de forma espontânea, tem uma reforma abaixo dos 800 €. Por isso vive por sua - dele, Cavaco - conta.
E isto depois de uma longa vida como professora... Tadinha!
E como assim? Qual o período de contribuições? A tempo inteiro? Sem licenças sem vencimento?
E agora: vamos esquecer as trapalhadas da SLN/BPN e da casa de férias, vertendo uma lágrima por causa de uma reforma que obriga a Primeira Dama a viver das sopas de Cavaco?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um manhoso

Promulga, mas recusa qualquer responsabilidade. Força alterações, gaba-se disso mas, perante as procissões de velas, admite que haja má-fé da aplicação da lei que fez alterar antes de a promulgar.

Fez da cooperação a bandeira, mas agora garante que será arma de arremesso, porque – claro - é o segundo e último mandato, altura de deixar estalar o verniz, de mostrar quem é.

Nunca ninguém lhe tapou a boca, mas acusa agora, bem fora do tempo, lavando as mãos de qualquer responsabilidade.

Colocado o empréstimo, insinua com a afirmação de que gostaria de saber quem o subscreveu, como se dinheiro limpo fosse exclusividade da SLN. E fica claro que não gostou do desfecho.

Pede aos outros ponderação, mas apregoa a probabilidade de uma grave crise política em breve, se é que não a deseja. E logo ele que se farta de prevenir que sabe bem o que diz e que é ouvido lá fora.

Manhoso: que tem manha; astuto; malicioso; esperto; ardiloso; ressabiado. Enfim, quase um elogio, sabendo-se de quem se trata.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Campanha negra é só quando dá jeito?



Lembram-se? Na altura, ai de quem dissesse que se tratava de campanha negra e quejandos. Valia tudo, mesmo em cima de nada, como se veio a demonstrar depois de exaustivas investigações policiais e judiciais.

Agora há pelo menos uma coisa clara: Cavaco foi accionista da SLN. Ponto. Alguém lhe comprou as acções com uma mais-valia dos diabos, em curto período de tempo. Ponto. Cavaco, até hoje, não disse como adquiriu tais acções – a SLN não era empresa cotada – nem quem as recomprou. E é isto que se lhe pede porque é candidato e, por isso, a questão tem importância política, sobretudo pelo que foi o desfecho do BPN detido pela SLN. E ainda porque Cavaco esteve calado quanto à anterior gestão da SLN/BPN, mas soube avaliar, apelidando-os de incompetentes, os gestores actuais do BPN.
Campanha negra? Fale, homem!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Crespo já mandou convites para o seu programa



Crespo quer ouvir as autoridades húngaras que, quando lhes é entregue a presidência da UE, legislam no sentido da aplicação de multas elevadas – até 750 mil euros – aos autores de notícias que não sejam “politicamente equilibradas”.

E ser ou não politicamente equilibrado dependerá do juízo de uma entidade reguladora cujos membros são todos nomeados pelo governo húngaro.

A lei aplica-se a televisões, jornais, rádios e até a blogues.

Consta que a Manuela Moura Guedes e a Felícia Cabrita já estão a caminho, estando garantidas reportagens a preceito na SIC e no Sol.

Saiam mais uns Magalhães para os médicos carenciados

Diz o homem do bastão medicinal que a prescrição médica electrónica é impraticável. Entre outras razões, porque há muitos clínicos que “nem computador têm”. E que no sector privado “há muitos consultórios sem computador”.

Eu passo a arredondar o valor das minhas compras no Continente a favor desta tão desfavorecida classe profissional.

Citações do Público de 03-01-2011.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Madeira : depois das enxurradas... fogo de artifício.

O fogo artifício na Madeira – melhor: no Funchal, que o resto é paisagem - custou uma pipa de massa. Parece que ouvi um milhão de euros. Diz-se que está no Guiness. O bacoco da zona, de lacinho, faz as habituais diatribes aos continentais e ao governo central.

A tal cheia já passou. E já foi paga, nomeadamente com os arredondamentos do custo das compras nos Continentes do Belmiro, entre outros.

Aguardemos agora a próxima enxurrada, para podermos ter o palhaço, laço descaído, a estender a mão.

Da minha parte, terá um manguito, já que não lhe chega lá um murro na tromba.

Boa sorte, Presidenta!

A política pode - deve - incluir emoções e lágrimas autênticas.