- Foi de dia ou de noite?
- Claramente de dia, fazia sol.
- Mas havia pelo menos uma nuvem, ou não?
- Espere aí, lembro-me que usava óculos de sol nesse encontro, mas se havia uma nuvem que fosse, sei lá.
- Recapitulemos: diz que fazia sol e não se lembra se havia, pelo menos, uma nuvem, é isso?
- Sim, confirmo. Havia sol mas não registei no meu diário a existência de qualquer nuvem.
- Mas então não entende ser necessário registar isso, para melhor nos garantir as exactas circunstâncias meteorológicas em que decorreu esse encontro?
- Não.
- Desculpe… mas muito me surpreende essa displicência em que ocupa funções da maior importância no País. Mas passemos a outra questão: afirmou que esse encontro durou cerca de 15 minutos…
- Sim, mais ou menos 15 minutos.
- Mas mais que 15 ou menos que 15?
- Cerca de 15 minutos.
- Está bem, já nos disse isso. Mas o que pergunto é se foram mais que 15 – 16 por exemplo – ou menos – 13, por exemplo.
- Não sei. Apenas posso garantir que se tratou de encontro breve, de cerca de 15 minutos.
- Mas o seu relógio tem um cronómetro, ou não?
- Deixe cá ver… Tem sim senhor.
- E se tem, não lhe ocorreu cronometrar exactamente a duração do encontro?
- Não… apenas costumo fazer isso nas minhas maratonas.
- Então lembra-se do cronómetro nas maratonas e não num encontro destes?
- Não.
- Como assim? Não se dá conta da gravidade da sua conduta?
- Na peida!
- O quê? Em qual peida?
- Na sua, obviamente.
- Sr Presidente : Estou satisfeito. O inquirido tem uma memória muito selectiva mas, no mais importante, foi ao encontro dos meus anseios.
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