sábado, 17 de dezembro de 2011

Um ídolo com pés de barro


Ainda na condição de iniciado ou juvenil, Figo admite, na entrevista dada hoje ao Público, ter dito a um dirigente da Federação que se não houver dinheiro, não há palhaço. Depois, até ao final da sua carreira desportiva, foi o que se viu, ao ponto de em Espanha, para os adeptos da Barcelona em que foi capitão, não ser mais que um pesetero, única motivação para a sua transferência para o rival Real Madrid.
Mas, afirma Figo, isto não era mais que o regular funcionamento dos mercados.
Por cá as coisas não lhe estarão a correr bem, e esta entrevista faz-me lembrar aquela ameaça “segurem-me se não mato-me”. E vai deixando umas achegas, a primeira das quais é um ataque a Sócrates, a par da queixa de não ser reconhecido o estatuto de utilidade pública à sua Fundação que, frisa, não se destina a lavar dinheiro.
A quem interesse: Figo não tem partido e tem uma péssima opinião dos políticos, e não apenas dos portugueses.
Uma ameaça teremos que levar muito a sério: Figo vai vender todas (?) as suas empresas em Portugal. E isto vai obrigar Gaspar a rever em baixa os indicadores do quadro macroeconómico do OE de 2012.
Mas tudo bem. Vai Figo, pois se o retrato já não era favorável, agora ficou uma desgraça, coisa que bem se dispensa nos tempos de hoje.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Lendo Tony Judt


“A seriedade moral na vida pública é como a pornografia, difícil de descrever mas imediatamente identificável quando a vemos. Descreve uma coerência de intenção e ação, uma ética de responsabilidade política. Toda a política é a arte do possível. Mas também a arte tem a sua ética. Se os políticos fossem pintores, tendo FDR [Franklin Delano Roosevelt] como Ticiano e Churchil como Rubens, então Atlee [Clement Atlee] seria o Vermeer da profissão: preciso, contido – e durante muito tempo subvalorizado. Bill Cliton poderia aspirar à dimensão de Salvador Dali (e julgar-se elogiado pela comparação), Tony Blair à posição – e cupidez – de Damien Hirst.”

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eden - Park - Mindelo - Daniel Blaufuks


Estava na cidade do Mindelo quando o documentário de Daniel Blaufuks, sobre o cinema Eden – Park, foi ali apresentado.
E, certamente, era este o aspecto do cinema na década de 40 inícios da 50 do século passado quando o cinema era uma paixão de muitos na ilha de S Vicente. Porque, para sair da ilha dois caminhos estavam disponíveis, como se diz no documentário: um, o mar, o outro, o cinema.
E havia mesmo produção local de filmes, mesmo que houvesse apenas um cavalo para um fita sobre cowboys e índios, obrigando a que o mesmo cavalo fosse pintado de preto, numas cenas, e de branco, noutras. E o mesmo personagem podia ser morto mais que uma vez, bastando que se aproveitasse a mudança da posição da câmara para se passar por detrás dela e surgir de novo para levar segundo ou terceiro… tiro oriundo de uma pistola que, também ela, rodava de mão em mão.
A paixão pelo cinema era tal que se punha luto pela morte de um actor preferido e eram mesmo apresentadas condolências por parte de outros amigos cinéfilos ao assim enlutado.
Na altura Mindelo tinha um outro cinema. Hoje, nenhum. E isso é que faz pena. O Eden – Park, ali na Praça Nova, lá vai resistindo, mas está agora muito mal tratado, em ruínas.
E recordei o documentário que é uma ternura a partir da Pública de 11 de Dezembro, onde Daniel Blaufuks responde ao habitual inquérito de MEC, Mexia e Diogo Quintela.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lisbon & Estoril Film Festival


Uma chuva de estrelas num diversificado leque de acontecimentos. Em dez locais, 2 no Estoril, 8 em Lisboa.
Antestreias, exibições em competição, com júris de luxo.
Mas, como antes, não se tratará apenas de cinema que terá, desta vez, a concorrência da literatura, artes plásticas e música.
E isto apenas para prestar tributo a um grande senhor, que tais coisas nos permite. A Paulo Branco, na sua qualidade de exibidor, já devíamos salas libertas de pipocas e coca-cola. Mas não fomos capazes de evitar, por falta de comparência nossa, o seu abandono das salas do Saldanha Residence.
Como produtor, muito lhe devem realizadores portugueses e estrangeiros.
E, agora, temos este alargamento do anterior Estoril Film Festival. Com a expectativa de 30 mil espectadores, mais 10 mil que no anterior festival.
E eu aqui ainda coxo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Em Florença, na Galeria dos Ofícios, Galileu sorriu


Verdade, embora não se fosse a tempo de captar tão significativo momento. Especula-se agora sobre os motivos do sorriso. Um sorriso misericordioso, diz-se.
Eu tenho uma versão: Galileu, com a ameaça da fogueira da Santa Inquisição, renegou as suas convicções, perante “um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo”, segundo Gedeão.
E agora sorriu, quando ouviu um ex-professor de finanças públicas, postura hirta, ali bem perto de si, confessar, pela primeira vez, o que era pressuposto saber há muito, e sabia, claro. Mas havia que primeiramente queimar alguém, pela omissão, pelo silêncio. Cobardemente.
Um arriscou a fogueira, outro ateou o fogo, procurando não sair chamuscado. Debalde!

sábado, 17 de setembro de 2011

Não foi fácil chegar aqui...


... depois de se ter estado com um pé do lado de lá. Mas seria de todo impossível sem a competência e dedicação de diversas equipas do HSM – médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar – que me acompanharam e trataram como se fosse o único doente presente.

Mas o ânimo para aguentar e prosseguir, quando a força era pouca e a incerteza ainda bastante, veio sobretudo dos meus irmãos, cunhados, sobrinhos e tios, a par dos amigos de sempre e de colegas.

Graças a todos nunca me senti só e fui sempre encorajado a vir experimentar a luz que já tinha esquecido, os odores e sabores há muito perdidos.
Obrigado a todos por esta dívida de gratidão que jamais conseguirei pagar.

A ti, Mana Velha, uma especial referência. Pelos diversos postais que recebi no HSM, alguns acompanhados por desenhos teus e que aqui reproduzo.
Odivelas, onde tenho tratamento de rei por parte da M João, do Jorge, da Bia e do Ricardo.

sábado, 9 de julho de 2011

Um Senhor de Fontainhas - Ilha de Santo Antão


Assim estava e assim eu quis fotografar Teófilo Delgado, um Senhor das Fontainhas, 80 anos de idade.
Conhecedor de todos aqueles pormenores da História de Portugal que se aprendiam no seu tempo e também no meu, no ensino primário. Identificando quem andou por cá antes do primeiro rei, dos que a este se sucederam e seus cognomes. Dos episódios mais marcantes: a traição a Viriato, as tricas de Afonso Henriques com a sua mãe, a batalha de Ourique e o tal sinal divino aparecido nos céus, segundo se contava, as razões da perda da independência, a traição de Miguel de Vasconcelos. Pegando na narrativa, como dizia, aí iam os reis todos e seus cognomes, dinastia a dinastia. E chamou-me a atenção por estar a meter na primeira um rei que é da segunda.
Uma memória prodigiosa que lhe permite citar, com então se aprendia, as preposições simples naquela lengalenga a, ante, após, até, com… etc.
E houvesse tempo para mais…
E reforma, Sr Teófilo? Não precisa, vive bem assim, sem recorrer aos filhos. Assim quer dizer com a ajuda de uma pequena mercearia a cargo da esposa e onde pouco se vende num local daqueles.
Seis filhos: um juiz, outro a doutorar-se em matemáticas em Aveiro, um economista… apenas o mais novo ficou por ali…
Continue assim, amigo Teófilo, pois gostaria de voltar com mais tempo.

Cabo Verde - Ilha de Santo Antão - Fontainhas



Um monumento em sucalcos que ilustram as conquista do homem a uma natureza muitas vezes madrasta. E digno de ser classificado como Património da Humanidade.

Cabo Verde - A propósito de cabras

Na caminhada para Fontainhas. Cabra abandonada não tem dono? Pois experimentem.

Cabo Verde - De Ponta de Sol a Fontainhas

Uma caminhada que vale pelo espectáculo da paisagem, mesmo se agreste aqui ou ali. Ao fundo, Ponta do Sol - Ilha de Santo Antão.

Miragem

Cabo Verde - Ilha do Sal - Julho 2011

Fenómeno possível em dias ensolarados e em áreas desérticas, mas também noutros locais e circunstâncias.
E fenómeno real, embora... miragem. E irónico também pois, neste local, bem falta faria a água que se ali no mesmo plano das árvores. Mas que não está lá.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tadinha da Moody´s

São tantos os ex-amigos a baterem na menina que decidi levá-la ao cinema. Depois do cinema se verá que mais fazer para a animar.
Era tão boa pequena há tão pouco tempo que custa a acreditar no que lhe estão a fazer.
Anda daí, Moody´szinha. Vamos ao nimas. Não ligues ao Guerreiro, ao Camilo, ao Marcelo, ao Cavaco, ao Gomes Fininho da SIC, ao Coelho e outros que tais. E menos ainda ao Jardim.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

De acompanhantes de luxo a meras… meretrizes



As agências de rating sempre foram umas meretrizes. Desculpem: umas putas.
Mas há quem, em tempos recentes, as tivesse por acompanhantes de luxo. Por isso:
  •        O PR pedia para não que não se diabolizassem os mercados e as suas agências, porque isso era feio;
  •        O agora secretário Moedas garantia uma subida do rating se fosse um governo social-democrata a aplicar o acordo com a troika;
  •        Por seu lado, PPC garantia que se tal acordo fosse aplicado pelo PS rapidamente chegaríamos à situação da Grécia…
Mas, repito, as agências são mesmo umas meretrizes. E agora o PR exalta-se e clama por intervenção europeia; PPC queixa-se de um murro no estômago, ele que deu um com o chumbo do PEC IV; Gomes Fininho, da SIC, enquadra isto na guerra entre o dólar e o euro e também numa estratégia que leve a que as próximas privatizações se façam ao desbarato; o presidente da CIP pergunta o que é que as agências querem mais; Duque sugere que não se ligue ao assunto; os banqueiros estão enfurecidos…
Concluindo: uma meretriz pode passar por acompanhante de luxo, sobretudo diante de quem pense que estamos a falar de coisas diferentes.
Mas a acompanhante de luxo de outrora é a meretriz de agora. Nem mais.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O bronco Silva…


Depois de exaltadas catilinárias contra a decisão da Moody’s – e as agências de rating em geral -, este Silva acaba por justificar, no frente a frente do Crespo, o corte do rating da dívida portuguesa. Para ele, a Moody’s teve em atenção a execução orçamental, o aumento da dívida. Isto é: a Moody´s, para ele, tem razão.
Sendo assim, por que raio se exalta tanto?
Já agora: quando é que afastam este bronco de filmes sérios e dramáticos? Espera-se pela independência da Madeira, que o ministro Álvaro tão bem justifica, para o recambiar para o Chão da Lagoa?

Chulos, agências de rating e os amigos destas…



São umas meretrizes as agências de rating. Reparem que não escrevo putas, porque isso seria ofensivo, e meretriz tem mesmo raiz no latim de Cícero: meretrice. Coisa fina, pois então.
Mas, embora finas, ainda não têm estatuto que lhe permita um trabalho independente, com ou sem recibo verde, pelo que preferem o trabalho precário, através do encosto na chulice: os tais mercados, os fundos de investimento, a banca, o sistema financeiro em geral, o que de mais asqueroso existe no que se insiste ser a mais antiga profissão do mundo, estando por saber quem primeiro apareceu: se o chulo, se a puta. Desculpem: a meretriz.
Nas suas análises para a chulice as meretrizes informam sobre o desempenho dos seus clientes: as negas (default), a ejaculação precoce (risco de bancarrota), o nível de rigidez do membro (robustez das medidas em curso), a irregularidade da erecção (solidez do apoio político aos programas), a resposta à estimulação erótica (impacto das medidas), marca dos preservativos (risco de derrapagem) …
Por equívoco, nos relatórios das meretrizes não pode ser usado o termo teso, não se fosse confundir a falta de massa com qualquer notação AAA+. Para isso já basta a barraca com o Lheman Brothers.
Mas as meretrizes não dispensam os amigos que são verdadeiras antenas de informação sobre os clientes a classificar: duques, medinas, camilos, guerreiros, cavacos, leites, cantigas, marcelos e tantos mais. Mesmo que opinem apenas de acordo com as suas preferências ideológicas e partidárias. E há que dizer que as putas – sabem que quero dizer as meretrizes – até são mais objectivas, porque os interesses dos chulos não variam de acordo com as circunstâncias. Chular sempre foi isso mesmo: chular. Até ao tutano.
Uma coisa diverte as meretrizes – ou as putas? : a indignação dos seus amigos quando os seus relatórios ou notações passam a ser inconvenientes, em determinado contexto. Idiotas inúteis, admitem, tais amigos, que têm mais poder que os chulos ou mesmo que as meretrizes (ou serão mesmo putas?).
E assim se explicam coisas muitos simples aos pequeninos. Porque este jogo de putas e chulos não é para todos. E é mesmo negócio muito perigoso, cobiçado por máfias e outras seitas.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Burrice


“(…) Estas experiências terão-lhe permitido adquirir um profundo conhecimento da economia portuguesa, da economia europeia, bem como das instituições europeias com as quais vai ter agora que lidar numa outra posição. (…)”
João Loureiro, Professor da Faculdade de Economia do Porto, em comentário no Público de 18-06-2011

Caldas 1 - São Caetano 0


Para alguns há que repetir. Nobre tinha como vocação, segundo declarações muito claras, utilizar o púlpito da AR, enquanto presidente, para desenvolver não sei que projecto, como se tal lhe pudesse ser consentido. Depois disto e de antes ter afirmado que não seria deputado, caso não fosse eleito presidente da AR, PPC manteve-o como candidato ao posto, provocando toda a gente.
Claro que Nobre já era indigesto antes disso, quando fez uma campanha como candidato a PR contra a classe política, os políticos, porque o que era bonito era lutar por aquilo que designava como cidadania, seja isso o que for. Mas o meio milhão de votos cativou PPC, por mero oportunismo eleitoral.
E seguiu-se para bingo.
Uma votação e nada. Uma segunda votação e pior ainda. Nobre nem sequer fez o pleno dos votos do PSD.
Se Nobre fosse eleito, PPC teria uma vitória estrondosa e, particularmente, perante o manhoso político do Caldas. Só que não foi assim. E, no meio disto, PPC permitiu o achincalhamento do seu candidato e este não foi capaz de ler os sinais ou, se leu, não foi capaz da nobreza de se retirar, poupando PPC a uma derrota em toda a linha.
Face ao desastre, vem o Relvas apontar baterias aos partidos da oposição, quando os votos da coligação PSD/PP eram mais que suficientes para impor a aberração de um presidente da AR com o perfil como o de Nobre. E parece que ninguém lhe terá dito que colegas da sua bancada não votaram favoravelmente.
Crespo, por sua vez, ainda não entendeu que isso de eleições é assim mesmo: quem tem um voto utiliza-o como melhor entende sem que tenha que seguir a sua opinião, ou atender aos seus anseios.
E agora teremos um São Caetano despojado da auréola por manifesta incapacidade para milagrar e, no Caldas, um Zé Povinho sobre um pedestal legendado com o “ora toma!”.
E, para já, Caldas 1 – São Caetano 0, com a procissão no adro.
PS. Nobre, face aos resultados, declarou ficar como deputado enquanto se sentisse útil. Quem lhe suceda na lista que se vá preparando.

Já o bisavô era do Chelsea, carago!


"Que foi, pá? Já o meu bisavô era do Chelsea desde pequenino..."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Me bateram a cláusula, Nandinha!


Nandinha
Me bateram a cláusula de 15 milhões do André Villas Boas mas você vai continuar a bater-me coisas boas e gostosas, né, Nandinha?

sábado, 18 de junho de 2011

Dar-se ao respeito não se decreta


Consta por aí que são muitos os sinais de satisfação por parte dos professores pela escolha de Nuno Crato para ministro. Porque isso significa que os professores recuperarão a autoridade que perderam.
Pois, por mim, quem não se dê ao respeito apenas exercerá a autoridade com a ajuda do cacete. E dar-se ao respeito não se atinge por decreto.

"Da ambiguidade às linhas vermelhas"

  (...) “A palavra de ordem “democracia real, já!” contém uma perigosa ambiguidade. Implica uma crítica dos sistemas políticos que deixaram de funcionar eficazmente e reflecte um problema de representação política, sobretudo na Europa do Sul. Mas o carácter vago da reivindicação não aponta nenhuma reforma precisa. Limita-se a adjectivar – uma vez mais de forma ambígua – o termo democracia. Designa a vontade de participação dos cidadãos, um factor de renovação do sistema político ou uma utopia anarquista? As reportagens sobre os “acampados” indiciam mais uma praça em catarse de frustrações do que um fórum de debate político.













Por uma curiosa ironia da história, os movimentos “indignados” inspiram-se nos jovens árabes de Tunes ou da Praça Tahrir. Mas como ironizou Felipe González, os jovens árabes querem votar como nós e nós proclamamos a inutilidade de votar. (…)
É quase automático o deslize para um populismo à moda de Ross Perot, quando sonhou substituir o pesado (e dispendioso) processo de decisão do Congresso pela deliberação instantânea dos cidadãos. Os “indignados” são um sintoma, não dão uma resposta.”
Jorge Almeida Fernandes, Público, 16-06-2011

Leituras em dia - " O Comboio da Noite" - Martin Amis


“O suicídio é o comboio da noite, a correr para as trevas. Não se chega lá depressa e não se chega por meios naturais. Tira-se bilhete e sobe-se a bordo. O bilhete custa o que se tem. Mas é só de ida. Este comboio leva para a noite e deixa-nos lá ficar. É o comboio da noite.”

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O novo governo

Conhecidos os nomes... houve negas, se houve.

Nobre bronca...


O PS terá dado indicações para que não se vote em Nobre como presidente da AR. E isto não parece agradar a muita gente. Porque, como afirmava a boca bico de pato da SIC-N, Nobre tem um percurso de vida inquestionável, como homem de grandes causas humanitárias, como se isso pudesse ter feito de Madre Teresa de Calcutá uma excelente presidente da nossa ou de outra AR.
Do lado do PS, igualmente se ouvem declarações invocando uma tradição parlamentar que tem permitido que se eleja o candidato do partido mais votado. Só que há aqui uma diferença: a tal tradição parlamentar é geradora de consensos no parlamento e, pela primeira vez, um partido ousou apresentar, à margem de qualquer consenso, um candidato a presidente da AR que, naturalmente, não se elege com o voto nas listas de deputados apresentados a escrutínio nas legislativas.
Mas, mais curioso, é que se pretenda que o PS siga a tradição parlamentar quando o partido da coligação não quer assumir qualquer compromisso na matéria, reservando-a para os seus parlamentares.
E não seria mais curial que o PP dissesse claramente estar com Nobre nesta odisseia?
É evidente que Nobre está muito longe de ter o perfil adequado para ser o presidente da AR. E disso Nobre só tem a culpa de não o entender, por imodéstia, face ao inchaço que lhe provocou o resultado das presidenciais.
Mas todos sabemos quem é o grande culpado que, no fundo, se limitou em ver em Nobre meio milhão de votos daqueles que por Nobre foram traídos. Votos usados como trampolim de uma ambição pessoal desmedida.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

2001 - Belmiro diz que Catroga é mentiroso, oportunista, que não regula bem...

 

Belmiro de Azevedo acusou, esta quinta-feira, o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, de ter mentido em tribunal, ao ter negado a existência de um «núcleo duro» aquando da privatização do BPA.
A polémica em torno da privatização do Banco Português do Atlântico (BPA) continua.
Ontem, o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, esteve em tribunal, onde negou a existência de um núcleo duro, bem como quaisquer compromissos de preferência com o suposto núcleo duro, para a 4ª fase de privatização do BPA.
O ex-ministro das Finanças revelou ainda que Belmiro de Azevedo o ameaçou, depois de o ter informado da decisão de vender ao BCP a particpação do Estado no BPA.
Esta manhã, em declarações à TSF, Belmiro de Azevedo recusou todas as acusações e, em termos duros, disse que há provas que lhe dão razão. «Está tudo escrito. Sempre houve um núcleo e ele (Eduardo Catogra) apareceu na altura própria. O doutor Catroga não deve estar a regular muito bem», afirmou o patrão da Sonae.
Belmiro de Azevedo mostrou-se disponível para ir a Tribunal, caso seja acariado por Eduardo Catroga porque, diz Belmiro de Azevedo, o ex-ministro das Finanças «só disse mentiras».
Questinado pelos jornalistas do porquê desse comportamento, o empresário respondeu que cabia aos jornalistas fazer «um bocadinho de investigação, saber qual foi a carreira política e profissional do dr. Catroga e depois talvez encontrem algumas pistas para saber este tipo de comportamento, que é um oportunista».
Fonte: TSF

Um ressabiado e um Senhor, na RTP-N

Primeiro o ressabiado, que ontem esteve na RTP-N e que nunca digeriu o chumbo à OPA sobre a PT com que queria fazer dinheiro fácil, a crédito. A partir daí, foi o que se viu através de uma escória alojada no seu pasquim, particularmente no consulado de Fernandes e que só caiu quando lhe correu mal o caso das escutas em Belém. Escutas que, recorde-se, levaram o actual PR à intervenção mais bacoca, entre dois toques do hino nacional.
O ressabiado tem boas razões para estar feliz. Foi opado, teria agora que vingar-se com o resultado de umas eleições em que se limitou a uma arruada. Porque ser figurante é o que melhor lhe assenta.
Como é seu costume, recorreu aos argumentos mais canalhas, como aquele de que considerar Sócrates o chefe dos seus empregados, os seus ministros, empregados a toque de caixa do patrão. Belmiro, quanto a empregados a toque de caixa, bem poderia ver o que se passa, à vista de todos, nas suas mercearias do Continente. Para depois nos poder explicar se ali ninguém manda, se os caixas miseravelmente pagos estão ao nível dos chefes e do seu patrão-mor.
O ressabiado é, além disso, um desmemoriado, pois já não retém a imagem das implosões das torres de Tróia, ao lado do seu convidado sobre o qual tanto ódio destila agora.
O ressabiado espera ainda que se esqueça como começou o seu império, como foi levado ao colo após o 25 de Abril, com a “oferta” de um banco que exigiu e que vendeu para embolsar uns cobres. Na altura entrou em conflito com o então ministro Catroga, a quem acusou de mentiroso.
Belmiro é isto e menos ainda. Para o contrariar, teria que apresentar atestado de bom comportamento passado pela família de Pinto de Magalhães, apesar do acordo a que com ela chegou. Porque convém não esquecer como começou a fortuna de um dos homens há muito listado pela Forbes como um dos mais ricos do mundo.
O ressabiado merceeiro esquece ainda que PM é quem o povo escolhe em eleições livres, numa democracia que nada lhe deve.


O Senhor que hoje esteve na RTP-N é Henrique Granadeiro. Que opou Belmiro, na postura, no estilo, na classe de quem gere, com gerais encómios, um grupo empresarial de sucesso. E onde ninguém gostaria de ver Belmiro e a sua tropa de ocupação.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Quem vai colar os cacos, pergunta ela?


Acabada a longa campanha a fustigar Sócrates, a comentadora que, se assina como jornalista, remata com as suas impressões sobre o desfecho eleitoral na edição do Público de ontem. E afinal o mau já não era apenas Sócrates, mas toda a direcção do PS.
Assim, como se alguém aguardasse pelos seus palpites no Largo do Rato, ei-la a privilegiar, para a sucessão de Sócrates, quem foi seu crítico: Ana Benavente, Ana Gomes, João Cravinho, Medeiros Ferreira e Carrilho. Como quem diz: quem quer a pole position deve criticar o suficiente e ser ouvido por uma comentadora – jornalista.
A senhora esquece dois pormenores, pelo menos: ser solidário é uma virtude e não um defeito e, depois, na matéria não se trata de cinema, de teatro, ou de literatura, onde podem fazer falta críticos… de qualidade.
A irmos pelo que sugere, do modo que fundamenta, a São José Almeida só faltaria preencher a ficha para ser, com todo o mérito, a próxima secretária geral do PS. Para azar de milhões.

PS. A vida custa a todos e Belmiro está atento e vigilante. Quem no Público ousaria contrariá-lo sobre a posição tomada em entrevista à RTP-N quanto a Sócrates?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um galheteiro numa feijoada…

Sá Carneiro tinha um sonho quando o Diário, jornal do PCP, o elegia como outros, bem mais tarde, elegeram Sócrates para bombo de festa. Aquele sonho está realizado: um PR de direita, uma maioria de direita. E, pasme-se, com decisivo contributo do PCP, responsável pela queda de um governo do PS.

Agora temos uma inutilidade parlamentar e um partido que vive muito da religiosidade dos seus membros, a razão largada no lixo porque não miscível com a profunda crença numa utopia que poucos, muito poucos, ainda têm como o sal da terra.

No altar destes crentes permanece um galheteiro: Jerónimo ao centro, o vinagre verde de Heloísa de um lado, o azeite do Corregedor, para as lamparinas, do outro. Com a importância de um galheteiro numa feijoada à transmontana.

Pela frente, terão um programa de privatizações nas mãos da direita e que lhe reduzirão o espaço de manobra, sob a forma de greves, por muito que esbracejem num parlamento onde agora já nem para as coligações negativas são precisos.

E bem pode Jerónimo manter o slogan “Por uma política patriótica de esquerda” que com ele não conseguirá mais que os habituais sorrisos de compaixão.

A inutilidade política dos idiotas úteis



Cavalgaram a onda do descontentamento que alimentaram. Incharam com o êxito que não imaginaram fosse balofo e admitiram que, a partir daí, seria sempre a crescer.

Agora a história registará dois factos: a ajuda dada à direita dos malquistos Belmiro, Amorins, Espíritos Santos para a queda de um governo de esquerda e a sua transformação numa inutilidade parlamentar, impossíveis que são agora os cenários de coligações negativas e da chantagem política.

A história já registava um caso em tudo semelhante, o do PRD, também neste caso um grupo dissonante de aprendizes de feiticeiros. E regista agora que há quem nada aprenda com ela.

Felizmente que Louçã confessa que se aprende mais com as derrotas que com as vitórias. Votos então para que chegue a sábio, rapidamente.

sábado, 4 de junho de 2011

DN e JN - Jornais ditos de referência na campanha

Um escândalo, meus senhores, a Controlinveste ficar-se pelo cabo que nunca mais chega a sargento. Quando anda por aí uma licença novinha em folha – a TDT - e um canal a privatizar.

E se o moço sobe a uma cerejeira, que lhe poderá custar subir a uma oliveira? Vamos lá, que os outdoors saíram bem na capa dos jornais do grupo.

A vida custa a todos.


O pregador dos domingos na campanha

Já mergulhou no Tejo, já fez Cristo descer à terra, chutando para canto uma promessa feita. Despacha livros a torto e a direito, matéria que também ocupa o seu novo e antigo patrão na TVI.

Está na hora. Já está em Belém como conselheiro, há que promovê-lo a aconselhado. Para isso, nada como comparecer nos locais certos, a gosto ou a contragosto.

A vida custa a todos.

Expresso - Um semanário dito de referência na campanha


Apesar do fiasco editorial e comercial do seu concorrente das sextas, o Expresso vem-se medindo com o pasquim do pequeno arquitecto, parecendo ajustar contas antigas. Mas o que mais irrita Balsemão é que o Estado mantenha canais públicos de televisão e que, sobretudo a RTP1 se bata de igual com a sua SIC.

O moço promete privatizar o que é público e, no caso que interessa, a RTP. Balsemão não poderia ficar indiferente, pelo que disponibilizou outdoors no Expresso, comentadores a preceito na SIC e SIC-N e uma bateria de programas informativos sem direito a contraditório. E ai de quem se não aguente, que estão em curso rescisões contratuais que irão a bem ou a mal, segundo o Sindicato dos Jornalistas.

A vida custa a todos.


Público - Um diário dito de referência na campanha


Suspenso há muito o Livro de Estilo – o chumbo da OPA sobre a PT teria que ter consequências – Sócrates passa a ser tema permanente de um jornal que já foi de referência. No entanto, correndo mal o caso das escutas a Belém, o patrão teve que disfarçar, afastando Fernandes, mas na condição de manter o seu fantasma. E os habituais ódios de estimação. Até um cientista – Carlos Fiolhais – percebeu que a política trauliteira é que rendia. E o Malheiros jornalista passou a comentador, passando a usar o termo escarro, não fosse ficar atrás dos pentelhos de Catroga.

O moço de Massamá tinha decidido poupar nos outdoors, mas Belmiro foi magnânimo. E as capas de um jornal valem bem mais. E, para que constasse e não fosse esquecido, entrou mesmo numa arruada.

A vida custa a todos.



Um Louçã fraternal, finalmente



Foi comovedor o apelo fraternal – foi assim que o designou - que Louçã lançou aos que designou por descontentes do PS, dando como definitiva a fuga de tantos eleitores do BE para o PS e mesmo para o PSD.

Os foragidos não preocupam Louçã; a estes nem um apelo, nem um pedido de desculpas pela moção de censura, pelo chumbo do PEC IV, pela permanente postura de quem não se quer comprometer ou responsabilizar seja pelo que for.

Depois sugere que as coisas lhe poderiam ter corrido melhor se os outros não se ficassem pela discussão de meras minudências. Como se ele, Louçã, tivesse tido a coragem de fazer discutir um programa cuja originalidade está na nacionalização, por exemplo, do sector financeiro.

O mesmo de sempre. Com as sondagens favoráveis à direita, a Louça apenas ocorre terminar a campanha a acusar o PS e Sócrates. A direita pode avançar, que Louçã garante aplanar o seu caminho. Como sempre foi apanágio de um esquerdalho.

As ousadias do fininho da SIC-N



Tudo faz para ser original, colando-se ao seu guru Medina Carreira. Que também afirmava que o poder eleitoral do governo em funções assentava no facto de muita gente, muitos eleitores, dependerem desse mesmo governo. E Medina chegava mesmo a incluir nesse universo os pensionistas, como se o recebimento de uma pensão não fosse um direito financiado pelos próprios e empresas para quem trabalharam enquanto activos.

Por isso, este original fininho voltou ao mesmo argumento, numa tentativa espúria para explicar as intenções de voto no PS segundo as sondagens. Para ele, se não fossem os dependentes, nomeadamente os funcionários públicos, o PS não poderia aguentar tanto nas sondagens.

Ora a fininhos como este convém recordar:

- que o voto é secreto e o povo mantém-se, isto é, é o mesmo que já deu maiorias ao PS e agora, segundo as sondagens, privilegia o PSD;

- que os pensionistas e funcionários públicos são, de certeza, mais independentes que aqueles que trabalham para um patrão que tomou partido claro pelo PSD e que, neste momento, se defrontam com a imposição de rescisões contratuais e a ameaça de que ou vão a bem ou a mal, neste caso nos termos das alterações sugeridas para a futura revisão da legislação laboral.

Que o fininho se tente safar em tal contexto, percebe-se. Mas já é descarada ousadia que ponha em causa a inteligência de quem o ouve, não sei se como jornalista ou se como comentador.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O medicamento 606


Paul Ehrlich

Antes da descoberta da penicilina, Paul Ehrlich foi sintetizando centenas de compostos orgânicos do arsénico. E testando. Até ao 605 composto, os resultados eram promissores, mas os ratos morriam. Até que, com o 606º composto, a arsfenamina, se fez luz. Era possível curar a sífilis através do medicamento 606, comercializado com o nome de Salvarsan.

A descoberta, fruto da sua enorme persistência, valeu a Ehrlich o prémio Nobel da Medicina de 1908.

Ora, quantas broncas serão necessárias ao moço de Massamá para que se possa dizer “olha, desta vez, acertou”?

Sim, mas...

... já me tinha esquecido. Vou pedir ao Zeca Mendonça para controlar o acesso dos jornalistas, com faz com o Nobre, com eficácia. Ainda pensei ir até ao Brasil, como o Catroga, mas, depois de afirmar ser o mais africano dos africanos, isso ficar-me-ia mal.

Por onde anda o detective Jaime Ramos?



A pretensa denúncia, como se de um escândalo se tratasse, do concurso lançado pela Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, feita em plena campanha, ficará na história do ridículo em Portugal. E atesta novamente a impreparação de um candidato a PM, a facilidade com que escorrega numa qualquer casca de banana, assim como a ausência, à sua volta, de quem o segure para não cair. Pelo menos sem grande estrondo, como foi o caso.

PPC leu os objectivos do concurso e, puxando pelos aplausos finais, repetiu-os, ridicularizou-os, sem deles nada perceber. Frisou e repetiu o valor - um milhão e duzentos mil euros -,insinuando a possibilidade de tal poder favorecer um escritório de advogados.

Entre os ouvintes, o inenarrável Francisco José Viegas ria, gozando antecipadamente o final. E, de tão contente, esqueceu-se de colocar no encalço da bronca o seu detective Jaime Ramos, sinal de que ficcionar é bem mais fácil do que atacar a realidade.

E a realidade é esta: desde 1993 que tal concurso se faz. Para tratamento, em 2011, entre outras coisas, de cerca de 50 mil contra-ordenações por mês. Que ocuparão cerca de 60 juristas durante o ano.

Pretendendo fazer graça, PPC perguntava de que serviço se tratava e se era tão importante que não se pudesse prescindir dele. E perguntava ainda quem teria sido o feliz contemplado.

Pois agora já sabe duas coisas: a que se destina o concurso, concurso que foi ganho pela Universidade Católica.

E uma sugestão lhe deixo aqui: que peça ao Viegas para tirar o Jaime Ramos dos seus livros e lhe dê corpo e alma capazes de lhe evitarem cenas tão tristes como esta. Doutro modo, para que chamou Viegas para cabeça de lista e redactor do seu programa para a cultura? Ou Jaime Ramos não foi incluído no convite?

Ver aqui o triste espectáculo do candidato a PM: