Estava na cidade do Mindelo quando o documentário de Daniel Blaufuks, sobre o cinema Eden – Park, foi ali apresentado.
E, certamente, era este o aspecto do cinema na década de 40 inícios da 50 do século passado quando o cinema era uma paixão de muitos na ilha de S Vicente. Porque, para sair da ilha dois caminhos estavam disponíveis, como se diz no documentário: um, o mar, o outro, o cinema.
E havia mesmo produção local de filmes, mesmo que houvesse apenas um cavalo para um fita sobre cowboys e índios, obrigando a que o mesmo cavalo fosse pintado de preto, numas cenas, e de branco, noutras. E o mesmo personagem podia ser morto mais que uma vez, bastando que se aproveitasse a mudança da posição da câmara para se passar por detrás dela e surgir de novo para levar segundo ou terceiro… tiro oriundo de uma pistola que, também ela, rodava de mão em mão.
A paixão pelo cinema era tal que se punha luto pela morte de um actor preferido e eram mesmo apresentadas condolências por parte de outros amigos cinéfilos ao assim enlutado.
Na altura Mindelo tinha um outro cinema. Hoje, nenhum. E isso é que faz pena. O Eden – Park, ali na Praça Nova, lá vai resistindo, mas está agora muito mal tratado, em ruínas.
E recordei o documentário que é uma ternura a partir da Pública de 11 de Dezembro, onde Daniel Blaufuks responde ao habitual inquérito de MEC, Mexia e Diogo Quintela.
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