(…)
“Apesar dos
sinais evidentes da degradação da situação económica e social, a Troika e o
governo, com o apoio do presidente da República, não hesitam em prosseguir a
via estabelecida no Memorando de Entendimento. Não é por simples teimosia ou
negação da realidade que isto sucede. Na verdade, embora hesitem em admiti-lo, na
perspetiva do governo e da Troika a estratégia em curso está a ser bem-sucedida
no que é fundamental, ou seja: produzir alterações profundas, em muitos casos
dificilmente reversíveis, no funcionamento da sociedade, da economia e do
Estado. Privatizações, desregulamentação do mercado de trabalho, redução da
fiscalidade sobre as empresas, degradação dos serviços coletivos, erosão do
sistema público de pensões – estes são ingredientes de um programa de
governação que não foi sufragado pelo povo português nas urnas. Para aqueles
que defendem uma economia e uma sociedade inteiramente entregues às lógicas do
mercado, a profunda crise em que Portugal e outros países europeus se encontram
constitui uma oportunidade histórica para impor a agenda política que sempre
defenderam – e que dificilmente conseguiriam fazer passar em condições normais
de funcionamento das democracias.” (…)
E isto, nas
páginas 12 e 13, basta para prosseguir animadamente a leitura de um livro que
tem um índice cativante, um formato que cabe no bolso, bom grafismo e cuja
leitura vai convidar a sublinhados e notas nas margens. E, claro, escrito por
gente que sabe da matéria que está na ordem do dia e respeita à vida de todos.
Comecei
agora, mas já deu para me convencer do que digo.
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