domingo, 1 de setembro de 2013

Poemas de sempre - Wislawa Zsymborska

Wislawa Szymborska - Nobel da Literatura em 1996

CONTRIBUTO PARA AS ESTATÍSTICAS
Wislawa Szymborska

Em cem pessoas,

sabedoras de tudo melhor-
cinquenta e duas;

inseguras a cada passo-
quase todo o resto;

prontas para ajudar,
desde que não demore muito-
quarenta e nove;

sempre boas,
porque não conseguem de outra forma-
quatro, talvez cinco;

dispostas a admirar sem inveja-
dezoito;

constantemente receosas
de algo ou alguém-
setenta e sete;

aptas para a felicidade-
vinte e tal, quando muito;

individualmente inofensivas,
em grupo ameaçadoras-
mais da metade, com certeza;

cruéis,
por força das circunstâncias-
é melhor nem sabê-lo,
nem aproximadamente;

com trancas na porta depois da casa roubada;
quase tantas como
aquelas que têm, antes da casa roubada;

não levando nada da vida a não ser coisas-
quarenta,
embora preferisse estar enganada;

agachadas, doloridas
e sem lanterna no escuro-
oitenta e três,
mais tarde ou mais cedo;

dignas de compaixão-
noventa e nove;

mortais-
cem em cem.
Número, até agora, não sujeito a alterações.

Tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves
 
Do livro "Instante", uma das pérolas encontradas nos stands da Relógio de Água na última feira do livro, graças a uma dica que alguém dava a alguém ao meu lado.

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