Pelo menos isto, de pessoa insuspeita quanto a simpatias pelo PS e seu governo...
“Foi vice-governador do Banco de Portugal. Como avalia as críticas à instituição e a comissão de inquérito da AR sobre o BPN?
“Acho que é o exemplo típico do populismo. A maior parte das pessoas não sabe o que é um banco, o que é a supervisão, atira números misturando alhos com bugalhos… Foi um fórum de demagogia, com raras excepções. Fico triste, do ponto de vista da nossa democracia, não a existência da comissão mas o trabalho e a forma como o desenvolveu. Não é assim que se fazem as audições nos Estados Unidos. Sobre a actuação do Banco de Portugal, são dois casos muito diferentes. No BPP, o problema tem sobretudo a ver com a CMVM. Como, aliás, já tinha sido, no fundamental, o caso do BCP.
No caso do BPN, é um caso de fraude, de polícia. Foi feita uma ocultação deliberada do ponto de vista das instituições que têm que certificar contas e fazer auditorias. No fim da linha está o Banco de Portugal, que foi fazendo perguntas até descobrir a verdade.”
Entrevista a Campos e Cunha, Público de 27-06-09
E, de facto, quem seguiu a audição de cerca de 16 horas a Victor Constâncio percebeu bem o magno objectivo da comissão parlamentar de inquérito: a demissão do governador do Banco de Portugal. Isso sim, seria a cereja em cimo do bolo, porque foi mesmo o objectivo mais perseguido por Nuno Melo, Honório Novo e João Semedo, por entre simpatias patenteadas para com diversos prevaricadores ouvidos, prevaricadores confessos.
Ali ao lado, no programa do Mário Crespo, entre outras coisas, Honório Novo acaba de fazer referência a uma ameaça de Constâncio, afirmando que este, percebendo bem os objectivos dos inquiridores – e quem nem os percebeu? – daria uma conferência de imprensa, logo que conhecido o relatório final.
Eu ouvi – porque também ouvi - Constâncio dizer que não ficaria calado, mas sem menção a qualquer conferência de imprensa. Mas conferência de imprensa ou outra coisa, não é legítimo que reaja, dizendo, pelo menos, o que consta ali acima?
Sabemos que houve tempos em que tal não seria possível, nem legítimo. Mas isso, Honório, já lá vai. Há muito que já não é assim. Mas há tiques que ficam.