No decurso do debate quinzenal de hoje na AR, o merecidamente
mal-amado PM referiu como patriótica a compra, por parte da banca nacional, de
títulos da dívida portuguesa, o que me leva a concluir que isso de patriótico
já teve dias muito melhores.
De facto…
Não tenho por patriota quem especula com a dívida soberana
e, se ofende o verbo especular, pelo menos que se saiba que a banca compra
dívida com dinheiro dos depositantes e, nos dias de hoje, com dinheiro
emprestado pelo BCE, um e outro conseguidos a preço de saldo.
Patriota é quem, subscrevendo certificados de aforro,
empresta ao Estado com taxas bem abaixo daquelas que a banca paga aos
depositantes. Aliás, o governo é conivente com a banca nesta sacanice: porque
paga mal aos aforradores, muitos destes acabam por optar pelos depósitos bancários que,
depois, são usados para compra de dívida pública a taxas bem mais elevadas do que
as que pagaria se privilegiasse os certificados de aforro.
Mas voltando ao patriotismo. A banca nacional é hoje, na sua
grande maioria, detida por capitais estrangeiros, apesar da visibilidade de portugueses
como Ulrich, Ricardo Salgado e outros, meros paus mandados dos... mercados que representam. Ora, se é questionável que estes sejam
mais patriotas que aqueles que aguentam a fatura do desgoverno, muito menos o
são ainda os acionistas estrangeiros para quem a compra de dívida pública é um
negócio de garantido rendimento. E apenas nesse sentido se interessam por Portugal porque o capital não tem alma ou sentimentos.
Mas Passos é isto: um bronco que não mede o que diz e que
até será bem capaz de propor ao senhor de Belém que vá pensando umas comendas
a jeito para esta tropa fandanga da banca.
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