Numa guerra,
a vitória de uns pode muito bem assentar sobre muitos cadáveres, seja dos
vencedores seja, sobretudo, dos vencidos. Quem fica vivo do lado dos vencedores
comemorará, mas nenhum dos mortos comparecerá aos festejos.
Entre nós, a
vitória dos canalhas no poder tem paralelo idêntico ao de uma batalha. Eles bem
podem celebrar as suas vitórias, seja no que designam por recuperação da economia,
seja num défice abaixo do previsto, mas não esqueceremos que isso se deve à
conta de um brutal empobrecimento da população portuguesa, além de uma
carga fiscal como não há memória e a permanente deterioração dos pilares básicos do estado social.
Ora a pobreza
também tem números oficiais, através do INE (dados para 2012). Por isso:
- se considerarmos apenas os rendimentos de
trabalho, de capital e transferências privadas, o risco de pobreza – rendimento
inferior a 409 euros - abrange 46,9 da população;
- mas quando
àqueles rendimentos se juntam as pensões de reforma e de sobrevivência, o risco
de pobreza ainda atinge 25,6% da população;
- se aos
rendimentos anteriores acrescerem as prestações sociais relacionadas com a
doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, o risco de
pobreza cai para 18,7%, ou seja, cerca de dois milhões de portugueses tem
rendimento inferior a 409 euros.
E é à conta
deste drama que os canalhas comemoram os seus êxitos e nos querem convencer da
bondade das suas políticas que, na verdade, apenas defendem os interesses dos
mais fortes e de quem são cães de guarda dos respetivos interesses.
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