A dois meses das eleições legislativas de 2005, enquanto arrumam papéis, três ministros assinam despacho que permite o abate ilegal de mais de dois mil sobreiros, a favor de um empreendimento turístico de empresa do BES.
Meses antes, o mesmo BES, por imperativo legal, deu conta de 115 depósitos em numerário num valor superior a um milhão de euros numa conta do CDS, em que como doador aparece mesmo o tal Jacinto Leite Capelo Rego, porque isto dava mesmo para gozar com o pagode.
A partir daí temos 11 arguidos, incluindo dirigentes do CDS, acusados, entre outros crimes, de tráfico de influências, abuso de poder e de falsificação.
Passados sete anos, nem uma só acusação provada, de acordo com sentença cujo acórdão foi lido a alta velocidade, sem pontuação, por vezes de forma impercetível, como se a vergonha queimasse. Isto é: crimes zero. E desculpem o incómodo.
Prova-se assim que pelas malhas da justiça não passa o pequeno furto do sem-abrigo num supermercado. Aqui o MP é eficaz e consegue convencer o tribunal. Quando há graúdos ao barulho e muita massa pelo meio, é o que se vê: não houve abate ilegal de sobreiros, nem financiamento ilegal a partidos, chegando-se ao ponto de se pôr em causa a honra e o bom nome de uns quantos anjinhos que a esta hora já devem ter estoirado umas boas garrafas de champanhe.
Nas escutas feitas a este caso surgiram as suspeitas sobre eventual corrupção no caso da aquisição dos submarinos, igualmente com proximidades a governantes de então. E podem fazer já apostas sobre o seu desfecho, caso chegue a tribunal.
Sem comentários:
Enviar um comentário