sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Le CCB c'est moi!


Tem Vasco da Graça Moura (VGM) o direito de se recusar a adoptar na sua vida privada o novo Acordo Ortográfico (AO)? Claro que tem, e mais: qualquer pessoa tem esse direito.
Mas pode VGM confundir-se com uma instituição, no caso do CCB uma fundação pública de direito privado, para a qual é nomeado, ao ponto de nela se comportar como de sua casa se tratasse? Obviamente que não.

Por outro lado, apesar do seu especial azar ao novo AO, VGM sabe muito bem que se está perante um acordo subscrito por Portugal e outros países e sabe igualmente que a instituições com tutela governamental foram dadas orientações no sentido do cumprimento do AO.
 E que faz VGM como primeiro acto de gestão no seu novo posto de presidente do CCB? Pois nada mais nada menos que elaborar um texto que se diz denso, onde expõe as sua opiniões pessoais quanto ao AO e, em função disso, propor ao CA que no CCB o AO não seja observado, mandando mesmo desinstalar os correctores ortográficos de todos os computadores e não apenas do seu, como afirmou hoje Passos Coelho na AR quando questionado sobre a matéria.
Conhecida que é a habitual postura trauliteira de VGM, isto não deve causar qualquer surpresa. O novo presidente não quis perder tempo para que saibamos qual o estilo da nova programação do CCB, agora coutada onde VGM decidirá como se pudesse ser confundido com o próprio CCB.
Há quem diga que se fez, com o novo AO, um frete ao Brasil. Mas quem não acautelou no tempo que se chegasse às variadas divergências nas ortografias foi Portugal que levou séculos a fixar a ortografia anterior ao novo AO. Não se apontem ao colonizado as culpas deste estado de coisas pois, para além da inexistência de um dicionário consensual na altura em que a corte fugiu para o Brasil, está também na origem desta situação a profunda iliteracia que serviu de pasto à vertente da oralidade da fala em detrimento da escrita. Depois, ao querer passar o oral para a escrita, é o que se sabe, no Brasil e não só no Brasil. Culpa nossa.
O Brasil está-se nas tintas para isto. Pela dimensão que tem, pelo peso que tem a sua actividade editorial no mundo, pelo que tem feito pela divulgação do ensino do português, como se pode constatar pelo sotaque dos estrangeiros que têm ousado aprender o português.
E nós fazemos o quê? Nada, e alguns assumem mesmo a postura quixotesca de admitirem que podem levar a sua adiante. Podem esperar sentados.
Já agora: tendo já lido diversos livros editados em Portugal conforme o novo AO, não vejo quais as dificuldades em assimilar, sem qualquer dificuldade, a nova ortografia.

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