quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Passos sucede a Thomaz?

Era particularmente nas suas voltas pelo país que a veia literária do Venerando Chefe de Estado – o respeitinho é muito bonito – melhor se destacava. Com muito gozo da nossa parte, porque discursos do Venerando eram para ser passados integralmente no então muito oficioso DN. Assim era fácil, por exemplo, preencher as pausas nos estudos em cafés com uma mirada no jornal para lermos, com o sotaque presidencial possível, o último discurso do Venerando  no decorrer da romaria que estivesse em curso.
E lá vinham as cenas do periquito oferecido já não sei por quem, ou a dúvida sobre se aquela era a sexta ou sétima barragem a ser inaugurada, cenas e cenas. De tão ridículos, a direção da Seara Nova chegava a ameaçar publicar um discurso de Thomaz no espaço destinado a texto que a censura ousasse cortar. E, por vezes, mais valia fechar os olhos que ver um discurso do Venerando numa revista de tal modo opositora à ordem vigente que só para gozar o publicaria.
E tudo isto a propósito de quê?
É que parece estarmos a ver a repetição do fenómeno com os comunicados passistas coelhistas, particularmente na sua página do facebook. É que já se notam grandes semelhanças, sobretudo ao nível do ridículo.  

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Primeiro os Pingos Doce e Continentes...

Ana Isabel Trigo de Morais é diretora-geral da APED – Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição e deu uma entrevista ao PÚBLICO publicada em 24 de Dezembro. No meio das queixas das grandes superfícies comerciais de quem vale a pena ter dó, uma resposta é bem elucidativa do que são os grandes merceeiros deste país. Vejamos:
Pergunta
“A APED vai travar a lei sobre as práticas restritivas de comércio e o novo diploma que alterou o prazo de pagamento a fornecedores?”
Resposta
“Este último diploma que refere vai alterar os prazos de pagamento para todos os bens alimentares em Portugal que passam a ser de 30 dias desde que comprados a pequenos fornecedores, apoiamos essa medida, mas há impacto na tesouraria das empresas. Diz-se que a grande distribuição, ao vender o produto, fica logo com o dinheiro e pode pagar no dia seguinte ao fornecedor. Mas quem paga o pessoal, a electricidade, as infra-estruturas?”
Ou seja: primeiro estão os salários do pessoal das grandes superfícies, os seus mais variados custos e, depois, só depois, os salários e custos suportados antes do lado do fornecedor. E dizem eles que isto não é um excelente negócio. Que bom seria que o estado não interviesse nestes abusos.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Leituras em dia: "Domínio Público" de Paulo Castilho

Prémio Fernando Namora / Estoril Sol 2012 

O reconhecido domínio da língua facilitam-lhe a criação de personagens que facilmente identificamos como reais, como verosímeis, em contextos bem próprios do tempo que corre. Por isso faz todo o sentido o subtítulo “Um olhar irónico e inteligente sobre uma sociedade em crise”, a nossa, em pleno século XXI.
“A Sofia acha que as minhas ideias são pirosas e no mundo dela são com certeza. Simplesmente o mundo dela está a desaparecer, as pessoas agora são outras, são as pessoas que dantes não contavam. Falam do 25 de Abril, mas a verdadeira revolução é agora, começou há 20 anos e continua. Acabaram os senhores, só conta o dinheiro e a habilidade e também a determinação, é o que dá o poder, e isso, na minha opinião, é a verdadeira democracia. Dou emprego a mais de mil pessoas. Faço o que posso por este país, faço o que é preciso. E a Fundação servia para quê? Era uma brincadeira. Já pensou? uma fundação dedicada à língua portuguesa e à literatura do século XX, alguém quer saber? a língua hoje está na televisão, nos SMS, no Twitter. Sound bites. Os livros são irrelevantes, são para a elite e a elite é irrelevante. Só conta o que se pode exibir e distribuir às multidões para consumir a correr, em cápsulas, o tempo é pouco, a oferta é muita.”
 
E já são muitos os que pensam assim. Desgraçadamente.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Ou nós, ou os canalhas!

Bruxelas admite derrapagem orçamental para 2013. A canalha no poder tem já plano B: corte nos salários dos funcionários públicos. De uma coisa podemos estar certos: esta canalha não parará na criatividade que se torne necessária para que as suas contas batam certo. Por isso, se for necessário apertar, por exemplo, nas despesas sociais e nos cuidados médicos para que se abram campas para reformados e aposentados, também a tais medidas recorrerão. Melhor: já o vão fazendo pela calada.
Agora há que optar: ou eles ou nós.
 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um nababo, um vivaço, um artista.

Ficará na história do anedotário nacional, este maestro. Se não, vejamos: Miguel Graça Moura fez vida de nababo à conta da Orquestra Metropolitana de Lisboa, financiada por entidades públicas. E veja-se como: 3.200 euros em joias numa viagem à Tailândia; frequência de cabarets na Alemanha; camisas de seda e charutos; revistas Playboy , cuecas de fio dental e protetor solar infantil; até um frigorífico na Tailândia entrou nas contas.
Este nababo considerava isto, de acordo com o PÚBLICO, como despesas legítimas de representação.
Foi despedido, tinha que ser despedido. E está a ser-lhe exigido em tribunal o reembolso de 1,3 milhões de euros, que já compreende juros. O vivaço respondeu com uma ação por despedimento… sem justa causa e por valor superior ao esbulho dos dinheiros públicos.
São vários os argumentos deste vivaço para explicar este desmando. Mas, entre elas, a pérola é esta: “O que está em causa só pode ser percebido ao mais alto nível artístico e tenho dúvidas de que a justiça o perceba”.
Um artista.
 

Isto é de canalha


Segundo o PÚBLICO de hoje, o PM terá firmado que alguns pensionistas estão “a receber mais do que o que descontaram”, pagos “por quem está hoje a trabalhar”.
Ele sabe do que fala, o que afirma não decorre da falta de informação. Mas estamos perante um canalha que quer convencer alguns que os que hoje estão reformados não estiveram, enquanto no ativo, a contribuir para as pensões dos que antes deles se reformaram. E, canalha que é, finge que não sabe que quem descontou para a Segurança Social o fez de acordo com as regras fixadas, quanto a deveres e direitos, pelo Estado que, costuma dizer-se, deve comportar-se como pessoa de bem e não como um vulgar canalha.
Este canalha terá feito tal afirmação no congresso da JSD onde aprendeu a ser pantomineiro, onde começou a fazer pela vida de forma torpe, sem uma gota de suor, criando redes de relações apostadas no tráfico de influências, como bem se sabe hoje pelos escândalos que têm vindo ao de cima.

O imaculado

Por equivalência com a cor da camisa.
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Detenham esta catástrofe", pede Rui Tavares

“A responsabilidade dos partidos de oposição, em particular, é muito séria. Sabemos que eles não governam, sabemos que eles nem sequer concordam. Mas não precisam de governar nem concordar para fazerem três coisas simples que, só por si, seriam uma formidável barreira à progressão desta catástrofe.
Primeira: falarem, sem precondições. Basta de pretextos tolos. Façam reuniões, mesmo discordando, e digam-nos em que concordam. Por pouco que seja, pode ser essencial.
Segunda: ponham limites a este governo. Enunciem claramente as linhas vermelhas que vos levarão a abrir uma crise política, e ir ao Presidente da República exigir-lhe ação.
Terceira: abram-se aos cidadãos e aos vossos eleitores, em particular ao nível local, e deem-lhes liberdade para discutir alternativas concretas a esta governação.
Precisamos de muito mais que isto. Mas isto é o mínimo que se pode exigir. O governo perceberá que a oposição sai do seu marasmo e começa a impor limites e regras, e a preparar-se para o substituir. Só isso pode deter esta catástrofe. Façam-no, já.”
Rui Tavares
PÚBLICO de 17-12-2012

Oremos ao Senhor!

"IURD ergue templo de 12 milhões de euros em Vila Nova de Gaia"
PÚBLICO, 17-12-2012

TAP - Operação vergonhosa


Quem está ajudando o empresário Gérman Efromovich a comprar a TAP é Miguel Relvas que “tem amigos influentes no Brasil – inclusive Zé Dirceu [condenado a mais de 10 anos por envolvimento no caso mensalão] com quem tem uma fortíssima ligação política” afirma no Globo Ancelmo Goes, segundo relata o PÚBLICO de 17-12-2012.
Que negócio é este onde, de um momento para o outro, o único candidato atira com mais 150 milhões para a mesa, como se de trocos se tratasse?
Que pouca vergonha é esta onde um dossier desta natureza está nas mãos de um canalha, ministro por equivalência?
 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Foi cá um trambolhão...


Desta vez foi mais que susto, que mera ameaça. Um trambolhão, ontem. Quantos segundos? Os suficientes para pensar, como a querer antever, o que poderia resultar, enquanto rolava na escada. De repente, logo a seguir a um aflitivo ai, solidários à minha volta. Estava bem, obrigado, apenas aleijado numa perna. Se queria que me levassem a algum lado. Que não. Nos bolsos do kispo mantinham-se os dois Dalton Trevisan e “A Próxima Década”. As canadianas não me abandonaram. E abalámos dali. O tratamento ficou por betadine na arranhadela no joelho esquerdo.
A vida vai.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Leituras em dia: "José" de Rubem Fonseca


Ainda não é a biografia de um escritor de quem gosto muito. Mas temos aqui a sua infância e uma parte da sua juventude. De um jovem a aproximar-se dos noventas anos.
Um livro que se lê num ápice. Com muito gozo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Portugal (ainda) não é Grécia.

As condições acordadas para a Grécia não podem ser aplicadas a Portugal porque Portugal (ainda) não é a Grécia. Quando Portugal for a Grécia, então teremos as condições da Grécia.
E estamos no bom caminho para isso. Aliás, não nos serem agora permitidas as condições da Grécia, nomeadamente quanto a juros, comissões e maturidades, é isso mesmo: alcançar rapidamente a situação em que se encontra a Grécia. Nessa altura, o PM e o ministro das Finanças exultarão, triunfantes, e declararão: como vos dizíamos, nos teríamos as condições da Grécia quando fossemos como a Grécia e, felizmente, já somos.
No meio disto, para lá da incompetência, temos a desfaçatez de Gaspar quando afirma  que as declarações de Juncker, do PM e dele próprio – que Portugal aproveitaria das condições da Grécia – “foram descontextualizadas de forma pouco cuidada”. Pelos vistos, diferente seria se a descontextualização fosse bem cuidada. Parece que nem as baixas rotações lhe permitem um discurso mais escorreito.
Já Juncker foi mais original: não percebeu a pergunta feita “num canto escuro” e “em condições desconfortáveis”, quando o que interessa é que, respondendo, declarou que Portugal poderia aproveitar as condições da Grécia. Claro que todos se esqueceram de, antes de se pronunciarem, perguntarem o que autorizava a Dona Merkel, através do seu ministro das Finanças. E este decidiu, puxando as orelhas a todos os paus mandados. Que não merecem outra coisa.

sábado, 1 de dezembro de 2012