Era particularmente nas suas voltas pelo país que a veia
literária do Venerando Chefe de Estado – o respeitinho é muito bonito – melhor se
destacava. Com muito gozo da nossa parte, porque discursos do Venerando eram
para ser passados integralmente no então muito oficioso DN. Assim era fácil, por
exemplo, preencher as pausas nos estudos em cafés com uma mirada no jornal para
lermos, com o sotaque presidencial possível, o último discurso do Venerando no decorrer da romaria que estivesse em curso.
E lá vinham as cenas do periquito oferecido já não sei por
quem, ou a dúvida sobre se aquela era a sexta ou sétima barragem a ser inaugurada, cenas
e cenas. De tão ridículos, a direção da Seara Nova chegava a ameaçar publicar
um discurso de Thomaz no espaço destinado a texto que a censura ousasse cortar.
E, por vezes, mais valia fechar os olhos que ver um discurso do Venerando numa
revista de tal modo opositora à ordem vigente que só para gozar o publicaria.
E tudo isto a propósito de quê?
É que parece estarmos a ver a repetição do fenómeno com os
comunicados passistas coelhistas, particularmente na sua página do facebook. É que já se notam grandes semelhanças, sobretudo ao nível do ridículo.