As condições acordadas para a Grécia não podem ser aplicadas
a Portugal porque Portugal (ainda) não é a Grécia. Quando Portugal for a
Grécia, então teremos as condições da Grécia.
E estamos no bom caminho para isso. Aliás, não nos serem
agora permitidas as condições da Grécia, nomeadamente quanto a juros, comissões
e maturidades, é isso mesmo: alcançar rapidamente a situação em que se encontra
a Grécia. Nessa altura, o PM e o ministro das Finanças exultarão, triunfantes,
e declararão: como vos dizíamos, nos teríamos as condições da Grécia quando
fossemos como a Grécia e, felizmente, já somos.
No meio disto, para lá da incompetência, temos a desfaçatez de
Gaspar quando afirma que as declarações
de Juncker, do PM e dele próprio – que Portugal aproveitaria das condições da
Grécia – “foram descontextualizadas de forma pouco cuidada”. Pelos vistos, diferente
seria se a descontextualização fosse bem cuidada. Parece que nem as baixas rotações lhe
permitem um discurso mais escorreito.
Já Juncker foi mais original: não percebeu a pergunta feita “num
canto escuro” e “em condições desconfortáveis”, quando o que interessa é que,
respondendo, declarou que Portugal poderia aproveitar as condições da Grécia.
Claro que todos se esqueceram de, antes de se pronunciarem, perguntarem o que
autorizava a Dona Merkel, através do seu ministro das Finanças. E este decidiu,
puxando as orelhas a todos os paus mandados. Que não merecem outra coisa.
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