Prémio Fernando Namora / Estoril Sol 2012
O reconhecido domínio da língua facilitam-lhe a criação de
personagens que facilmente identificamos como reais, como verosímeis, em
contextos bem próprios do tempo que corre. Por isso faz todo o sentido o
subtítulo “Um olhar irónico e inteligente sobre uma sociedade em crise”, a
nossa, em pleno século XXI.
“A Sofia acha que as minhas ideias são pirosas e no mundo
dela são com certeza. Simplesmente o mundo dela está a desaparecer, as pessoas
agora são outras, são as pessoas que dantes não contavam. Falam do 25 de Abril,
mas a verdadeira revolução é agora, começou há 20 anos e continua. Acabaram os
senhores, só conta o dinheiro e a habilidade e também a determinação, é o que
dá o poder, e isso, na minha opinião, é a verdadeira democracia. Dou emprego a
mais de mil pessoas. Faço o que posso por este país, faço o que é preciso. E a Fundação
servia para quê? Era uma brincadeira. Já pensou? uma fundação dedicada à língua
portuguesa e à literatura do século XX, alguém quer saber? a língua hoje está
na televisão, nos SMS, no Twitter. Sound bites. Os livros são irrelevantes, são
para a elite e a elite é irrelevante. Só conta o que se pode exibir e
distribuir às multidões para consumir a correr, em cápsulas, o tempo é pouco, a
oferta é muita.”
E já são muitos os que pensam assim. Desgraçadamente.
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