José Manuel Fernandes
“Tenho falado nos últimos meses com muitos economistas,
incluindo com antigos ministros das Finanças, que conhecem os números e
convergem quase sempre num ponto: assim não vamos lá. Curiosamente quase todos
eles se inibem de tirar consequências, porque isso implica tocar em dois tabus,
são esses tabus que temos que começar a discutir. O primeiro tabu é o da
renegociação das dívidas, não que essas dívidas não existam, como dizem os
viciados na despesa pública. Mas porque genuinamente não conseguimos pagá-las e
elas condicionam demasiado o nosso futuro para podermos ter qualquer esperança.
O segundo tabu é o do abandono do euro, acabando de vez com
a ilusão de que conseguimos ter a disciplina dos alemães. A nossa economia,
para a nossa desgraça, não mostrou ser capaz de viver sem inflação e sem
desvalorizações. Será o fim do nosso sonho de convergência com “a Europa”, mas
marcará também o regresso a uma vida com os pés na terra.
O país que sairia destas duas medidas não seria bonito de
ver, mas seria ao menos um país de novo entregue a si próprio, que teria
reconquistado a liberdade que pusemos nas mãos da troika. É altura de começar a
discutir o preço que teriam para todos nós estas alternativas. Estou cansado da
conversa sobre os “cortes” por parte de quem, na verdade, não quer “cortes”
nenhuns e tem como único sonho encontrar quem nos pague as contas, chamando a
isso “solidariedade”.
PÚBLICO, 28-09-2012
Uma maravilha!
O Zé fala com “muitos economistas, incluindo com [adoro este
incluindo com] antigos ministros da Finanças”. E afinal cabe-lhe a ele, face à
falta de coragem dos seus interlocutores, que não querem cortes nenhuns e
querem é que outros paguem as nossas dívidas a pretexto da solidariedade, enunciar
as medidas para sair da crise: renegociar a dívida e sair do euro.
Até que enfim que nos chega a salvação. Eu registava a
patente, de tão original.
Vale aos "muitos economistas, incluindo com antigos ministros das Finanças" não terem sido citados. Seria caso para nunca mais sairem à rua. De vergonha.
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