As minhas sardinhas em Alcochete
É aqui, pela janela à esquerda, sem a ver, que imagino a Ponte
Vasco da Gama, no seguimento do Túnel do Grilo, esse sim bem visível. E não sei
se é por ali que me vinha o cheiro a sardinha assada, ou se este não passa de
imaginação ou consequência de desejos para os quais, no entanto, não me sinto
fadado.
Fosse o que fosse, melhor seria corresponder a um
apetite, sem perder mais tempo com justificações a tender para o parvo.
E lá estavam elas, em Alcochete, minutos depois. Num adequado
ambiente. Paredes cobertas por azulejos, imitando o antigo, a mais de três
quartos de altura, decoração com objetos náuticos (roda de leme, boia, exemplares
de nós de cordas, veleiros em miniatura…) e até o fado, na forma de legenda num
aparelho de televisão: “mulher envenena marido e deita fogo à casa”.
E rapidamente as tinha debaixo do queixo, acabadas de
grelhar: 7 sardinhas 7, número cabalístico, número primo. Mas com direito a mais 2, que a gente ali é mesmo simpática, ainda que com prejuízo do meu número
primo e cabalístico.
E estavam boas, muito boas.
Para a sobremesa não poderia esquecer estar na margem
sul que mereceu, em tempos, classificação de deserto e o decorrente
"jamais" do ministro Lino, quando se discutia a localização de um aeroporto. Ora,
estando num deserto, nada como uma baba de camelo, seguida de um café.
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