Dalton Trevisan é um escritor escondido por Curitiba, uma das mais populosas
cidades brasileiras e cuja violência perpassa este seu livro de contos, a par
de um quotidiano de duras e cruéis relações pessoais.
Um escritor minimalista que com pouco diz muito ou tudo,
como no início do primeiro de 23 contos deste livro com cerca de 80 páginas:
“Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça.
Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, suicidar-se, e deixar o
outro sem castigo? Ela revelou que, havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera
mal, por mais que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Senhora ficar
solteira. O próprio Bento não a deixava mentir, testemunha da sua aflição antes
do casamento. Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde – noiva de
grinalda sem ter direito.”
Dalton Trevisan, inacessível porque teima esconder-se, tem
obra publicada deste 1959. Este é o seu segundo livro, premiado como outros de
sua autoria. E é agora também Prémio Camões, notícia que, apesar de tudo, já
lhe terá chegado.
Na introdução feita a este livro, Fernando Assis Pacheco
escreve que “Otto Lara Resende diz que “ninguém sabe quem é Dalton Trevisan.
Deus mesmo não sabe e nem por isso se impacienta”. Tenhamos também nós
paciência.
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