terça-feira, 5 de junho de 2012

Leituras em dia : "Cemitério de Elefantes" de Dalton Trevisan


Dalton Trevisan é um escritor escondido por Curitiba, uma das mais populosas cidades brasileiras e cuja violência perpassa este seu livro de contos, a par de um quotidiano de duras e cruéis relações pessoais.
Um escritor minimalista que com pouco diz muito ou tudo, como no início do primeiro de 23 contos deste livro com cerca de 80 páginas:
“Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava mentir, testemunha da sua aflição antes do casamento. Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde – noiva de grinalda sem ter direito.”
Dalton Trevisan, inacessível porque teima esconder-se, tem obra publicada deste 1959. Este é o seu segundo livro, premiado como outros de sua autoria. E é agora também Prémio Camões, notícia que, apesar de tudo, já lhe terá chegado.
Na introdução feita a este livro, Fernando Assis Pacheco escreve que “Otto Lara Resende diz que “ninguém sabe quem é Dalton Trevisan. Deus mesmo não sabe e nem por isso se impacienta”. Tenhamos também nós paciência.

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