Sabe-se que se pode especular conta uma dívida soberana
através das chamadas vendas a descoberto (short selling), uma velhacaria
consentida a pessoas e entidades da maior seriedade e fartos bolsos.
Para sucesso da operação promete-se vender o que se não tem,
numa futura data, por valor estipulado com o comprador.
Depois há que fazer pela vida, isto é, ou esperar por uma
baixa da cotação ou fazer o que se puder para que ela baixe mesmo, pois ao
especulador o que interessa é comprar por valor inferior o que se comprometeu a
vender por valor previamente acordado.
Para isso, se necessário, ou faz correr um boato ou teoriza
mesmo acerca da iminente descida da cotação do título em causa.
E foi o que se passou com alguém que fez publicar artigo seu
num jornal norte-americano, especulando com a dívida portuguesa, no sentido da
sua desvalorização, ao mesmo tempo que se aventurava numa short selling.
Para já foi aberto inquérito por tudo apontar para um crime
de manipulação da dívida portuguesa. Mas por que raio se aceita este meio de
especulação em que se promete vender o que se não tem, quando se sabe que é
fartamente usado para tramar um país? Porque, neste caso, o artista foi
apanhado, aparentemente por ingenuidade. Mas quantos casos não ficam por
deslindar?
Nota: Em Setembro de 2008 as vendas a descoberto foram
proibidas provisoriamente na Bolsa de Nova Iorque e depois na Wall Street para
evitar a descida das cotações. Por que provisoriamente quando o instinto dos
predadores é permanente?
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