Para um colecionador a arte deve estar bem guardada… fora
dos museus, nas mãos, na posse de um colecionador. Utz tem um coleção de porcelanas, mas num contexto algo clandestino
de uma Checoslováquia na dureza da guerra fria. E fica refém de uma coleção que,
não podendo passar fronteiras, o obriga a regressar após cada saída. Por sua
vez o marxismo-leninismo era omisso na matéria, nunca tenha encarado de forma
definitiva o conceito de coleção particular, razão por que as autoridades lhe controlavam a coleção.
Por outro lado, o médico de família
considerava uma perversão, como qualquer outra, esta mania de Utz pela
porcelana.
Chatwin foi um “ávido colecionador de objectos e de pessoas”
e por isso “Utz é o mais descaradamente autobiográfico de todos os seus livros”,
segundo Helena Vasconcelos (Público / Ípsilon de11-05-2012).
No caso da coleção aqui ficcionada, ficamos sem saber se de
facto foi destruída por Utz nas vésperas da sua morte, como algo que não
pudesse sobreviver ao seu criador que com ela se identificava.
“Utz” foi finalista do Booker Prize em 1988 e aborda de
forma magistral a complexidade e ambiguidade das paixões e o poder do desejo.
Sem comentários:
Enviar um comentário