Como sou fraco em desenho, vou explicar-me assim, por
palavras.
A troika manifesta uma pressa inaudita para que se baixe o
número de dias a considerar para cálculo de indemnização por despedimento dos
trabalhadores. E apenas por uma razão: porque há pressa em despedir, porque
outra razão não pode haver. De facto, se não houvesse pressa em despedir, também
não haveria pressa em fazer aprovar a medida.
E isto porque, feita a aposta na desvalorização dos custos
do trabalho, nomeadamente para que seja garantida a tão desejada e apregoada
competitividade, nada como proceder deste modo:
- reduzir o custo a suportar com os despedimentos, para o
que interessa reduzir o número de dias a considerar no cálculo das respetivas
indemnizações e, então, despedir.
- proceder de seguida a novas admissões aproveitando uma
reserva de mão de obra disponível e amansada por aquilo que é a atual taxa de
desemprego, a par do desespero causado pelas medidas de austeridade.
Neste contexto, é possível despedir a custos bem mais baixos
a mão-de-obra mais idosa e, em geral, mais bem remunerada, e que será substituída
por outra mais jovem, mais qualificada, mais barata e mais dócil. E já agora:
uma mão-de-obra menos interessada em qualquer processo de sindicalização.
O resultado é então: redução dos custos de trabalho para as
empresas, desemprego definitivo para os mais idosos, futuro menos interessante para
os novos ativos, perda de influência dos sindicatos, perda da coesão e
solidariedade entre os trabalhadores. Um regresso ao passado.
A UGT não quis ver isto que todos veem, pelo que traiu quem
nela confiou. Agora, em desespero de causa, tenta remediar o mal que está
feito. Inutilmente.
1 comentário:
Bem dito!
Abraço
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