Andava com esta na tola já há uns tempos: falar dos
octávios, uma espécie começada com um exemplar agora mais afastado, e cuja
existência parece longe de estar ameaçada, pois cada vez temos mais octávios.
Um octávio caracteriza-se por dar a entender que sabe coisas
que mais ninguém sabe, coisas que poderiam causar terramotos se fossem dadas a
conhecer.
Para que todos acreditem estar mesmo no âmago de segredos de
estado, um octávio recorre sempre, junto dos seus diretos interlocutores, à
expressão “vocês sabem bem do que estou a falar”. Por outro lado, ou porque não
sabe assim tanto, ou não os tem os sítio para contar, um octávio tem também
como expressão recorrente o “vocês não me puxem, pela língua”.
O original era um tipo assim para o tosco, com que a gente
se divertia e, recolhido às lides agrícolas, eu tinha os octávios por extintos,
isto é, octávio era só um: o machado e mais nenhum. Mas este octávio fez escola
e temos hoje octávios licenciados, o mais célebre dos quais será um comentador
desportivo que usa exatamente os mesmo tiques do original, o ferreira a dias, e
uns ex-qualquer coisa, com origem mais saliente na pejota, sejam eles moitas,
ou flores, ou barras na costa. Este tem mesmo clube de fãs no FB, qual estrela.
Sabem fazer pela vida, os octávios: são contratados como
gargantas fundas mas têm o cuidado de não se espalharem, e nunca nada de novo
se saberá a partir das suas gargantas. Mas há muitos que os ouvem, na
expectativa de uma escorregadela que nunca chega. Uma fraude, os octávios de
agora, a provar que não há nada como o original.
Larga as vacas, machado, e desbronca estas cópias.
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