Para aguçar
o apetite, após duas dezenas de páginas…
“Transformámos
a política da dívida numa moralidade que desviou a culpa dos bancos para o
Estado. A austeridade é a penitência – a dor virtuosa após a festa imoral -,
mas não vai ser uma dieta de dor que todos partilharemos. Poucos de nós são
convidados para a festa, mas pedem-nos a todos que paguemos a conta.”
E
“O facto de
pura e simplesmente não funcionar é a primeira razão pela qual a austeridade é
uma ideia perigosa”
O autor
apresenta-se assim:
“Nasci em
Dundee, na Escócia, em 1967, filho de um talhante e de uma agente de aluguer de
televisores (sim, nesse tempo, as TV eram tão caras que a maioria das pessoas
alugava-as). A minha mãe morreu quando eu ainda era novo, e fui entregue aos
cuidados da minha avó paterna. Cresci numa (relativa) pobreza e houve alturas
em que fui mesmo para a escola de sapatos rotos. A minha educação foi, no
sentido original da palavra, bastante austera. Os rendimentos domésticos eram
um cheque do governo, nomeadamente uma pensão do Estado, e entregas ocasionais
do meu pai, trabalhador braçal. Sou um filho da Providência. Também tenho
orgulho nesse facto.
Hoje sou professor
de uma universidade da Ivy League americana. Probabilisticamente falando, sou
um exemplo tão extremo da mobilidade social como qualquer outro. O que
possibilitou que me tornasse o homem que sou hoje foi exatamente aquilo a que
hoje se atribui a culpa de ter criado a crise: o Estado, mais especificamente,
o chamado Estado-Providência irrealista, demasiado grande, paternalista e fora
do controlo.”
Até a canalha no poder perceberia isto, se não fosse canalha ao serviço de quem provocou a crise: a banca, os mercados, o que lhe queiram chamar.
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