domingo, 20 de outubro de 2013

Leitura em curso: "Austeridade - A História de Uma Ideia Perigosa"

Para aguçar o apetite, após duas dezenas de páginas…
“Transformámos a política da dívida numa moralidade que desviou a culpa dos bancos para o Estado. A austeridade é a penitência – a dor virtuosa após a festa imoral -, mas não vai ser uma dieta de dor que todos partilharemos. Poucos de nós são convidados para a festa, mas pedem-nos a todos que paguemos a conta.”
E
“O facto de pura e simplesmente não funcionar é a primeira razão pela qual a austeridade é uma ideia perigosa”
O autor apresenta-se assim:
“Nasci em Dundee, na Escócia, em 1967, filho de um talhante e de uma agente de aluguer de televisores (sim, nesse tempo, as TV eram tão caras que a maioria das pessoas alugava-as). A minha mãe morreu quando eu ainda era novo, e fui entregue aos cuidados da minha avó paterna. Cresci numa (relativa) pobreza e houve alturas em que fui mesmo para a escola de sapatos rotos. A minha educação foi, no sentido original da palavra, bastante austera. Os rendimentos domésticos eram um cheque do governo, nomeadamente uma pensão do Estado, e entregas ocasionais do meu pai, trabalhador braçal. Sou um filho da Providência. Também tenho orgulho nesse facto.
Hoje sou professor de uma universidade da Ivy League americana. Probabilisticamente falando, sou um exemplo tão extremo da mobilidade social como qualquer outro. O que possibilitou que me tornasse o homem que sou hoje foi exatamente aquilo a que hoje se atribui a culpa de ter criado a crise: o Estado, mais especificamente, o chamado Estado-Providência irrealista, demasiado grande, paternalista e fora do controlo.”
 
Até a canalha no poder perceberia isto, se não fosse canalha ao serviço de quem provocou a crise: a banca, os mercados, o que lhe queiram chamar.

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