terça-feira, 8 de outubro de 2013

Parabéns, Asdrúbal!

Óleo de Asdrúbal Pimenta
 
Um dia – há mais de 40 anos - uma colega, a Isabel Pedro, perguntou-me se estava interessado num bilhete para uma récita popular de ópera no Coliseu, uma das coisas que se perderam com o tempo, infelizmente. Aceitei prontamente. E fiquei a saber que havia um grupo que se organizava para as récitas no Coliseu, grupo que passei a integrar a partir daí.
E foi neste grupo que conheci o Asdrúbal,  com quem tinha uma coisa em comum: ambos estudávamos Finanças (hoje dir-se-ia Gestão de Empresas) no ex-ISCEF, agora ISEG. E estávamos no mesmo ano.
A partir daí fizemos um percurso escolar comum, com noitadas nos Olivais, por vezes à custa de umas anfetaminas (crime já prescrito), trabalhos em grupo, troca de apontamentos, traduções quase a dormir, o balanço que não dava certo, com cenas que a memória retém, mas a que vos poupo.
E havia as manas Matilde e Zé, a Matilde uma namorada que permanece até hoje. E eram os acampamentos na Lagoa de Albufeira, permitidos na altura, um Fiat que tinha que se parar à sombra porque aquecia excessivamente e quase explodia, coisas e coisas. E a Eugaria, a praia das Maças, a avenida Sidónio Pais, a escola de São Tomé e as tricas sobre "a relação com as criança", o suf menos, menos, mais de um professor de ginástica...
Marcante ainda é a nossa ida ao Algarve, a Pera, onde o Asdrúbal se deveria apresentar à família da Matilde, uma viagem com 3 ou 4 boleias até chegar a Setúbal mas onde, a caminho da estação de comboio, apanhámos uma que nos colocou em Ferreiras, salvo erro. Com acampamento no quintal da Xica e Lelo, pois recusámos galhardamente a simpatia para dormir debaixo de telha. Campista era campista, mas doeu um pouco, fosse pelas pedras debaixo das costas, fosse pelas melgas a que era necessário dar caça no início de todas as noites.
E veio o casamento, o 25 de Abril, com o Asdrúbal então na tropa, e as noitadas a acompanhar as primeiras eleições, e as férias em Pera, eu sei lá.
Nasce a Ana Teresa, a seguir a Catarina, com quem andei ao colo, de quem fiz um pouco de fotógrafo, com mais sorte que a que tive no casamento dos pais. Nem me quero lembrar de um rolo que parecia não ter fim, por ter ficado solto na máquina. E eu é que era o fotógrafo… oficial.
E já há netos. Uns vivaços, a Mariana e o Francisco, que saem bem aos seus.
Facto é que, a partir de um bilhete para uma récita de ópera, conheci um amigo para a vida. Que me alargou o campo dos afetos: a Matilde, a Zé e demais irmãos, a Ana Teresa, a Catarina, a Madrinha do Asdrúbal, o Ricardo e os pais, o Tiago e os pais e irmã, o Pedro, a Zé e a Caty… e uma miudagem que anima as festas a que não falto, na Eugaria, ou em Galamares, ou na Pontinha.
Parabéns, Asdrúbal. E obrigado pelo muito que te devo.
 

Sem comentários: