Óleo de Asdrúbal Pimenta
Um dia – há mais
de 40 anos - uma colega, a Isabel Pedro, perguntou-me se estava interessado num
bilhete para uma récita popular de ópera no Coliseu, uma das coisas que se
perderam com o tempo, infelizmente. Aceitei prontamente. E fiquei a saber que
havia um grupo que se organizava para as récitas no Coliseu, grupo que passei a
integrar a partir daí.
E foi neste
grupo que conheci o Asdrúbal, com quem
tinha uma coisa em comum: ambos estudávamos Finanças (hoje dir-se-ia Gestão de
Empresas) no ex-ISCEF, agora ISEG. E estávamos no mesmo ano.
A partir daí
fizemos um percurso escolar comum, com noitadas nos Olivais, por vezes à custa de umas
anfetaminas (crime já prescrito), trabalhos em grupo, troca de apontamentos, traduções quase a dormir, o balanço que não dava certo, com cenas que a memória retém,
mas a que vos poupo.
E havia as
manas Matilde e Zé, a Matilde uma namorada que permanece até hoje. E eram os
acampamentos na Lagoa de Albufeira, permitidos na altura, um Fiat que tinha que
se parar à sombra porque aquecia excessivamente e quase explodia, coisas e
coisas. E a Eugaria, a praia das Maças, a avenida Sidónio Pais, a escola de São Tomé e as tricas sobre "a relação com as criança", o suf menos, menos, mais de um professor de ginástica...
Marcante ainda
é a nossa ida ao Algarve, a Pera, onde o Asdrúbal se deveria apresentar à
família da Matilde, uma viagem com 3 ou 4 boleias até chegar a Setúbal mas onde, a
caminho da estação de comboio, apanhámos uma que nos colocou em Ferreiras,
salvo erro. Com acampamento no quintal da Xica e Lelo, pois recusámos
galhardamente a simpatia para dormir debaixo de telha. Campista era campista,
mas doeu um pouco, fosse pelas pedras debaixo das costas, fosse pelas melgas a
que era necessário dar caça no início de todas as noites.
E veio o
casamento, o 25 de Abril, com o Asdrúbal então na tropa, e as noitadas a
acompanhar as primeiras eleições, e as férias em Pera, eu sei lá.
Nasce a Ana
Teresa, a seguir a Catarina, com quem andei ao colo, de quem fiz um pouco de fotógrafo,
com mais sorte que a que tive no casamento dos pais. Nem me quero lembrar de um
rolo que parecia não ter fim, por ter ficado solto na máquina. E eu é que era o
fotógrafo… oficial.
E já há
netos. Uns vivaços, a Mariana e o Francisco, que saem bem aos seus.
Facto é que,
a partir de um bilhete para uma récita de ópera, conheci um amigo para a vida. Que
me alargou o campo dos afetos: a Matilde, a Zé e demais irmãos, a Ana Teresa, a
Catarina, a Madrinha do Asdrúbal, o Ricardo e os pais, o Tiago e os pais e
irmã, o Pedro, a Zé e a Caty… e uma miudagem que anima as festas a que não falto, na Eugaria, ou em Galamares, ou na Pontinha.
Parabéns,
Asdrúbal. E obrigado pelo muito que te devo.
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