Se outro motivo não houvesse - e haverá, com certeza - esta "sintonia" demonstra que, no mínimo, existe uma certa coerência, que rima com independência e que é o inverso da subserviência. Por isso, e por muito que nos custe, o facto de haver pessoas que (ainda) pensam pela própria cabeça e que (ainda) votam segundo a sua consciência, é um bom sinal. Afinal de contas, os partidos (ainda) não são donos dos deputados. Mas há aqui um aspecto positivo a reter: Nas próximas eleições, o PS terá o cuidado de escolher para as suas listas, candidatos a deputados formados numa escola de marionetas e depois sim, não haverá "Maneis" nem "Marias" que votem fora da ortodoxia partidária, já que os "Lellos" e os "Santos Silvas" se encarregarão de manobrar os cordelinhos aquando das votações.
Ó Mário, a ser como dizes – noutros partidos as coisas são diferentes – ainda teremos a Luísa Mesquita, de novo, nas listas da CDU, de modo a o PCP demonstrar, coerentemente, o que defendes. E mais: o PCP deixará de exigir compromissos, parece que escritos, para que os seus eleitos larguem os lugares quando assim se entenda. Por exemplo: com o pretexto da necessidade de rejuvenescimento da bancada, que uma legislatura envelhece muitos os eleitos, pelo menos alguns. Àqueles ainda não foi retirada a confiança política, nem as condições logísticas para poderem desempenhar os cargos, apesar dos pesares. Isto da independência tem muito que se lhe diga. E quanto à ortodoxia… melhor é nem falarmos. E manobrar cordelinhos, como deve ser, achas que é para todos? Nem penses. Há quem saiba muito desta poda, preferindo prevenir-se. E de modo eficaz.
Ainda não me ouviste a defender a ortodoxia do PCP, nem ouvirás. É exactamente por ser como dizes, acerca da vivência interna deste partido, que não entendo as críticas feitas a Manuel Alegre e aos deputados que costumam votar com ele. Afinal, no PS há ou não liberdade? Deixem que seja apenas o PCP a ter controleiros. Bem sei que o PS tem uma prática diferente da PCP mas ao ler algumas das críticas proferidas por José Lello e/ou Augusto Santos Silva sinto, cada vez mais, que essa diferença já foi maior. Quanto a mim, a questão não é a de saber se há ou não disciplina de voto, embora reconheça que ela é importante em algumas votações. Eu acho mais importante que um deputado vote de acordo com a doutrina/filosofia do partido e não deve estar preso às directivas do momento. É que convém não esquecer que os partidos mudam de opinião consoante são ou não governo mas, no entanto, a sua doutrina/filosofia mantém-se. Da mesma forma que sei que ninguém é obrigado a ser deputado, também sei que há cada vez mais vozes a sugerir mudanças no funcionamento dos partidos porque isso só reforçará a democracia. Mas, por outro lado, também sei que os "donos" dos partidos tudo farão para manter este estado de coisas. Afinal de contas, todos os partidos têm os seus " José Lello" e "Santos Silva" e ninguém quer perder a sua "quintinha".
Mário És muito tolerante, nem sabes como me surpreendes. Alegre, para além de tudo o mais, afirma agora que se candidataria como independente, se pudesse. E perante isso, todos se deveriam calar, sejam os Lellos, sejam os Santos Silvas, seja quem for. Já Alegre, para ti, tem direito a tudo, mesmo a não ser questionada a sua postura.Para ti, ele não pode ser criticado. Está acima de tudo.Deve ser por dom divino, uma questão de fé.Mas um partido está longe de ser uma igreja e, mesmo aí, não basta a fé, como bem sabes.
Neste tema não está em causa o facto de eu ser, ou não ser, tolerante e eu até nem o sou, também neste caso, em que está em causa o funcionamento dos partidos. Mas feliz Mundo este, que me tem apenas a mim como exemplar único da intolerância. Enfim. Eu busco a perfeição, mas peço desculpa por não ter pressa… É claro que ninguém está isento de críticas. Ninguém mesmo. Mas é por isso mesmo, porque TODOS estão sujeitos à crítica, que salta à vista que, no PS uns estão mais sujeitos do que outros. Já tenho dito e mantenho: Há que ser coerente. Por isso eu não acredito que, no PS, apenas o Manuel Alegre tenha dado motivos para ser tão criticado assim. Que todos os males do PS fossem a postura do Manuel Alegre! Agora, se me disserem algo do género: “ Criticamos o Manuel Alegre porque ele é uma voz dissonante do rebanho em que se transformou o PS”, aí fico esclarecido e tenho que aceitar. Agora “dizer mal” dele nos moldes até agora utilizados só reforça a minha ideia de que essas críticas apenas tentam desviar a atenção do que na verdade está em questão e que é, no meu entender, a postura do PS enquanto Governo, perante o mesmo PS enquanto Oposição. Perante isto, os factos - mais do que a postura de Manuel Alegre - falam por si e não haverá ninguém, mesmo ninguém, que os desminta. Tenham o nome que tiverem.
Mário Sabemos ambos o que Alegre tem, objectivamente, feito e sem que ele e nós possamos ignorar os danos ao seu partido. Claro que no plano individual ele pode fazer o que muito bem entenda, mas quando se adere a um partido hipoteca-se uma parte da nossa liberdade, queiras ou não. Porque, quando se está num partido, não há apenas direitos.
Alegre, como certamente não ignoras, acaba de confessar ter esticado a corda até onde é possível esticá-la e, mesmo, que concorreria como independente se pudesse. Como não pode, quer estar onde parece não querer estar.
Tu dizes que isto tem a ver com o funcionamento de partidos. É uma maneira de ver as coisas, é um modo singular de definir um partido. Um quer assim, os outros que aceitem.
Já deverias ter reparado que eu não ligo a certas tiradas de mera retórica. Em geral, ignoro-as. Se ligasse, sempre te diria que isso das quintas, não serão só as que queres atribuir a quem critica Alegre. Alegre tem a sua no PS e que, pelo menos até agora, não largou. Quinta que lhe permitiu, como exemplo de coerência, integrar a comissão de honra de um congresso em que nunca quis participar e do qual disse o que sabes. Mas não se é deputado, sobretudo durante uma vida, ou Vice-Presidente da AR, sem aquilo a que chamas quintas. A diferença é que parece haver umas melhores que outras…
Ainda é retórica pegares no facto de ter estranhado a tua tolerância – porque te conheço um pouco, que diabo! – para depois discorreres sobre a intolerância, como se isso interessasse algo ao que aqui está em causa.
Talvez fosse de dispensares as buchas, as tiradas retóricas, procurando ficar no que esteja em causa. As buchas não podem passar a assunto principal e de tal forma que a páginas tantas já nem sabemos do que falamos.
E é profundamente comovedora a afirmação de que os outros passam a rebanho apenas porque um entende afirmar, ou dar a entender, que não se considera integrado num… rebanho. Ou seja: para ti, entre tantos, Alegre foi ungido pelo Senhor, os demais são rebanho, com o sentido que certamente queres atribuir a isso.
É como na tal história da parada: para a mãe, o seu filho era o único com o passo certo.
Nisto fico por aqui. Eu nada mais tenho a dizer sobre o assunto que está em causa. E nesta, como noutras alturas, não quero convencer-te de nada. Sobretudo porque não precisas disso.
6 comentários:
Se outro motivo não houvesse - e haverá, com certeza - esta "sintonia" demonstra que, no mínimo, existe uma certa coerência, que rima com independência e que é o inverso da subserviência.
Por isso, e por muito que nos custe, o facto de haver pessoas que (ainda) pensam pela própria cabeça e que (ainda) votam segundo a sua consciência, é um bom sinal. Afinal de contas, os partidos (ainda) não são donos dos deputados.
Mas há aqui um aspecto positivo a reter: Nas próximas eleições, o PS terá o cuidado de escolher para as suas listas, candidatos a deputados formados numa escola de marionetas e depois sim, não haverá "Maneis" nem "Marias" que votem fora da ortodoxia partidária, já que os "Lellos" e
os "Santos Silvas" se encarregarão de manobrar os cordelinhos aquando das votações.
Ó Mário, a ser como dizes – noutros partidos as coisas são diferentes – ainda teremos a Luísa Mesquita, de novo, nas listas da CDU, de modo a o PCP demonstrar, coerentemente, o que defendes. E mais: o PCP deixará de exigir compromissos, parece que escritos, para que os seus eleitos larguem os lugares quando assim se entenda. Por exemplo: com o pretexto da necessidade de rejuvenescimento da bancada, que uma legislatura envelhece muitos os eleitos, pelo menos alguns.
Àqueles ainda não foi retirada a confiança política, nem as condições logísticas para poderem desempenhar os cargos, apesar dos pesares.
Isto da independência tem muito que se lhe diga. E quanto à ortodoxia… melhor é nem falarmos.
E manobrar cordelinhos, como deve ser, achas que é para todos? Nem penses. Há quem saiba muito desta poda, preferindo prevenir-se. E de modo eficaz.
Armando
Ainda não me ouviste a defender a ortodoxia do PCP, nem ouvirás. É exactamente por ser como dizes, acerca da vivência interna deste partido, que não entendo as críticas feitas a Manuel Alegre e aos deputados que costumam votar com ele. Afinal, no PS há ou não liberdade? Deixem que seja apenas o PCP a ter controleiros.
Bem sei que o PS tem uma prática diferente da PCP mas ao ler algumas das críticas proferidas por José Lello e/ou Augusto Santos Silva sinto, cada vez mais, que essa diferença já foi maior.
Quanto a mim, a questão não é a de saber se há ou não disciplina de voto, embora reconheça que ela é importante em algumas votações.
Eu acho mais importante que um deputado vote de acordo com a doutrina/filosofia do partido e não deve estar preso às directivas do momento. É que convém não esquecer que os partidos mudam de opinião consoante são ou não governo mas, no entanto, a sua doutrina/filosofia mantém-se.
Da mesma forma que sei que ninguém é obrigado a ser deputado, também sei que há cada vez mais vozes a sugerir mudanças no funcionamento dos partidos porque isso só reforçará a democracia. Mas, por outro lado, também sei que os "donos" dos partidos tudo farão para manter este estado de coisas.
Afinal de contas, todos os partidos têm os seus " José Lello" e "Santos Silva" e ninguém quer perder a sua "quintinha".
Mário
És muito tolerante, nem sabes como me surpreendes.
Alegre, para além de tudo o mais, afirma agora que se candidataria como independente, se pudesse. E perante isso, todos se deveriam calar, sejam os Lellos, sejam os Santos Silvas, seja quem for.
Já Alegre, para ti, tem direito a tudo, mesmo a não ser questionada a sua postura.Para ti, ele não pode ser criticado. Está acima de tudo.Deve ser por dom divino, uma questão de fé.Mas um partido está longe de ser uma igreja e, mesmo aí, não basta a fé, como bem sabes.
Armando
Neste tema não está em causa o facto de eu ser, ou não ser, tolerante e eu até nem o sou, também neste caso, em que está em causa o funcionamento dos partidos.
Mas feliz Mundo este, que me tem apenas a mim como exemplar único da intolerância. Enfim. Eu busco a perfeição, mas peço desculpa por não ter pressa…
É claro que ninguém está isento de críticas. Ninguém mesmo. Mas é por isso mesmo, porque TODOS estão sujeitos à crítica, que salta à vista que, no PS uns estão mais sujeitos do que outros.
Já tenho dito e mantenho: Há que ser coerente.
Por isso eu não acredito que, no PS, apenas o Manuel Alegre tenha dado motivos para ser tão criticado assim. Que todos os males do PS fossem a postura do Manuel Alegre!
Agora, se me disserem algo do género: “ Criticamos o Manuel Alegre porque ele é uma voz dissonante do rebanho em que se transformou o PS”, aí fico esclarecido e tenho que aceitar. Agora “dizer mal” dele nos moldes até agora utilizados só reforça a minha ideia de que essas críticas apenas tentam desviar a atenção do que na verdade está em questão e que é, no meu entender, a postura do PS enquanto Governo, perante o mesmo PS enquanto Oposição.
Perante isto, os factos - mais do que a postura de Manuel Alegre - falam por si e não haverá ninguém, mesmo ninguém, que os desminta. Tenham o nome que tiverem.
Mário
Sabemos ambos o que Alegre tem, objectivamente, feito e sem que ele e nós possamos ignorar os danos ao seu partido. Claro que no plano individual ele pode fazer o que muito bem entenda, mas quando se adere a um partido hipoteca-se uma parte da nossa liberdade, queiras ou não. Porque, quando se está num partido, não há apenas direitos.
Alegre, como certamente não ignoras, acaba de confessar ter esticado a corda até onde é possível esticá-la e, mesmo, que concorreria como independente se pudesse. Como não pode, quer estar onde parece não querer estar.
Tu dizes que isto tem a ver com o funcionamento de partidos. É uma maneira de ver as coisas, é um modo singular de definir um partido. Um quer assim, os outros que aceitem.
Já deverias ter reparado que eu não ligo a certas tiradas de mera retórica. Em geral, ignoro-as. Se ligasse, sempre te diria que isso das quintas, não serão só as que queres atribuir a quem critica Alegre. Alegre tem a sua no PS e que, pelo menos até agora, não largou. Quinta que lhe permitiu, como exemplo de coerência, integrar a comissão de honra de um congresso em que nunca quis participar e do qual disse o que sabes. Mas não se é deputado, sobretudo durante uma vida, ou Vice-Presidente da AR, sem aquilo a que chamas quintas. A diferença é que parece haver umas melhores que outras…
Ainda é retórica pegares no facto de ter estranhado a tua tolerância – porque te conheço um pouco, que diabo! – para depois discorreres sobre a intolerância, como se isso interessasse algo ao que aqui está em causa.
Talvez fosse de dispensares as buchas, as tiradas retóricas, procurando ficar no que esteja em causa. As buchas não podem passar a assunto principal e de tal forma que a páginas tantas já nem sabemos do que falamos.
E é profundamente comovedora a afirmação de que os outros passam a rebanho apenas porque um entende afirmar, ou dar a entender, que não se considera integrado num… rebanho. Ou seja: para ti, entre tantos, Alegre foi ungido pelo Senhor, os demais são rebanho, com o sentido que certamente queres atribuir a isso.
É como na tal história da parada: para a mãe, o seu filho era o único com o passo certo.
Nisto fico por aqui. Eu nada mais tenho a dizer sobre o assunto que está em causa. E nesta, como noutras alturas, não quero convencer-te de nada. Sobretudo porque não precisas disso.
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