Natália Correia
pediu a Fernando Dacosta que contasse a história do seu Botequim, razão porque
temos “O Botequim da Liberdade” dez anos decorridos sobre a morte da poeta, também
notabilizada noutras áreas.
Nunca fui ao
Botequim e, se por lá passaram muitos ilustres, não vejo no livro as revoluções
que por lá se congeminaram, nem que governos lá se fizeram ou desfizeram, nem
que movimentos cívicos se criaram naquele ambiente. Mas é para isso que chama a
atenção a contra capa e que foi, em grande parte, a motivação que me levou a
comprar as mais de trezentas páginas.
Uma desilusão…
salvo a confirmação dos excessos de Natália Correia que impunha respeito (ou
medo?) a muita gente, os seus odiozinhos de estimação, as suas fraquezas.
Mas fica a
impressão de que se tratou de despachar uma encomenda, de satisfazer o pedido
feito. De facto, para quem se descreve quase como secretário particular de
Natália Correia, é imperdoável que a) se não tenha referido corretamente o nome
do livro da marquesa de Jácome Correia, amiga de Natália – “Amores da Cadela ‘Pura’”
e não “Memórias de Uma Cadela Pura”-, dando de barato a explicação para o título
do livro, para o que tenho outra bem mais atendível e que foi recolhida em tempos junto
de um sobrinho da marquesa, na ilha de São Miguel, e b) se tenha amputado o poema
suscitado pelo deputado Morgado dos seus versos finais, essenciais para se perceber
aquilo que até se apresenta como algo “da nossa melhor poesia satírica”.
De facto, Fernando
Dacosta transcreveu apenas até “parca ração” o poema que se segue
Já que o
coito – diz Morgado –
tem como fim
cristalino,
preciso e
imaculado
fazer menina
ou menino;
e cada vez
que o varão
sexual
petisco manduca,
temos na
procriação
prova de que
houve truca-truca.
Sendo pai só
de um rebento,
lógica é a
conclusão
de que o
viril instrumento
só usou –
parca ração! -
uma vez. E
se a função
faz o orgão
– diz o ditado –
consumada
essa excepção,
ficou capado
o Morgado.
Pena, até porque haveria que saber que o Morgado ficou capado!
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