segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Nem que seja a tiro












Foi há pouco, há poucos dias, a caminho da Bica, numa vadiagem, pois num vadio ando transformado, talvez irremediavelmente, que dei com este par de portas, gémeas na origem, bem diferentes no momento em que capturei as fotos. Salvo erro, em frente da Escola David Mourão-Ferreira, na Rua das Chagas.

E tudo vem a propósito: uma escola, as chagas, as chagas consequência desta política canalha que nos rouba a esperança.
Porque isto me fez matutar no seguinte: as portas, na origem, seriam iguais mas, sei lá por que razões, hoje são bem diferentes: uma bem tratada mas com sinal a prevenir que ali não se brinca, outra com ares de maus tratos e acorrentada.
Ora isto ilustra, pode ilustrar, o futuro das políticas que vão contra a coesão social, coesão só possível por uma escola que, mais que a liberdade de escolha, garanta a igualdade de acesso ao ensino, a par de um SNS para todos, independentemente da sua condição e uma Segurança Social que para todos consagre condições dignas, ainda que não necessariamente iguais.
Mas estas não são preocupações da canalha que nos governa. Por isso, amanhã, poderemos ter uns protegidos por uma porta em que basta um sinal a garantir os privilégios de uns quantos, enquanto a maioria ficará trancada atrás de uma porta acorrentada, para evitar incómodos aos primeiros.
Até quando? Até que a raiva exploda e a justiça se faça. Nem que seja a tiro.
 

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