quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Uma cadela, de nome Pura.


Na minha segunda ida aos Açores, mais exatamente a São Miguel, fiquei alojado numa cottage que os proprietários da casa senhorial de que era anexa alugaram. E levei comigo um dos dois volumes de “Amores da Cadela ‘Pura’”, de Margarida Victória, Marquesa de Jácome Correia.
O atual proprietário, apercebendo-se do livro, ficou curioso e quis saber se sabia onde me encontrava. E não é que me encontrava numa propriedade que foi da Marquesa Jácome Correia e que agora pertencia a um seu sobrinho?
O livro relata as memórias, particularmente as de carater amoroso, da marquesa, mulher de fortuna e cosmopolita, cuja vida escandalizava a sociedade local, vida também com muito de trágico, sobretudo no seu final.
Na altura foi-me explicado o título do livro, título claramente equívoco mas que se devia ao facto de a marquesa ter então uma cadela chamada Pura, razão por que no título Pura se escreve entre parêntesis.
Ora, em “O Botequim da Liberdade”, Fernando Dacosta, parecendo desconhecer o que atrás relato, escreve que foi Vitorino Nemésio, por quem a marquesa teve uma grande paixão, “quem deu o estrambólico nome ao livro”, livro para o qual, erradamente, Fernando Dacosta dá o título de “Memórias de uma Cadela Pura”.
Mas tudo indica que assim não foi. Pelo menos existia uma cadela e que era pura de nome, e apesar do contexto da relação vivida entre Nemésio e Margarida Victória, bem expressa nos sensualíssimos e eróticos poemas de Nemésio em “Poemas para Marga” (Marga de Margarida) e que estipulou que só vissem a luz do dia após a sua morte.
 

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