Na minha
segunda ida aos Açores, mais exatamente a São Miguel, fiquei alojado numa
cottage que os proprietários da casa senhorial de que era anexa alugaram. E levei
comigo um dos dois volumes de “Amores da Cadela ‘Pura’”, de Margarida Victória,
Marquesa de Jácome Correia.
O atual proprietário,
apercebendo-se do livro, ficou curioso e quis saber se sabia onde me
encontrava. E não é que me encontrava numa propriedade que foi da Marquesa
Jácome Correia e que agora pertencia a um seu sobrinho?
O livro
relata as memórias, particularmente as de carater amoroso, da marquesa, mulher
de fortuna e cosmopolita, cuja vida escandalizava a sociedade local, vida também com
muito de trágico, sobretudo no seu final.
Na altura
foi-me explicado o título do livro, título claramente equívoco mas que se devia
ao facto de a marquesa ter então uma cadela chamada Pura, razão por que no
título Pura se escreve entre parêntesis.
Ora, em “O
Botequim da Liberdade”, Fernando Dacosta, parecendo desconhecer o que atrás
relato, escreve que foi Vitorino Nemésio, por quem a marquesa teve uma grande
paixão, “quem deu o estrambólico nome ao livro”, livro para o qual,
erradamente, Fernando Dacosta dá o título de “Memórias de uma Cadela Pura”.
Mas tudo
indica que assim não foi. Pelo menos existia uma cadela e que era pura de nome,
e apesar do contexto da relação vivida entre Nemésio e Margarida Victória, bem
expressa nos sensualíssimos e eróticos poemas de Nemésio em “Poemas para Marga”
(Marga de Margarida) e que estipulou que só vissem a luz do dia após a sua
morte.
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