Vamos lá ver se isto se consegue perceber.
Em dezembro de 2004 havia, em notas, 1.060.250 euros no
cofre da sede nacional do CDS, do camarada ministro Portas, então no governo de
Santana Lopes.
Vejamos agora se acerto nas contas. Aquela importância pode
traduzir-se:
- em 212.050 notas de 5 euros
- ou em 106. 025 notas de 10 euros
- ou, ainda, em 53. 012 notas de 20 euros
- ou, também, em 21.205 notas de 50 euros.
Convenhamos que, mesmo que o total se repartisse por notas
de diverso valor, se está perante muita nota, guardada em cofre e isto, em
geral, costuma ocorrer apenas com quem ou está inibido de usar cheque ou tem dificuldade
em explicar a origem de tanto cacau.
Quando decidiu transferir esta fortuna para um banco, o
CDS efetuou 105 operações de depósito, por vezes com intervalos de minutos, entre
os dias 27 e 30 de dezembro de 2004. E isto porque os depósitos tinham que ser
de valor inferior a 12.500 euros para evitar que houvesse comunicação às
autoridades de combate à corrupção.
Mas afinal este dinheiro teve origem em quê? Acreditem sem
pestanejar: em donativos de militantes, no decurso daqueles almoços de carne
assada, com uma curiosidade que faz corar uma pessoa séria: os recibos para
atestar tal origem foram comprados e passados em 2005, isto é, depois de feitos
os depósitos. E, recorda-se, ficou célebre um dos doadores, um tal Jacinto
Leite Capelo Rego que, gente fica, tem este bom gosto nas suas impunes brincadeiras.
O que fica consta do relatório final da investigação da PJ
no caso Portucale.
A propósito do caso dos submarinos, o impoluto Portas, a
seriedade em pessoa, lembrou que o responsável financeiro do CDS foi absolvido
em processo que apontava para a existência de corrupção no caso Portucale.
Mas, com este tipo de explicações, há que igualmente
recordar que um conhecido senhor foi ilibado de atos de corrupção desportiva bem atestados
por escutas que podemos ouvir no youtube, apenas porque tais escutas foram
consideradas ilegais, sem que deixem de ser reais e eloquentes, entre pessoas
bem identificadas.
Por isso, não venha Portas tentar safar o caso dos
submarinos com um caso que deveria envergonhar pessoa minimamente séria e cujo
desfecho é uma vergonha. Um caso tão suspeito e tão mal explicado não pode servir para minimizar um provavelmente ainda mais grave e que tem que ser explicado. Esperemos que bem melhor que o do abate dos sobreiros.
1 comentário:
Vamos esperar sentados!
Enviar um comentário