É difícil evitar a relação da intensidade e da autenticidade
da linguagem desta obra de Marsé com o facto de se estar perante um relato que
muito tem de autobiográfico.
E a isto acresce o ambiente de Barcelona, uma terceira
personagem nas obras de Marsé, nos anos quarenta do século passado, época da
sua infância e juventude e que ele descreve de modo bem distante do
triunfalismo franquista abençoado pela igreja católica.
São vidas cheias de vida as que se relatam, em particular a
do personagem central, Ringo, um alter-ego de Marsé.
É o primeiro livro que leio de um escritor consagrado, nomeadamente
através da atribuição de prémios bem prestigiados, embora Marsé afirme que
nunca um prémio produziu boa literatura. Mas, digo eu, em geral premeia o mérito.
Não posso agora perder outras oportunidades de gozo
praticamente garantido, partindo para outras obras já traduzidas entre nós.
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