O Rapto da Europa por Fernando Botero
Teresa de Sousa
“Mas o que queria dizer quando referiu que o debate europeu
estava a mudar e que o Governo português devia aproveitar essa mudança?”
Maria João Rodrigues
“Queria dizer que se mantêm ainda as divergências
fundamentais sobre como promover o crescimento mas que há pelo menos um debate
entre percepções diferentes. O Governo alemão continua defender basicamente a
mesma coisa: reformas estruturais, mais redução do défice para repor a
confiança. Do ponto de vista dos alemães, estas são as condições básicas para
que haja crescimento. Quando Merkel diz que apoia o crescimento, é só isso que
ela apoia. Mas há uma outra corrente de pensamento que diz: isto não chega
porque faltam as condições de acesso ao crédito e, consequentemente, meios para
investir. Se esta questão não for atacada, não é com as políticas de redução do
défice e com as reformas estruturais que se volta ao crescimento. Esta é a
grande divergência.”
Teresa de Sousa
“Como é que se ultrapassa essa divergência?”
Maria João Rodrigues
“Ora bem, é isto que mostra que a Europa não está apenas confrontada
com uma escolha entre mais austeridade e mais crescimento. Já estamos para além
dessa questão. A questão agora é que a única forma de voltar a combinar
crescimento e consolidação orçamental é através desta grande reforma da UEM,
sem a qual o acesso ao crédito não é restabelecido e sem a qual não há os meios
de investimento de grande vulto. Porque não é só com o Banco Europeu de
Investimentos (BEI) que vamos lá. Temos de pôr a banca de novo a emprestar às
empresas.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
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