O Rapto de Europa de Bruno Bruni
Teresa de Sousa
“A nossa aposta é a do “bom aluno” e a nossa estratégia é a
de Berlim. Isso é evidente e é criticado. Mas o facto de estarmos a viver este
processo de ajustamento diabólico não quer dizer que diabolizemos a Alemanha,
que sempre foi um parceiro muito importante para Portugal.”
Maria João Rodrigues
“E que deve continuar a ser. Mas o debate tem que ser
europeu. E não de uns contra os outros. Um país como o nosso tem de manter
relações directas e intensas com a Alemanha e a França, que são os países
centrais da integração europeia. Mas, acima de tudo, tem de estar nessas
relações com um ponto de vista europeu. Ou seja, de quem não quer resolver só o
seu problema, mas que tem ideias para resolver o problema do conjunto, já demos
essa prova inúmeras vezes. Somos ouvidos e isso está a falhar completamente.”
Teresa de Sousa
“Seria uma forma de contrariar a ideia de que a crise europeia
só tem a ver com os endividados países de Sul ou, em sentido contrário, que a
responsabilidade pela situação em que estão a cair os países do Sul é apenas da
chanceler alemã?”
Maria João Rodrigues
“Se a nossa mensagem for uma mensagem de diabolização ou de
entronização da Alemanha, duvido que consigamos afastar esses sentimentos. A nossa
mensagem tem de ser qualquer coisa de muito diferente. Reconhecer que temos
problemas que dificultam o nosso crescimento, a nossa competitividade, o nosso
reequilíbrio orçamental, e que temos que fazer um esforço para corrigir estes
problemas. Mas acrescentar que o esforço que nos está a ser imposto acabará por
ser contraproducente porque, ao minar o crescimento, impede a própria
consolidação orçamental. E explicar que o ritmo de redução do défice não pode
pôr em causa as condições básicas de protecção da população e nem pode levar à
liquidação de empresas e empregos viáveis. Também não devemos ter medo de dizer
qual é o ritmo que conseguimos manter para atingir um défice que não deve ser
nominal mas estrutural, e dizer que isso é possível se as condições de
financiamento forem revistas. Estou absolutamente convencida de que isso é
entendido.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
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