O Rapto de Europa de Nikias Skapinakis
Teresa de Sousa
“Mas não há aí um choque entre a urgência da crise e o
calendário eleitoral alemão?”
Maria João Rodrigues
“A grande questão que se coloca é essa: saber se é possível
aguentar até Setembro com esta metodologia dos pequenos passos, quase sempre
aquém do necessário.
A chanceler tem sempre utilizado uma metodologia de
negociação em que só faz alguma concessão depois de ter conseguido previamente
garantir uma condicionalidade para essa concessão e garantir que pode controlar
a forma como essa concessão vai ser feita. Ela tem uma metodologia negocial que
é sempre a mesma: contrapartida, controlo, condicionalidade. Os seus três “C”.
e é uma negociadora dura, porque conhece a fundo os dossiers, estuda-os, sabe a
matéria.”
Teresa de Sousa
“Mas é difícil de imaginar que isto consiga aguentar mais um
ano.”
Maria João Rodrigues
“É por isso que defendo que países como o nosso deviam
aproveitar essa percepção para fazer um argumento muito simples: os programas
da troika têm que ser realinhados de acordo com o novo quadro europeu que,
entretanto, foi adoptado ao longo dos últimos meses.”
Teresa de Sousa
“Como?”
Maria João Rodrigues
“Primeiro ponto de alinhamento: os programas têm de
passar a conter medidas de impacto real em matéria de emprego e crescimento
económico com a mesma importância das medidas para reduzir o défice e a dívida.
Segundo ponto: o critério de aferição da consolidação orçamental não pode ser o
défice nominal, tem que ser o valor das medidas que estão a ser adoptadas e o
seu impacto no défice estrutural. A questão fundamental é olhar para a dinâmica
de crescimento e de redução da dívida, e não do défice, numa óptica de longo
prazo. O outro ponto-chave é reconhecer que é impossível combinar crescimento e
consolidação orçamental com esta taxas de juro e de maturidade
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