O Rapto de Europa por Rembrandt
Teresa de Sousa
“Disse recentemente que o debate europeu estava a mudar,
fazendo uma crítica ao Governo português por não estar a aproveitar essa
mudança, insistindo nos efeitos nefastos do programa de ajustamento.”
Maria João Rodrigues
"Sim. De há um mês para cá, essa percepção está a mudar. Até Junho,
tínhamos sobretudo visitas dos primeiros-ministros europeus dos vários
Estados-membros a duas capitais: Bruxelas e Berlim. Agora, há um outro padrão
de reuniões que envolvem Roma ou Paris e a informação começa a circular de
outra maneira. E permite, por exemplo, que sejam levantadas questões
fundamentais em pleno Conselho Europeu. Por exemplo, aquelas que o Presidente
Hollande levantou no último: como é possível pedir a estes países que retomem o
crescimento e que invistam, se eles estão sujeitos a taxas de juro muito
superiores às que nós temos, na França e na Alemanha.”
Teresa de Sousa
“É pedir-lhes o impossível.”
Maria João Rodrigues
“Exactamente. É criar uma situação de concorrência desigual
no quadro do próprio Mercado Único. Creio que essa situação também tem sido
colocada de forma recorrente pelo primeiro-ministro Monti. Do lado alemão
temos, pelo contrário, alguns comentários como, por exemplo, os do ministro das
Finanças [Wolfgang Schäuble], que anunciou que a Alemanha está a atingir o
défice zero e que é este o bom exemplo para os seus parceiros. Omitindo completamente
que isso é possível para a Alemanha porque conta com uma taxa de juro que é
negativa.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
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