domingo, 25 de novembro de 2012

O Rapto de Europa - III

O Rapto de Europa por Rembrandt

Teresa de Sousa
“Disse recentemente que o debate europeu estava a mudar, fazendo uma crítica ao Governo português por não estar a aproveitar essa mudança, insistindo nos efeitos nefastos do programa de ajustamento.”

Maria João Rodrigues
"Sim. De há um mês para cá, essa percepção está a mudar. Até Junho, tínhamos sobretudo visitas dos primeiros-ministros europeus dos vários Estados-membros a duas capitais: Bruxelas e Berlim. Agora, há um outro padrão de reuniões que envolvem Roma ou Paris e a informação começa a circular de outra maneira. E permite, por exemplo, que sejam levantadas questões fundamentais em pleno Conselho Europeu. Por exemplo, aquelas que o Presidente Hollande levantou no último: como é possível pedir a estes países que retomem o crescimento e que invistam, se eles estão sujeitos a taxas de juro muito superiores às que nós temos, na França e na Alemanha.”
Teresa de Sousa
“É pedir-lhes o impossível.”

Maria João Rodrigues
“Exactamente. É criar uma situação de concorrência desigual no quadro do próprio Mercado Único. Creio que essa situação também tem sido colocada de forma recorrente pelo primeiro-ministro Monti. Do lado alemão temos, pelo contrário, alguns comentários como, por exemplo, os do ministro das Finanças [Wolfgang Schäuble], que anunciou que a Alemanha está a atingir o défice zero e que é este o bom exemplo para os seus parceiros. Omitindo completamente que isso é possível para a Alemanha porque conta com uma taxa de juro que é negativa.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.


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