O Rapto de Europa por Rubens
Teresa de Sousa
“Bruxelas é a sede das instituições europeias. Mas temos,
todos, consciência de que uma das consequências desta crise tem sido o
enfraquecimento destas instituições e que o poder se transferiu para os
governos, ou melhor, para Berlim. Este enfraquecimento das instituições
europeias também ajuda a explicar a falta dessa narrativa que mencionou?”
Maria João Rodrigues
“Há um debate sobre o que desapareceu ou deixou de ser
visível que deveria traduzir aquilo que designamos por interesse comum europeu.
Não há em Bruxelas actores com a força de liderança suficiente para
apresentarem propostas que vão ao encontro desse interesse comum. Às vezes
tentam. Mas rapidamente recuam, sempre que percebem que há uma oposição clara
do aldo alemão. Não há força para produzir uma síntese que seja, ao mesmo
tempo, aceitável do lado alemão e do lado dos outros. Dou-lhe um exemplo. Nesta
construção de uma UEM [União Económica e Monetária] mais completa há hoje uma
enorme divergência entre a posição do Presidente Hollande e a chanceler Merkel.
Basicamente, o Presidente Hollande diz que, antes de avançar para uma maior
partilha de soberania, tem de haver sinais claros de maior solidariedade
europeia. Solidariedade na resposta às crises bancárias, eurobonds para gerir a
dívida pública e mesmo um orçamento para a zona euro destinado a apoiar os
países que tenham problemas. A chanceler Merkel coloca a sequência exactamente
ao contrário: primeiro, quer garantias de controlo dos orçamentos e só depois,
eventualmente, discutirá novos instrumentos de solidariedade. A meu ver, um
discurso comunitário devia dizer: pois bem, as duas coisas são precisas ao
mesmo tempo. Esse seria um compromisso verdadeiramente europeu.”
Entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
E de Maria João Rodrigues, conselheira das instituições europeias, não se ousará dizer que não sabe do que fala.
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