A cadeira que aprofundou o
escândalo que rodeia a “licenciatura” de Relvas é, nem mais nem menos, a
Introdução ao Pensamento Contemporâneo, cadeira premiada com a atribuição da
nota de 18 valores. E como? Pois bastou a prestação de uma prova oral, com
discussão de textos da autoria de Relvas – qual mestre do pensamento contemporâneo
-, discussão entre Relvas e o Reitor da Lusófona que, no entanto, nem era o
responsável da cadeira. E toma lá 18 valores!
Acontece que, pelos
regulamentos da Lusófona, deveria ter havido lugar também a uma prova escrita,
em geral prévia à prova oral. E não houve. Mas o Magnífico Reitor fez uso de um
regulamento da sua exclusiva autoria para validar esta exceção, só que tal
regulamento não tinha sido sancionado, como teria que o ser, pelo Conselho
Pedagógico do Curso de Ciência Política e, por isso, padecia de validade.
Quando a bronca é
despoletada pela intervenção da Inspeção-Geral da Educação e Ciência, o que faz
a Lusófona? Em Dezembro de 2012 – 5 anos depois de concluída a “licenciatura” –
resolve o caso retroativamente através da ratificação do tal regulamento do
Magnífico Reitor pelo Conselho Pedagógico da Faculdade de Ciência Política. E
agora já não é apenas o Reitor a envolver-se na trapalhada, porque também este
Conselho Pedagógico ajuda à festa. Nesta mesma reunião o Conselho Pedagógico
ratificou a avaliação de Relvas, avaliação confirmada no mesmo dia pelo
Conselho Pedagógico da universidade. E temos mais um Conselho Pedagógico
envolvido na trapalhada.
Agora o caso fica entregue
ao Tribunal Administrativo, mas não sei se alguma vez conheceremos todos os
contornos do caso. É que, quando foram tantos a deixar-se queimar nesta
trapalhada, alguma coisa tem explicar que se aceitem tais queimadelas de ânimo
leve.
Mas a Lusófona é a
principal responsável pela queda anímica de um ministro, queda ao pondo de o
levar à demissão. E não sei se Relvas não será menino para vir a pedir
indemnização por perdas e danos.
Fica uma sugestão para
arranjar, se necessário, os meios que permitam pagar uma eventual indemnização:
a) A Lusófona
monta máquinas tipo multibanco e vende códigos de acesso a quem se candidate a
um diploma;
b) O
candidato, depois de aceder, escolhe o curso, sendo a nota atribuída através de
um algoritmo para evitar excessos;
c) A
tal máquina liga-se uma impressora que emitirá, de seguida, o documento do
curso escolhido.
Fica a ideia. Sem encargos
de consultadoria, pois ainda não disponho de diploma que me permita emitir
recibo em conformidade.
Os factos relatados sobre
a aprovação da cadeira de Introdução ao Pensamento Contemporâneo constam do
PÚBLICO de 05-04-2013.