P. Não houve um clube do regime?
R. Não, primeiro porque o mentor do regime não tem clube, ao
contrário de Franco [em Espanha], que se diz que era do Real Madrid. Depois, o
clube que mais ganhou durante a segunda metade do Estado Novo foi o Benfica,
que era quem tinha mais oposicionistas ao regime e que, na sua direcção, teve
menos pessoas ligados ao mesmo. O clube com mais personalidades ligadas ao regime
foi o Sporting, onde contabilizei 12 ou 13 dirigentes com ligações ao poder.
P. Terá a ver com a génese mais elitista do Sporting?
R. Penso que sim. Talvez pela posição social mais elevada,
esses dirigentes estivessem mais próximos do poder. Pelo contrário, na
confrontação com o governo foi o Benfica quem mais se aproximou desse papel,
nomeadamente por causa do hino censurado a Félix Bermudes (Avante Benfica)… Foi
o clube que teve mais oposicionistas declarados.
P. E teve mesmo um presidente comunista…
R. Sim, o que é inédito. Manuel da Conceição Afonso foi o
único caso de um comunista a presidir a um clube no Estado Novo.
Da entrevista ao PÚBLICO de 25-04-2013 do historiador
Ricardo Serrano a propósito da publicação do seu livro “O Estado Novo e o
Futebol”.
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