Voltar ao assunto impõe-se porque, se
Relvas está morto e enterrado, a coisa por si criada não está. E hoje já não há
dúvidas sobre a relação entre o criador e coisa criada, a partir da confissão
do primeiro: “Em termos pessoais queria, porém,
relembrar que o caminho que percorri foi bem mais longo porque aos dois anos de
funções governativas devem somar-se os dois anos que os antecederam. Dois anos
em que acreditei e lutei no interior do meu partido pela afirmação de um novo
líder que encabeçasse um projeto de mudança para Portugal.
Depois, mais um
ano, em que acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro e pela
escolha de uma nova proposta de governação que pusesse fim ao caminho para o
desastre em que nos encontrávamos”. Sobre isto há mesmo quem conte que Relvas
terá garantido a Passos que, querendo ser PM, ele conseguiria isso.
A intimidade
que se conhece entre ambos, nomeadamente pelos negócios ligados à formação em
que se envolveram e nos quais Relvas, governante, oleava os interesses privados
de Passos, a confissão agora feita e a relevância do cargo governamental
de Relvas, têm que ligar o destino político de um ao do outro.
E isto porque Passos sempre
desvalorizou as trapalhadas do seu ministro, desde o modo como obteve o seu
grau académico, às pressões sobre jornalistas, ao envolvimento com as secretas,
para referir as mais sonantes. Passos, sobre a licenciatura de Relvas, chegou
mesmo a dizer que era “um não assunto”, pretendendo despojar o caso de qualquer
relevância política e isto quanto ao ministro mais político da sua equipa, já que lhe
reconhecia competência para a coordenação política do seu governo.
A solidariedade de Passos
com Relvas foi ao limite do imaginável e por isso não pode agora assobiar para
o lado, tratando a demissão do ministro mais uma vez como “um não assunto”, porque
por detrás da demissão estão coisas bastante graves, e não venha Passos dizer
que a culpa é apenas da Lusófona, como se Relvas tivesse sido “licenciado”
contra vontade, à força.
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