Esta é a capa da revista SÁBADO de hoje e por ela se pode imaginar a
reportagem publicada, da responsabilidade de uma editora e uma redatora. Onde
se denunciam os contratos leoninos que a Jerónimo Martins estabelece com os
seus fornecedores – nos contratos a que a revista teve acesso há duas
obrigações para a Jerónimo Martins e cerca de 20 para os fornecedores – a par
de outras patifarias próprias de gente que se aproveita da sua posição de
domínio para esmagar os fracos.
A reportagem não é nada simpática para o merceeiro do Pingo
Doce, nada mesmo.
No entanto, na página 22, no “Sobe e Desce”, ao lado da foto
do merceeiro Soares dos Santos, podemos ler esta pérola:
“Se o Pingo Doce só sobrevive por causa da exploração dos
produtores, se tem lucros indecentes, se atira todas as despesas para cima dos
fornecedores e se não faz nada de útil, porque é que os críticos não criam uma
empresa concorrente? Deveria ser fácil.”
Pasmei e comecei por admitir que isto só poderia sair da
caneta de alguém que pensa que ser cronista é sofrer de doença crónica. Mas não.
O autor de tal pérola é, nem mais nem menos, que o diretor da SÁBADO.
E temos quê: ou o diretor ignora o que se publica na revista
que dirige ou, coisa que não me espanta, está a apresentar um antecipado pedido
de desculpas ao merceeiro posto em causa, como quem diz, foram todos contra mim
e sabe que estas coisas de censura ou sua tentativa são sempre uma chatice.
Talvez com isso consiga mesmo chegar a diretor do mês de uma
das muitas lojas Pingo Doce, como já aconteceu com outros.
De qualquer modo, vale a pena tentar responder às questões
colocadas, dizendo o seguinte: as razões para criticar a Jerónimo Martins não
têm que se fundamentar em invejas ou razões de corno relativamente ao merceeiro
do Pingo Doce. Por outro lado, nem todos são capazes de ser tão canalhas nas
relações com os fornecedores como parece ser a Jerónimo Martins, tendo em conta
o que se lê na SÁBADO.
Ou a SÁBADO mentiu, difamando? Se foi o caso, o diretor que
se cuide.
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