“Graças ao sushi, ficcionamos um país e um povo – na ilusão
de que nesse contacto com a comida adquirimos a elegância e a delicadeza do
Oriente.”
Mais
“Não deixa de ser curioso que, num país onde a presença e a
história japonesa estão praticamente ausentes (ao contrário do que acontece no
Japão, onde se ensina sobre alguns períodos da história de Portugal), o sushi
esteja hoje tão presente na vida social dos portugueses.”
Mais ainda
“A sedução que o sushi provoca tem efeitos directos e outros
colaterais. Pelo preço e pela raridade, é um artefacto exótico que serve os
mecanismos de sedução: sexuais ou sociais. Tem efeitos colaterais quando surgem
os equívocos de pensar que pode servir como dieta de emagrecimento ou que é um
contacto com a comida natural. Este último é, de facto, uma qualidade intrínseca
do sistema de signos japonês onde o sushi se insere, mas está
indissociavelmente ligado a uma contenção na alimentação diária e a uma
obsessão pela aquisição de produtos naturais. O sushi transporta consigo uma
etiqueta desconhecida para a maioria dos comensais ocidentais e portugueses;
naturalmente, decorre de um conjunto de regras sobre uma boa alimentação que
está associada a uma vida sã que envolve não só o comensal como o sushiman, o
cozinheiro ou, melhor dizendo, o cortador, confeccionador e decorador do prato.”
Excertos da crónica de António Pinto Ribeiro, PÚBLICO / Ípsilon
de 25-05-2012
Nota: Não gosto do sushi, nem me esforço por isso. Prefiro sardinhas
assadas.
1 comentário:
Já somos dois!
Abraço
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