Gostei de ler este "Agosto" a diversos títulos. Aprecio este autor cada
vez mais jovem nos seus quase 90 anos. Depois, estamos perante uma trama
certamente ficcionada, mas centrada em acontecimentos registados historicamente,
particularmente no que respeita à golpada militar que levou ao suicídio do
presidente Getúlio Vargas, em Agosto de 1954. Com a preocupação de registar o
envolvimento ou participação ou mera recordação de políticos registados na minha
longínqua memória: Juscelino Kubitschehk, João Goulart, General Castelo Branco
e Tancredo Neves que vieram mais tarde a ser presidentes do Brasil; o mais que polémico
Carlos Lacerda, com um ego que quase o estoirava e que era capaz do pior nas perseguições
a políticos que não fossem da sua simpatia; Dom Hélder da Câmara que veio a
ficar conhecido, mais tarde, como o arcebispo vermelho, quando exercia o seu
múnus em Olinda – Recife. E ainda o magnata da imprensa Assis Chateuabriand e
Luiz Carlos Prestes, secretário – geral do PC brasileiro.
Isto misturado com o combate ao crime comum por parte do
incorruptível comissário Mattos, no fundo a figura do romance, embora com o
estatuto de herói vítima de morte violenta. E é nestas incursões no mundo do
crime e do seu combate que Rubem da Fonseca tem obra que o destaca, quase sempre
com um indispensável grãozinho de sexo ou de erotismo.
Na altura, uma das tarefas burocráticas da polícia
sistematicamente referenciada é a emissão de atestados de pobreza. Quanto a
isto, o Brasil regista progressos significativos a partir da presidência de
Lula, bem ao contrário do que se vai passando connosco, que vamos empobrecendo
a olhos vistos.
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