Muitas vezes dou comigo a pensar que o gajo não tem amigos
ou gente próxima que se sinta com coragem, pequena coragem, de lhe chamar a
atenção, por exemplo, para aquele nó de gravata que só deve agradar ao próprio
e à presidenta. Um nó de gravata marca específica dos manequins mais rascas da
Rua dos Fanqueiros. Mas isso é um pormenor.
Fora daquela pose ereta e da cara de pau com que se
apresenta, só o imagino a questionar o preço dos caracóis ou dos carapaus
alimados cozinhados pela Dona Maria, ao mesmo tempo que congemina um projeto de
uma capoeira anexa aos aposentos e que lhe permita as gemadas e os caldos de
galinha, frescos e baratos.
Fora da família, as relações pessoais devem ser as que se
limitam, do outro lado, ao tratamento por senhor professor, senhor presidente,
chapéu na mão, espinha curvada. Não vejo que haja alguém capaz de um ó Aníbal,
mas que merda é essa de meteres a Senhora de Fátima ao barulho seguido de já
agora, vê lá se mudas de nó de gravata, ou então usa um lacinho. Não: não
haverá nas suas proximidades gente tão amiga que lhe impeça as atitudes ridículas,
o estilo piroso, a falta de jeito para o lugar. Menos ainda quem lhe diga,
braço no ombro, anda daí, larga isto, vai gozar a casa da Coelha, as tuas
reformas…
Alguém que é hoje ministro de Estado era objeto de um jogo
nos seus primeiros tempos de deputado, quando o pessoal da AR tentava, na
véspera, adivinhar a cor das cuecas que o deputado exibiria no dia seguinte.
Isto porque o então deputado tinha o hábito de meter a camisa dentro das cuecas
e, assim, permitir ver delas um pouco que fosse.
Mas este deve ter tido um amigo, uma amiga, que o alertou,
embora apenas uns tempos depois. Cavaco vai continuar assim, gozado e bem
gozado, de modo mais ou menos solene, tendo em atenção o cargo.
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