(…) Eis por que quem nunca viveu a experiência de
administração pública ou não a estudou tende a formar perceções erradas e a não
conseguir controlar a própria despesa tal como os factos evidenciam. Talvez o
melhor exemplo deste desconhecimento seja pensar que o principal problema da
despesa pública seja o montante pago em salários e em pensões quando aqueles já
estão aquém da média europeia e abaixo dos 10%. Pelo contrário, toda a soma das
despesas contratualizadas com outras entidades (investimentos, bens, serviços e
consumos intermédios) totaliza cerca de 17% do PIB, pelo que gerar aí uma
poupança de 10% significa poupar quase 2% do PIB.
Infelizmente, esta componente da despesa da despesa pública
não tem vindo a ser analisada ou controlado pois, senão, como compreender que a
despesa com aquisições de bens e serviços dos institutos públicos tivesse
aumentado 10% em 2012, no ano de todos os cortes em salários e pensões, segundo
os próprios dados do Ministério da Finanças? Ou compreender o aumento de mais
de 50% desta rubrica na Administração Regional da Madeira? Quais os
esclarecimentos do Governo para este descontrole? (…)
L. Valadares Tavares, Professor catedrático emérito do IST,
ex-presidente do INA e presidente da APMEP, in PÚBLICO de 12 de Maio de 2013.
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