quinta-feira, 27 de maio de 2010

Falta selectiva de memória…

- Foi de dia ou de noite?

- Claramente de dia, fazia sol.

- Mas havia pelo menos uma nuvem, ou não?

- Espere aí, lembro-me que usava óculos de sol nesse encontro, mas se havia uma nuvem que fosse, sei lá.

- Recapitulemos: diz que fazia sol e não se lembra se havia, pelo menos, uma nuvem, é isso?

- Sim, confirmo. Havia sol mas não registei no meu diário a existência de qualquer nuvem.

- Mas então não entende ser necessário registar isso, para melhor nos garantir as exactas circunstâncias meteorológicas em que decorreu esse encontro?

- Não.

- Desculpe… mas muito me surpreende essa displicência em que ocupa funções da maior importância no País. Mas passemos a outra questão: afirmou que esse encontro durou cerca de 15 minutos…

- Sim, mais ou menos 15 minutos.

- Mas mais que 15 ou menos que 15?

- Cerca de 15 minutos.

- Está bem, já nos disse isso. Mas o que pergunto é se foram mais que 15 – 16 por exemplo – ou menos – 13, por exemplo.

- Não sei. Apenas posso garantir que se tratou de encontro breve, de cerca de 15 minutos.

- Mas o seu relógio tem um cronómetro, ou não?

- Deixe cá ver… Tem sim senhor.

- E se tem, não lhe ocorreu cronometrar exactamente a duração do encontro?

- Não… apenas costumo fazer isso nas minhas maratonas.

- Então lembra-se do cronómetro nas maratonas e não num encontro destes?

- Não.

- Como assim? Não se dá conta da gravidade da sua conduta?

- Na peida!

- O quê? Em qual peida?

- Na sua, obviamente.

- Sr Presidente : Estou satisfeito. O inquirido tem uma memória muito selectiva mas, no mais importante, foi ao encontro dos meus anseios.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

OS CHICOS-ESPERTOS DA SAÚDE…

A Ministra da Saúde quer que na receita médica se informe quanto é que o doente pouparia na opção por medicamento mais barato, com a mesma molécula.

E quem não está de acordo? Os médicos e os farmacêuticos.

Os primeiros justificarão a sua discordância com as tretas do costume: a sua autonomia, o princípio da bioequivalência e coisas assim, estilo xaropadas para a tosse. Não pensemos noutras motivações porque estamos perante gente muito séria. Que raramente se ri, a não ser nas costas dos doentes.

As farmácias – que muitas vezes fazem questão de não terem os fármacos mais baratos, para impingirem os mais caros – entendem que tal medida é geradora de conflitualidade entre doentes e médicos. Como se a gente não soubesse que auferem uma margem fixada em percentagem do preço dos medicamentos que vendem, e que 20% de 10 é 2 e os mesmos 20% de 50 é 10.

Quem se lixa? O paciente, o contribuinte que, muitas vezes, coincidem na mesma pessoa.

No esquerdo ou no direito? Manda a moeda ao ar para escolher...


Foi preparado para ser operado ao braço esquerdo e foi operado ao direito. O cirurgião pediu muitas desculpas. Já o chefe da equipa quis culpar o paciente que, debaixo de uma anestesia geral, teria a obrigação de informar os senhores doutores que estavam com os olhos trocados. E quase sobrava para a enfermeira, que preparou o braço a operar, rapando-o.

Mas sempre haveria uma compensação. Ao operar o braço errado teria também sido tratada lesão antiga, um bónus. Só que tal lesão não está registada no dossier do doente.

A notícia foi dada pelo Público de 19-05-2010. E coisa estranha: Crespo assobiou para o lado, Medina Carreira não explicou o sucedido com os seus habituais gráficos e nem o Bloco, nem o PP, chamaram a ministra ao Parlamento. A Ordem dos Médicos? Deve estar a tratar da implementação das medidas anunciadas pela ministra.

Será a notícia do Público exagerada? Ter-se-ia mesmo passado uma coisa assim? E se, por menos, temos alarme público, por que não neste caso?

Fui ver. Mas, como na tal balada, não era a neve que caía. O que acontece é que isto se passou num hospital para gente… particular, topam? Estivesse em causa uma unidade do SNS e seria o bom e o bonito. Não sendo, fica entre… particulares, ali para os lados da Nunciatura Apostólica. Que nada tem a ver com o caso, naturalmente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Haja saúde!

Acerca das medidas de poupança estabelecidas pela Ministra da Saúde, vem um comentador ao Opinião Pública da SIC-N com uma pérola mais ou menos assim: aceitar tais medidas é reconhecer que os gestores são incompetentes porque, se assim não fosse, não haveria nada em que poupar, nada a racionalizar.

Por mim, se tal comentador fosse gestor, melhor seria que se dedicasse ao comentário em exclusividade porque, certamente, se teria já esgotado como gestor. Já tudo teria feito de modo a que nada houvesse a poupar ou qualquer medida a implementar.

Não deve ser por acaso que tal comentador representa a Ordem dos Médicos cujos membros, no mínimo, sempre torceram o nariz aos gestores hospitalares de carreira. Porque antes de tais gestores eram eles que se sentiam competentes para gerir os hospitais, certamente a partir dos conhecimentos obtidos nalguma aula de Anatomia e que confundiam com Economia.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mas que f... é esta?


Deixa cá ver se assim sei contar pelos dedos…

O governo colocou dívida na banca portuguesa à taxa média de 2.95%, segundo ouço ali ao lado na SIC-N. A mesma banca não me paga metade daquela taxa. Mas usa o meu dinheiro para emprestar ao governo à taxa média de 2.95%. Por seu lado, o governo não me paga o mesmo (mesmo que algo menos) nas aplicações em certificados de aforro, quando eu preferia emprestar ao governo através de certificados de aforros.

Será que estou a ser tratado como tonto, com a banca a pagar-me 1% - por vezes menos – para depois emprestar ao governo à taxa média de 2.95%?

Ou, mais que tonto, estarei mesmo a ser f…?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Justiça - O que vale a avaliação Muito Bom

Um Procurador da República tinha sido sempre avaliado como Muito Bom. Mas, agora, corre o risco de ser compulsivamente aposentado porque esteve na origem de alegados atrasos em processos ao seu cuidado e que, por isso, prescreveram.

Isto segundo o Público de 05-05-2010.

E agora, que fazer aos seus avaliadores?