segunda-feira, 31 de março de 2014

Os êxitos dos canalhas...


Numa guerra, a vitória de uns pode muito bem assentar sobre muitos cadáveres, seja dos vencedores seja, sobretudo, dos vencidos. Quem fica vivo do lado dos vencedores comemorará, mas nenhum dos mortos comparecerá aos festejos.
Entre nós, a vitória dos canalhas no poder tem paralelo idêntico ao de uma batalha. Eles bem podem celebrar as suas vitórias, seja no que designam por recuperação da economia, seja num défice abaixo do previsto, mas não esqueceremos que isso se deve à conta de um brutal empobrecimento da população portuguesa, além de uma carga fiscal como não há memória e a permanente deterioração dos pilares básicos do estado social.
Ora a pobreza também tem números oficiais, através do INE (dados para 2012). Por isso:
-  se considerarmos apenas os rendimentos de trabalho, de capital e transferências privadas, o risco de pobreza – rendimento inferior a 409 euros - abrange 46,9 da população;
- mas quando àqueles rendimentos se juntam as pensões de reforma e de sobrevivência, o risco de pobreza ainda atinge 25,6% da população;
- se aos rendimentos anteriores acrescerem as prestações sociais relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, o risco de pobreza cai para 18,7%, ou seja, cerca de dois milhões de portugueses tem rendimento inferior a 409 euros.
E é à conta deste drama que os canalhas comemoram os seus êxitos e nos querem convencer da bondade das suas políticas que, na verdade, apenas defendem os interesses dos mais fortes e de quem são cães de guarda dos respetivos interesses.

quinta-feira, 20 de março de 2014

O prefaciador de Boliqueime...


Os seus discursos são lavra de outros, os prefácios roteiristas não sei. Mas quem também ficará com o cognome de inédito – porque inédita foi a comunicação ao país, ar solene em horário nobre, excessivo para um bronco – esqueceu-se bem cedo que ainda há pouco anunciou a austeridade até aos anos não sei quantos e despediu 2 assessores que se desviaram do seu pensamento único.
E que pede ele quando às próximas eleições?
Que não haja crispações, que todos se concentrem no essencial, na Europa, no fundo que haja juízo.
E lembrou, porque bronco avisado, que se trata de eleições para o parlamento europeu e não eleições legislativas ou autárquicas. Um aviso acertado para quem tem por hábito assobiar para o lado quando se fala da eventual antecipação das eleições legislativas.
Estamos mesmo fodeidos. Se estamos.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Caviar ou sardinhas


O Costa que governa foi em tempos diretor-geral do banco em que era presidente o prescrito Jardim. Mera coincidência.
O juiz que prescreveu apenas será acusado de mera incompetência. Deste nem sei o nome, mas a vida é assim quando se trata de figuras obscuras, ainda que capazes de importantes canalhices.
Os dois primeiros seguirão montados nas suas chorudas reformas, a arrotar a caviar. Nós ficámo-nos pelas sardinhas, as primeiras da época, bem boas, no modesto mas simpático Marítimo de Alcochete, onde não entra o caviar dos filhos da puta.
Aqui por uns dias eu continuo nas sardinhas, eles no caviar, prescrição esquecida, esperando nova e normal escandaleira. A menos que se lhes acerte na testa, na véspera. Porque aquilo, para o que não existe vacina, está-lhes no sangue.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Abra os olhos... e corra com a canalha!

Foto feita hoje numa carruagem do Metro de Lisboa
 
Quem recorre aos transportes públicos urbanos? Sobretudo quem se desloca para trabalhar ou para tratar dos assuntos da sua vida. É assim, sempre foi assim.
Os transportes púbicos urbanos perderam milhões de clientes nos tempos mais recentes. E isto porque, como é evidente para os mais atentos: a) quem está desempregado não utiliza os transportes como fazia antes, b) quem emigrou foi utilizar os transportes de outros países, c) as empresas de transportes reduziram a oferta com a eliminação de linhas e redução do tempo de serviço, d) outros reduziram ao mínimo o uso dos transportes, face ao aumento das tarifas e aos cortes nos seus rendimentos…

E que ocorre aos gestores destas empresas? Que se está perante comportamentos fraudulentos dos utentes que usam os transportes sem pagar. Sem mais.
Mas isso ainda seria o menos, se não ocorresse a tais gestores apelar aos utentes pagantes para que se transformem em bufos, denunciando as fraudes, apontando quem viaje sem pagar.

Mas tais gestores vão ter um azar dos diabos: são poucos os olhos azuis nos nossos transportes públicos e a maioria serão de turistas que não percebem o que se escreve nestes miseráveis cartazes, nestes cartazes que só poderiam ocorrer a gestores tolerados pela canalha que os nomeia e que aqui é conivente com a bufaria que se quer promover.
 

quinta-feira, 6 de março de 2014

No precipício...


Tínhamos a promessa da água doce, mar revolto à nossa volta, mas eu preferi a doce tempestade da reentrância numa falésia de oferendas cálidas. E picámo-nos docemente nos nossos segredos até que nos amanhecemos.
Agora seguramo-nos à beira do abismo, com juras de que os desejos de ontem sejam os sonhos de amanhã.