terça-feira, 30 de julho de 2013

Parabéns, Lídia Jorge.

Capa da edição de Agosto do Le Magazine Littéraire. Lídia Jorge na primeira fila, à direita.

Le Magazine Littéraire considera Lídia Jorge entre as “10 vozes da literatura estrangeira” e dedica nesta edição de Agosto um dossier àquela que considera ser “uma das principais figuras da literatura portuguesa” e que tem “um estilo soberbo, manuelino”.
 

sábado, 27 de julho de 2013

"O que é a ONGOING?"

Na altura, recordo bem o ar de canalha querendo passar por ignorante inocente, ao questionar o depoente naquela comissão parlamentar de inquérito. A pergunta “O que é a ONGOING?” ficou registada como uma despudorada dissimulação porque, a ignorar o que era a ONGOING, a primeira coisa a perguntar era o que fazia este farsante naquela comissão de inquérito.
Mas esta fita teve um resultado, inesperado ou não: o dissimulado velhaco foi recrutado pouco tempo depois, para a ONGOING, com direito a lugar no Brasil, talvez por não querer ficar por cá a mostrar a cara, sabe-se lá se por lhe sobrar ainda uma réstia de vergonha.
E deixou o seu lugar de deputado para aceitar ser alto quadro de uma empresa envolvida em grandes polémicas, uma delas relacionada com as secretas. Esta a postura de um homem de estado, de um zelador do interesse público.
Regressando pouco tempo depois, tudo indica que não justificou o investimento nele feito pelo novo patrão que sabe ao que anda, tanto lhe valendo Branquinho como outro qualquer velhaco, desde que renda.
E agora? Agora acaba de ser empossado Secretário de Estado da Segurança Social, pasta que lhe é estranha, como estranhas deveriam ser as tarefas na Ongoing. Mas aqui não terá as mesmas exigências da parte de quem o emprega, além de que terá na máquina do estado quem lhe disfarce incompetências e falta de jeito.
E porque este Branquinho e não outro velhaco para tal SE? Apenas porque havia que manter o equilíbrio regional na distribuição de lugares. Assim, se o anterior SE, também estranhamente cônsul honorário da Bielorrússia, era da distrital do Porto do PSD, o seu substituto teria que vir de lá. E veio o que estava à mão.
Claro que se corre o risco de, já de seguida, perguntar, admito que com muita razão, “O que é a Segurança Social?”. Se assim for, haja quem lhe explique mas, sobretudo, o controle para evitar estragos. Que a matéria é delicada.
Já agora: Branquinho foi empossado por um presidencial reformado, que em tempos se queixou do valor das reformas que aufere, que não aguentariam as suas despesas, e que parece não se dar conta desta pouca vergonha. Talvez para evitar crises, talvez por não ter tomado a medicação.
Puta de vida a nossa!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Um labirinto do carago!

Esta farmácia, segundo notícias, está fortemente envolvida em fraudes ao SNS, com detenção de pessoas a ela ligadas, nomeadamente o seu diretor técnico. E foi agora encerrada, provisoriamente.
Uma curiosidade: a farmácia é pertença de uma firma com o engraçado nome de Megalabirinto Unipessoal, Lda, como se não bastasse um mini. Depois as coisas dão no que se sabe, talvez por causa da mania das grandezas.
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

MUKHWAS...

Não tenho por hábito meter conversa com quem não conheça, sou mesmo muito reservado. Mas correspondo a um olhar, a um sorriso, a uma saudação.
Naquele restaurante, as mesas permitiam a proximidade física de quem nelas se sentava, de pequenas que são, encostadas umas às outras em espaço modesto, incluindo a sua dimensão.
De repente tenho a oferta de um copo de tinto da garrafa que o meu companheiro de frente, acabado de chegar, bebia, quando eu me tinha limitado ao vinho da casa. Aceitei dada a insistência e foi mesmo por ele pedido copo de decantar que agora a pinga era outra.
E fomos fazendo conversa de circunstância, facilitada pelo jogo que olhávamos na televisão, comentando o que se passava no campo.
Estava para partir para Inglaterra, que as coisas aqui estavam a correr-lhe mal, quase obrigado a desfazer-se do apartamento aqui próximo do meu.
Acabado o jantar, sacou de uma saqueta e sugere-me que desfaça na boca uma espécie de sementes coloridas que facilitariam, segundo ele, a digestão. Aqui fiquei alarmado e tive que me desenrascar fingindo que procedia conforme pedido, embora ele mastigasse aquela mistura, convictamente.
Depois disso, e andando então de canadianas, fez questão de me fazer companhia até à porta de casa, uma conversa quase sem fim, grãozinho na asa.
Ontem passei pelo Centro Comercial da Mouraria, pela zona de cheiros e sabores do oriente. E fiquei a saber o que eram aquelas sementes de que desconfiara. Nada mais que “MUKHWAS, mistura de sementes digestivo” (sic). E comprei.
Ah! Aquele meu amigo, que nunca mais vi, pertence à comunidade indiana. Uma simpatia. Eu… um desconfiado.
A vida tem destas surpresas…

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Renascido - Ano 2

A primeira imagem que me ocorre é a das luzes das ruas percorridas, deitado em maca, entre os dois hospitais. Experimento a primeira angústia quando, por agravamento do quadro clínico, foi necessário regressar para o HSM. Depois, durante uns dias, senti-me lá, na fronteira, com muitos a puxar-me para este lado, a insistirem que não era ainda a minha vez. E não foi.
Só muito mais tarde tive presença de espírito para ler documentos de alta, os diagnósticos, os tratamentos feitos, os resultados das análises e exames efetuados. Que palavrões tão obscenos para um leigo que até então apenas entrara em hospitais como visita e que chegara à pré-reforma sem um dia de baixa. E logo uma septicémia…
Foi há dois anos. E tudo começou na noite de 21 para 22 de Julho, a partir de um episódio banal, segundo a minha interpretação: uma injeção por causa das dores no ombro direito, julgo que uma tendinite.
Estou aqui porque não era ainda a minha vez. E não era porque o não quiseram médicos, enfermeiros e outro pessoal do HSM, enfim, o nosso SNS. E porque, de forma muito intensa e dedicada, houve quem me puxasse para este lado, animando-me, sobretudo quando era fácil desistir.
Renasci das cinzas, à conta de uma dívida de gratidão que nunca conseguirei pagar.
Obrigado a todos.

sábado, 20 de julho de 2013

... tudo é aletófilo, preceituoso.

Imaginem-se a ler esta carta sobre qual tive que me debruçar em 1978 e a terem que lhe dar resposta. Já não sei se respondi, ou se alguém o fez no meu lugar, e em que termos. Mas há gente que nos surpreende, mesmo quando pensamos que já vimos tudo.
Aí vai:
À Mui doutíssima e preclara Direcção Administrativa da Companhia de Seguros XXXX
Distintíssimos Snrs
Refª Prospector: XXXXX
O infra assinado, de seu nome XXXX, residual que é na (morada), impetra ou faz de rogatividade e como acto a deferência por amerceio de V. Sªs., o seguinte e a que se agraciarão pôr a conspecto e para um defendente de futurólogo: que, tendo vintenado, já, como prospector ao serviço da nobilitante Organização de V. Sªs. dessem o beneplácito e para que tal fosse concrescível.
O signatário, não dessabe que a sua acção tem sido assaz demeritosa e no tocante a uma quantificação agenciosa de clientelados. De efeito, assinto, tenho sido o mais roçagante por um abulicismo do que uma açodação e fosse tendencial a uma captível de noveis segurados.
Há múltiplos factores e, de per si, são a uni jugar-se para tanto.
Consinta-se-me o não aurorá-los. Deixá-los sem clarificação e onde, sem epi fenomenologia alguma, cêntricamente esbatem ou se motivam.
Aliás, a pacacidade de espírito, é, tantas vezes, coisa a magnificar. De resto, é-me credível e por aceitabilidade ideologizante, que nem V. Sªs batem por qualquer escalpelo devassante e lhes possibilitasse o desvendo do móbile, seu causal e forma de estanquicidade.
Sou um discípulo da razão. Genuflexo-me à mesma.
Daí, ainda que, talvez, a ousar, ousar, e a desencanto, que sei eu, o que imploro a V. Sªs. afigura-se-me passível de perdoança, por um lado, e a cedente com condicionantes ou não, por outro.
Como quer que seja, V. Sªs. ajuizá-lo-ão e num linear planejante.
Posto isto, refluindo no tempo e no espaço e após elocubração de profundeza meditativa, seja-me consentível aflorar aqui e a extante deste frasista de inópia, de escassez de pena, (ah, Vitor Hugo, inolvidável demiurgo e linhagista de insilviada, que falta fazes!) um outro preditivo e gostaria fosse aquiescente: o de, logo que permissível, e, após examinativo contabilístico, fosse comissionado por o ainda em falto e cujo fluxo reditício dada a sua já vencibilidade, fosse obtenível dum chamamento aos escritórios da Delegação, no Porto.
A visitação do signatário, apenas será factível, se, previamente, for receptivista dum epistolográfico e estritivo a tanto.
Ser-me-ia prazível grafar aqui o cifrático do que tenho a auferibilidade erecta. Não tenho uma contabilidade divina ou, sequer, salomónica.
Dar-se-á o caso, conseguintemente, de alguma errata. Convenho, ainda que a descálculo e por desprudência, aliás, no signatário, consuetudinarista, idiossincrática, numas 6 comissões e, essas, diversificadas.
Aí, porém, pô-lo-ão a alvente. E, nem serei oponente ao que me for quantiado. Aceitá-lo-ei de bom grado, certo, certíssimo, como estou que daí tudo é aletófilo, preceituoso. Nada, nadíssimo, é falsador.
Assim o escrevo. Assim é e como unção de selecta verdade.
Subscrevo-me com a mais elevada estima e consideração.
De: V. Sªs.
Atentamente
P.S. Auguro, efusivamente, o mais resplandecente Natal.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Uma do Luiz Pacheco

Foi numa livraria que já era, no Rossio, lado do Nicola, com uns dois ou três degraus até chegar aos expositores e estantes, naqueles tempos em que as livrarias também tinha livreiros que conviviam com escritores e leitores.
E foi ali que fui cravado pelo Luiz Pacheco, impingindo-me esta fotocópia, mas numerada e assinada a lápis, como se o fosse uma serigrafia. Mas o papel não é de serigrafia e tudo indica que, a partir de um original de H. Mourato, foram feitas 50 fotocópias, posteriormente numeradas e assinadas. Mas que se lixe! Pacheco deve ter pedido 20 paus ou coisa assim, ficou feliz, e eu guardei até hoje esta pérola.
E que se lixe porque a fotocópia vinha acompanhada de um bónus: um cartão que, referindo-se ao nº 7 atribuído à minha serigrafia, aliás fotocópia, diz isto: “7, nº Ka-ba-lís-tico (não confundir c/ KA-VA-KU ou KA-DI-LHE)” e isto aparenta ser música do Pacheco, numa altura em que o governo era um dos do KA-VA-KU.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um livro pró lixo...

Comprei porque o título seduzia e o assunto me interessava. Mas é um barrete, a dar-me razão quando sou desconfiado quanto a certas editoras. Neste caso, a Editorial Presença, com prestígio, lá saberá por que empurrou a edição para a sua Marcador Editora.
Quem traduziu não percebeu a matéria em causa e a fixação do português pós tradução deixa muito a desejar, mesmo muito, apesar da intervenção de uma revisora, faria se o não fosse.
Um livro pró lixo, depois de pago, e lido de uma forma desesperada. Sem adiantar nada ao que já sabia.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Não são rosas, Rosas!


Isto não vai lá com flores, Rosas…
Por isso aponta aí enquanto a memória ainda retém factos, aliás muito recentes. E foi assim:
1.   A troika entrou com o chumbo do PEC4…
2.   Para isso contribuíram, de forma decisiva, o BE, a par do PCP, claros aliados da direita então ao ataque do poder. Desculpa não referir o PEV que não conta para isto, pois atua por procuração.
3.   Depois foi o que se sabe. Giro, diria sexy, era não se ter nada a ver com a troika, com as conversas que então houve. Ficar de fora dá para ir à praia, sem perder tempo com coisas menos sérias.
4.   Ou seja: objetivamente o BE quis a troika por cá, mas não é para conversas. Por razões de contágio, contágio que não temeu quando se juntou à direita no chumbo do PEC4.
Rosas, escreve já esta parte da nossa história recente, que história é mesmo para historiadores.
Não faças disto estórias da carochinha, sff.
Obrigado, Rosas.

Hoje houve sardinhas...

As minhas sardinhas em Alcochete
É aqui, pela janela à  esquerda, sem a ver, que imagino a Ponte Vasco da Gama, no seguimento do Túnel do Grilo, esse sim bem visível. E não sei se é por ali que me vinha o cheiro a sardinha assada, ou se este não passa de imaginação ou consequência de desejos para os quais, no entanto, não me sinto fadado.
Fosse o que fosse, melhor seria corresponder a um apetite, sem perder mais tempo com justificações a tender para o parvo.
E lá estavam elas, em Alcochete, minutos depois. Num adequado ambiente. Paredes cobertas por azulejos, imitando o antigo, a mais de três quartos de altura, decoração com objetos náuticos (roda de leme, boia, exemplares de nós de cordas, veleiros em miniatura…) e até o fado, na forma de legenda num aparelho de televisão: “mulher envenena marido e deita fogo à casa”.
E rapidamente as tinha debaixo do queixo, acabadas de grelhar: 7 sardinhas 7, número cabalístico, número primo. Mas com direito a mais 2, que a gente ali é mesmo simpática, ainda que com prejuízo do meu número primo e cabalístico.
E estavam boas, muito boas.
Para a sobremesa não poderia esquecer estar na margem sul que mereceu, em tempos, classificação de deserto e o decorrente "jamais" do ministro Lino, quando se discutia a localização de um aeroporto. Ora, estando num deserto, nada como uma baba de camelo, seguida de um café.


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Literatura versus porcaria...

O próprio, esse de Dan Brown, designa por “uma operação militar” as manobras de tradução do seu recente Inferno, segundo PÚBLICO de hoje. Exemplificando: em Milão 11 tradutores trabalharam sete dias por semana, até às oito da noite, num piso subterrâneo do edifício da editora italiana. Os tradutores eram obrigados a entregar os telemóveis à entrada, assim como qualquer outro aparelho que lhes permitisse qualquer tipo de comunicação com o exterior, sendo ainda proibidos de discutir entre si o livro e a sua trama. Tudo isto porque, “uma fuga de informação afeta a expectativa dos mercados e, com a informação global, estaria rapidamente por toda a parte”, afirma o seu editor em Portugal.
A isto podem chamar espetáculo, mas eu prefiro a literatura e esta tem que valer por si, sem truques ou farsas…
Li a custo o primeiro Dan Brown. E chegou-me.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mas que FdP!


Depois de ler e reler o “Discurso Sobre o Filho-da-Puta” do Alberto Pimenta, tive que admitir que tal personagem existe, sob as mais diversas formas ou disfarces, em muitos lugares. Os filhos da puta não são criações literárias, são personagens de carne e osso. Mas há filhos da puta que ultrapassam tudo, espécies que certamente não ocorreram a Alberto Pimenta, naquele ano de 1977, como é o exemplo de um requintado filho da puta, capaz de escrever isto: “obedeço à minha consciência e mais não posso fazer” pelo que “o pedido de demissão” “é irrevogável”. Mas não era, nem foi.
Este filho da puta discordava da indigitação de uma ministra e, garantia, aceitar tal companhia “seria um ato de dissimulação”, nem “politicamente sustentável, nem pessoalmente exigível”. Mas filho da puta é capaz disto e do seu contrário.
O refinado filho da puta tinha-se por mal tratado no governo, por não lhe darem a importância que tem por devida e, por isso, tinha o seu contributo por “efetivamente dispensável”. Mas recuou, como faria qualquer filho da puta.
Mas o melhor filho da puta vê sempre recompensada a sua filho-de-putice. Por isso está indigitado vice PM, sendo quase certo que terá um manhoso cobarde a garantir-lhe, entronizando-o, que vale bem a pena ser-se um grandessíssimo filho da puta.