segunda-feira, 28 de maio de 2012

Peixe grelhado - Uma paixão nacional


Que peixe…
“O peixe para grelhar tem que ser imaculadamente fresco, e essa é uma das razões pela qual se desenvolveu uma cultura de peixe grelhado em Portugal.”
“Mas nem todos esses peixes são vocacionados para serem grelhados. Os peixes mais secos só com muita boa vontade aguentariam esse tratamento. Na prática, pescada, pargo, peixe galo, fanecas, são alguns dos peixes que não costumam ir à grelha.”
“Há muitas formas de grelhar o peixe, mas normalmente a preferida é no carvão. Segundo Jorge Sousa, grelhador-mor do Bar do Peixe, no Meco, grelhar peixe requer uma série de procedimentos e sabedorias que só com ao nos se reúnem. Como grelhar no carvão é uma actividade complicada e suja, o hábito é fazê-lo fora de casa, nos restaurantes*. Sousa sintetizou algumas recomendações para um bom peixe grelhado. Em primeiro lugar, claro, a qualidade do peixe. O peixe para grelhar é sempre um peixe nobre, mesmo que seja muito barato como as sardinhas. Os peixes menos nobres ou já menos frescos devem ser tratados de outra maneira, e aparecem nas caldeiradas e outros pratos que integram sabores mais ricos.”
* Prefiro o ar livre. Um jardim, por exemplo.




Que sal…
"Deve utilizar-se sal grosso e o menos refinado possível. Ao virar, remover o excesso de sal com um pincel. É fundamental usar uma grelha velha e grande, com espaço para gerir as brasas com cuidado. As brasas serão feitas ao lado e transferidas para a zona do peixe à medida que são necessárias.”
Ritmo e temperatura…
O calor moderado é mais um factor decisivo. Um pregado de 6 kgs chega a levar uma hora a grelhar. Se apanhar demasiado calor no princípio, é inevitável que fique demasiado queimado por fora quando o interior cozinhar.”
Luís Antunes, PÚBLICO/Fugas de 26-05-2012
E fica o essencial quanto ao peixe, ao sal, à grelha, as brasas e o ritmo da confeção.
Saiam uma sardinhas para esta mesa, sff.

domingo, 27 de maio de 2012

Toma lá sushi!


“Graças ao sushi, ficcionamos um país e um povo – na ilusão de que nesse contacto com a comida adquirimos a elegância e a delicadeza do Oriente.”
Mais
“Não deixa de ser curioso que, num país onde a presença e a história japonesa estão praticamente ausentes (ao contrário do que acontece no Japão, onde se ensina sobre alguns períodos da história de Portugal), o sushi esteja hoje tão presente na vida social dos portugueses.”
Mais ainda
“A sedução que o sushi provoca tem efeitos directos e outros colaterais. Pelo preço e pela raridade, é um artefacto exótico que serve os mecanismos de sedução: sexuais ou sociais. Tem efeitos colaterais quando surgem os equívocos de pensar que pode servir como dieta de emagrecimento ou que é um contacto com a comida natural. Este último é, de facto, uma qualidade intrínseca do sistema de signos japonês onde o sushi se insere, mas está indissociavelmente ligado a uma contenção na alimentação diária e a uma obsessão pela aquisição de produtos naturais. O sushi transporta consigo uma etiqueta desconhecida para a maioria dos comensais ocidentais e portugueses; naturalmente, decorre de um conjunto de regras sobre uma boa alimentação que está associada a uma vida sã que envolve não só o comensal como o sushiman, o cozinheiro ou, melhor dizendo, o cortador, confeccionador e decorador do prato.”
Excertos da crónica de António Pinto Ribeiro, PÚBLICO / Ípsilon de 25-05-2012
Nota: Não gosto do sushi, nem me esforço por isso. Prefiro sardinhas assadas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A política do non sense


“Beppe Grillo será um humorista talentoso, um blogger criativo, mas é altamente improvável que da sua intervenção política possa resultar seja o que for de verdadeiramente útil e inteligente. O que não quer dizer que esta nova realidade não deva ser objecto de uma reflexão profunda.
A ascenção destes movimentos a crise profunda da dimensão política enquanto espaço de confrontação de projectos alternativos. Quando na disputa partidária tradicional não parece haver lugar para a divergência, é natural que os eleitores busquem formas de representação alternativas independentemente da clarividência e viabilidade dos projectos que se propõem apoiar. Entre o desespero e o cinismo, a escolha revela-se muito limitada.
Precisamos, por isso, em toda a Europa de reconstituir um campo de discussão política alicerçado num confronto claro entre projectos distintos providos de igual legitimidade e idêntica expectativa de exequibilidade prática. Se ao relativo esgotamento dos grandes sujeitos sociais tradicionais acrescentarmos a diluição de identidades filosófico-políticas clássicas, estaremos a abrir caminho ao triunfo da irracionalidade que se apresentará com máscaras populistas diversas. E, neste caso, a opção pelo humor é, apesar de tudo, preferível a qualquer outra. No riso, há sempre um tributo à liberdade e à inteligência. Beppe Grillo será sempre preferível a qualquer Marie Le Pen. Na vida política, o sarcasmo é sempre mais apetecível que o fanatismo.”
Extrato da crónica de Francisco Assis no PÚBLICO de 24-05-2012.
O movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo conquistou 4 câmaras nas eleições municipais italianas, entre as quais a de Parma.
O movimento não tem sede, os seus membros não vão à televisão, utilizando as redes sociais para passar a sua mensagem, e tem como um dos seus mais afirmados objetivos pugnar pela democracia direta.
Sondagem recente dá ao movimento 18,5% dos votos nas legislativas – a segunda posição - se estas se realizassem esta semana.
Na sua crónica Francisco Assis aponta as razões da génese deste tipo de fenómenos e previne. Este sustenta-se num comediante. Por agora?

Crespo cheira mal da boca


Crespo é um nojo e não se dá conta disso. Quem tanto fingiu ser pela liberdade de imprensa, quem se apalhaçou no parlamento com as fotocópias e a t-shirt, tem agora dificuldade em engolir o caso Relvas, por mero preconceito político. Porque os infratores só podem estar do lado que Crespo, no seu alto critério, entende.
Crespo é um nojo que só não dá cabo de um canal porque nele se limita a uma hora diária e porque muito do que se diz ou comenta nessa hora sai da boca de outros. E estes opinam sem o dever de isenção e independência para o que Crespo se borrifa.
Crespo é um nojo porque não se apercebe que está cheia de nódoas a figura que faz quando se apresenta no papel de jornalista.
Para Crespo, o caso Relvas não existe, porque Relvas o nega. E isto porque Crespo está muito longe de ser capaz de puxar pela sua cabeça. E mais grave ainda: Crespo toma os que o ouvem por mentecaptos, como se tivessem que pertencer ao clube de que é o único exemplar.
Crespo é um nojo e uma ridícula criatura. Crespo cheira mal da boca e ninguém parece ter a coragem de lhe chapar isso nas ventas. E essa é a única deferência que uma reles figura.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Claustrofobia democrática - Paulo Rangel engasgado


Paulo Rangel soube há não muito teorizar e pregar de forma indignada sobre o que designou por claustrofobia democrática. Mas agora, numa indireta que tenho que admitir se relacione com o caso  Relvas, limita-se a esta pérola, no PÚBLICO  de 22-05-2012:
“NÃO
Relações com os media. O esclarecimento total é do interesse de todos. O Governo e os seus membros têm de manter um registo impecável em sede de liberdade de imprensa.”
E chega!

Leituras em dia : "A Estepe" de Anton Tchékhov


O Padre Cristóvão fechou os olhos, reflectiu e disse a meia-voz:
- “O que é a substância?” – “ A substância é aquilo que existe por si e se realiza por si própria”.
[…]
Caminha-se uma hora, duas horas…Encontra-se um velho e misterioso túmulo, ou uma estátua de pedra posta ali, sabe Deus quando e por quem; uma ave nocturna voa silenciosamente por cima da terra e, pouco a pouco, as lendas das estepes, as narrativas daqueles que por ali passam, os contos das velhas amam oriundas das estepes e tudo aquilo que aprendemos por nós próprios e entesourámos na alma nos vem à cabeça. E então o zumbir dos insectos, as figuras suspeitas e os túmulos, o azul do céu, o luar, o voo de uma ave nocturna, tudo quanto se vê e se ouve, começa a parecer-nos o triunfo da beleza, da mocidade, o esplendor da força e uma sede apaixonada de viver. A alma vibra em uníssono com a vossa pátria, bravia e bela, e querer-se-ia pairar por cima da estepe com a ave nocturna.”
Tudo é simples na escrita de Tchékhov. Uma simplicidade quase absurda: na narrativa, na sua extensão, nas personagens. Mas captando sempre o real, a sua substância.
Não eram fáceis na altura as relações entre a Suécia e a Rússia e, por isso, não seria politicamente correta a atribuição do Nobel. Mas é um autor premiado pelo tempo que nem tudo esquece.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando o BdP se demite do que parece óbvio...


Um acionista do BCP com posição qualificada foi às compras e comprou ações da UBS. Como tantos outros que vivem da mera especulação – e para isso basta ter dinheiro e, particularmente, relações na praça – contraiu um empréstimo junto da própria UBS dando as ações compradas como garantia. Mas as ações sofreram uma desvalorização de 30% pelo que deixaram se ser suficientes para garantia do empréstimo contraído. E, vai daí, a UBS pede reforço da garantia dada. E quem dá esse reforço? O BCP sem que, no entanto, tenha pedido ao seu acionista qualquer contrapartida e que viu agora a sua conta junto da UBS debitada.
Que diz a isto o Banco de Portugal, entidade reguladora? Que nada tem a ver com o caso pois “a concessão da garantia em causa [a tal que não foi exigida ao acionista] é, obviamente, matéria da exclusiva responsabilidade dos órgãos de gestão”.
E eu a pensar que neste tipo de aventuras não é apenas o dinheiro dos acionista que corre riscos, mas também o dos depositantes, em caso de borrasca em maior escala.

A revolução cultural chinesa - Fase 2


A China já tem 1.400 McDonald’s que empregam cerca de 80.000 pessoas e é neste momento o terceiro mercada desta cadeia de fast food. Até finais de 2013 espera ter 2.000. Isto é que é revolução cultural.
Porca miséria!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

25 de Abril Sempre! Jardim nunca mais!


Jardim Gonçalves indignado, até parecendo Otelo. Só que Otelo esteve lá, no 25 de Abril. Que se cale Jardim, não venha alguém lembrar-lhe, com efeitos retroativos, que o programa do MFA não compreendia nada que tivesse permitido o regabofe que lhe permitiu as escandalosas mordomias.
Por isso, 25 de Abril Sempre! Jardim nunca mais!

domingo, 20 de maio de 2012

Manif pela liberdade de informação, muito brevemente


Na época de Sócrates, um bando de virgens mais ou menos conhecidas rasgou as vestes a favor da liberdade de imprensa, contra o que tinham por pressões sobre órgãos de comunicação social. E estas, a existirem, nunca compreenderam a chantagem da divulgação na net de aspetos da vida privada de uma incómoda jornalista.
Na altura até se organizou uma manif com este suporte de promoção.
Desta vez temos um ministro que pressiona e chantageia como nunca se terá ousado e, pedindo desculpa, apenas confessa o óbvio.
Imagino, por isso, a azáfama das mesmas virgens com a organização de uma ainda mais indignada manif e para a qual bastará, na sua promoção, utilizar o mesmo suporte, bastando a indicação da nova data. O local pode ser o mesmo, por muito apropriado.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Leituras em dia - "O Demónio Branco" de Lev Tolstói


O conflito entre tchechenos e russos, entre ortodoxos e muçulmanos, numa espiral de violência, é o contexto deste conto, baseado na vida de um homem real, na sua luta contra o destino. No estilo narrativo brilhante de Tolstói que, para a época, não poderia ser Nobel da Literatura apesar dos seus muitos méritos. Porque tais méritos literários conviviam com uma postura crítica face ao Estado e à Igreja – proximidade com o anarquismo e defensor de uma religião sem dogmas – com a precursora pregação do conceito da não-violência que Gandhi, seu admirador, viria a prosseguir de modo mais evidente.
Hoje poderia ser diferente. Mas, na altura,  a um desalinhado como Tolstói restava esperar pela consagração do tempo. E está consagrado.

À mesa, com Isabel do Carmo


“[…] E podemos dizer para todos que consumam grão e feijão, alimentos muito ricos e cujo consumo vemos declinar por uma questão de moda. E conserve-se esse bom hábito português das sopas. E dos vegetais cozidos ou crus misturados no prato, à boa maneira mediterrânica, sem pratinho à parte a imitar nos da Europa do Norte o que não deve ser imitado. E multipliquem-se as hortas, mesmo que seja num barril cortado ao meio e instalado na varanda (1). […]
Isabel do Carmo – in PÚBLICO de 17-05-2012
(1)    Ou no jardim, acrescento eu.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Recantos da memória

Ecomuseu "Farinera de Casteló d'Empúries"

... já fui feliz aqui.

Mercado, Estado e Democracia - Escreve quem sabe


 “[…] Assistimos , assim, a uma verdadeira idolatria do mercado e a uma grande desvalorização Estado, da esfera pública, e da dimensão política. No limite, ao ignorar de escolhas colectivas, passou a conceber-se o mercado como um mecanismo de regulação alternativo ao contrato social, o que pode pôr em causa princípios fundamentais da democracia. O regime democrático, entre outras coisas, proporciona a expressão pública de reivindicações sociais concretas e aponta para um horizonte de equidade de conteúdo bem diverso daquele que decorre do puro funcionamento do mercado. Um caso típico é, precisamente, o do desemprego. Uma sociedade democrática dificilmente poderá conviver com elevados valores de desemprego, nem tão-pouco parece ser compatível com níveis desmesurados de precaridade laboral. Dificilmente e democracia, que não se limita apenas a uma dimensão procedimental, poderá sobreviver sem um certo grau de protecção social. O mercado pode, teoricamente, conviver pacificamente com a insegurança, a precaridade e a exclusão; a democracia não.
Há hoje quem, em nome dos desafios colocados, preconize a rendição absoluta a objectivos puramente económicos, sacrificando qualquer preocupação de equidade social. Esse caminho, que não está provado que seja o mais racional do ponto de vista económico, é certamente o mais destrutivo na perspectiva da salvaguarda da democracia.” […]
Francisco Assis – in PÚBLICO de 17-05-2012


Antes a praia...

- Mas você está com muito bom aspeto...
- Admito, doutora, mas em vez de estar na praia estou aqui.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Para uma Esquerda Livre - Manifesto

Portugal afunda-se, a Europa divide-se e a Esquerda assiste, atónita.
As raízes desta crise estão no desprezo do que é público, no desperdício de recursos, no desfazer do contrato social, na desregulação dos mercados, na desorientação dos governos, na desunião europeia e na degradação da democracia.
Em Portugal e na Europa, a direita domina os governos, as instituições e boa parte do debate público. A direita concerta-se com facilidade, tem uma agenda ideológica e um programa para aplicar. A direita proclama que o estado social morreu e que os direitos, a que chamam adquiridos, são para abater.
Em Portugal e na Europa, a esquerda está dividida entre a moleza e a inconsequência. Esta esquerda, às vezes tão inflexível entre si, acaba por deixar aberto o caminho à ofensiva reacionária em que agora vivemos, e à qual resistimos como podemos. Resistir, contudo, não basta.
É necessário reconstruir uma República Portuguesa digna da palavra República e construir uma União Europeia digna da palavra União.
É preciso propor aos portugueses, como aos outros europeus, um horizonte mais humano de desenvolvimento, um novo caminho para a economia e um novo pacto de justiça social.
É possível fazê-lo. Uma esquerda corajosa deve apresentar alternativas concretas e decisivas para romper com a austeridade e sair da crise, debatidas de forma aberta e em plataformas inovadoras.
A democracia pode vencer a crise. Mas a democracia precisa de nós.
Apelamos a todos aqueles e aquelas que se cansaram de esperar – que não esperem mais.
É a nós todos que cabe construir:
UMA ESQUERDA MAIS LIVRE, com práticas democráticas efetivas, sem dogmas nem cedências sistemáticas à direita, liberta das suas rivalidades, do sectarismo e do feudalismo político que a paralisa. Uma esquerda de cidadãos dispostos a trabalhar em conjunto para que o país recupere a esperança de viver numa sociedade próspera e solidária.
UM PORTUGAL MAIS IGUAL, socialmente mais justo, que respeite o direito ao trabalho condigno e combata as injustiças e desigualdades que o tornam insustentável. Um país decidido a superar a crise com uma estratégia de desenvolvimento económico e social, com uma economia que respeite as pessoas e o ambiente, numa democracia mais representativa e mais participada, com um Estado liberto dos interesses particulares que o parasitam.
UMA EUROPA MAIS FRATERNA, à altura dos ideais que a fundaram, transformada pelos seus cidadãos numa verdadeira democracia. Uma Europa apoiada na solidariedade e na coesão dos países que a formam. Uma Europa que ambicione um alto nível de desenvolvimento económico, social e ambiental. Uma União que faça do pleno emprego um objetivo central da sua política económica, que dê um presente digno aos seus cidadãos e um futuro promissor às suas gerações jovens.

As novas oportunidades dos estarolas que nos governam


Para Passos Coelho – aqui é para assobiar como deve ser – há que encarar o desemprego como uma oportunidade de relançar a vida, apesar de cada dia haver mais desempregados, isto é, empregos é coisa que não há. Nem os estarolas fazem o que quer que seja para inverter a situação.
Por outro lado, as Novas Oportunidades, permitindo qualificar e certificar competências, é coisa para acabar, o que não deixa de ser uma forma original de fazer do desemprego uma oportunidade.
E com o fim do programa Novas Oportunidades temos mais umas centenas de desempregados entre funcionários e técnicos àquelas afetados. Ou seja: mais uns quantos com direito a esta original oportunidade apenas possível na boca de um filho de putin. E igualmente aldrabão, pois tinha prometido fazer avaliar as Novas Oportunidades, mas preferiu pura e simplesmente desmantelá-las.

Lendo "O Preço do Dinheiro" de Ken Follett


O editor do Evening Post vivia na ilusão de pertencer à classe dominante. Filho de um funcionário dos caminhos de ferro, ao longo dos vinte anos que tinham decorrido desde que saíra da escola subira rapidamente no escalão social. Quando sentia necessidade de se reassegurar, lembrava a si mesmo que era diretor do Evening Post Ldt. e um formador de opinião; e que o salário que auferia o colocava nos nove por cento de chefes de família privilegiados. Nunca lhe ocorrera que jamais se teria tornado um formador de opinião se as suas opiniões não coincidissem exatamente com as do proprietário do jornal; nem que a sua liderança era controlada pelo proprietário; nem que a classe dominante é definida pela riqueza e não pelo rendimento auferido.”
E, por estas e semelhantes razões, muitos são os iludidos que andam por aí.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Praia de Loriga - Foto de Rui Paradinha

Zona dos mais novos

Secretas, meninos de coiro e a importância da bandeira...








Repare nestes moços tão aprumados e tente responder às seguintes questões:
Será um deles um ex-chefe do SIED – Serviço de Informações Estratégicas e que, depois de perguntar quanto valia, se passou para uma organização de meninos de coiro chamada ONGOING?
Acertou. É esse, o mais cheiinho.
E veja agora se identifica o segundo: será um muito frenético ministro do governo em funções?
Acertou, é mesmo ministro.
Repare agora num pormenor comum aos dois: aquela pose de estado, junto da bandeira, do símbolo da pátria sim que, um e outro, fazem questão de se apresentar como dois bons patriotas.
Assumido que os conhece e que os tem por patriotas, responda agora às seguintes questões:
Acha que algum deles seria capaz, depois de sair para a tal organização de meninos de coiro, de elaborar um plano para a reforma dos serviços de informação da república, plano no qual recomendava para os lugares de topo pessoas de sua confiança, ao mesmo tempo que recomendava o afastamento de outros que não lhe davam garantias?
Naturalmente que não acredita numa coisa dessas… porque a bandeira ali ao lado nos dá muitas garantias de seriedade de processos.
E seria capaz de acreditar que tal plano tenha sido enviado ao ministro quando este afirma que não tem memória disso?
Claro que não. Também neste caso a bandeira nos dá garantias e sabemos bem que a memória do ministro não se ocupa de coisas tão insignificantes.
E já agora: acredita que na ONGOING o ex-chefe de informações seria capaz de utilizar o que lhe passou pelas mãos no exercício de funções e mesmo violar o segredo de estado a que está obrigado?
É evidente. Isso é uma impossibilidade absoluta porque, mais uma vez, a bandeira ao seu lado nos descansa quanto àquilo que fosse uma eventual prática de crimes.

Claro que ficam sempre umas duvidazitas… Para que é que a ONGOING, que certamente não faz, nos termos dos eus estatutos, espionagem, quis o ex-chefe das informações da república e o paga a bom preço. E ainda porque é que o ministro não nega de forma clara que não recebeu o tal plano… mas isso são pormenores, especulações de gente muito mal-intencionada.
Porque, antes de mais, devemos ter em conta a credibilidade que a bandeira dá a qualquer filho da mãe, mesmo quando é utilizada como mero décor.

É o direito. É o direito. É o direito.


O caso é relatado na SÁBADO de hoje…
Tratava-se de operar o pé esquerdo. E quem operou foi exatamente o médico que acompanhava o doente e que lhe operou o… direito. Em 2008, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O médico quis desculpar-se com o facto de não ter sido ele a preparar o doente para a intervenção e que confiou na sua equipa, mas o tribunal esteve-se nas tintas para isso.
Foi condenado por ofensa corporais por negligência médica.
Para os devidos efeitos grito aqui que, no meu caso, se trata de operar o direito. Não me lixem ainda mais.
É o direito. É o direito. É o direito.

SÁBADO e Pingo Doce - O mal e a escaramunha


Esta é a capa da revista SÁBADO de hoje e por ela se pode imaginar a reportagem publicada, da responsabilidade de uma editora e uma redatora. Onde se denunciam os contratos leoninos que a Jerónimo Martins estabelece com os seus fornecedores – nos contratos a que a revista teve acesso há duas obrigações para a Jerónimo Martins e cerca de 20 para os fornecedores – a par de outras patifarias próprias de gente que se aproveita da sua posição de domínio para esmagar os fracos.
A reportagem não é nada simpática para o merceeiro do Pingo Doce, nada mesmo.
No entanto, na página 22, no “Sobe e Desce”, ao lado da foto do merceeiro Soares dos Santos, podemos ler esta pérola:
“Se o Pingo Doce só sobrevive por causa da exploração dos produtores, se tem lucros indecentes, se atira todas as despesas para cima dos fornecedores e se não faz nada de útil, porque é que os críticos não criam uma empresa concorrente? Deveria ser fácil.”
Pasmei e comecei por admitir que isto só poderia sair da caneta de alguém que pensa que ser cronista é sofrer de doença crónica. Mas não. O autor de tal pérola é, nem mais nem menos, que o diretor da SÁBADO.
E temos quê: ou o diretor ignora o que se publica na revista que dirige ou, coisa que não me espanta, está a apresentar um antecipado pedido de desculpas ao merceeiro posto em causa, como quem diz, foram todos contra mim e sabe que estas coisas de censura ou sua tentativa são sempre uma chatice.
Talvez com isso consiga mesmo chegar a diretor do mês de uma das muitas lojas Pingo Doce, como já aconteceu com outros.
De qualquer modo, vale a pena tentar responder às questões colocadas, dizendo o seguinte: as razões para criticar a Jerónimo Martins não têm que se fundamentar em invejas ou razões de corno relativamente ao merceeiro do Pingo Doce. Por outro lado, nem todos são capazes de ser tão canalhas nas relações com os fornecedores como parece ser a Jerónimo Martins, tendo em conta o que se lê na SÁBADO.
Ou a SÁBADO mentiu, difamando? Se foi o caso, o diretor que se cuide.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Lendo "Hipátia de Alexandria" de Maria Dzielska

Hipátia de Alexandria
 "O sopro de Platão e o corpo de Afrodite", na definição de Leconte de Lisle.

Rachel Weisz, no papel de Hipátia no filme Ágora de Alejandro Amenabar

terça-feira, 8 de maio de 2012

Praia Fluvial de Loriga - Foto de Fernando Moura Pinto

Candidata a uma das sete maravilhas

Praia Fluvial de Loriga - Foto João Carreira

Candidata a uma das sete maravilhas.

Leituras em dia - "Sputnik, Meu Amor" - Haruki Murakami


Uma narrativa que acaba por se transformar num leve ensaio sobre o desejo e a especulação sobre o destino.
“E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou – arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo a mão para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixamos irremediavelmente para trás. Repetimos, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio.”

O que é a ONGOING?

Certamente refastelado no Brasil como quadro da ONGOING, este ex-deputado deve agora estar farto de saber o que é a empresa que o recrutou, passados que foram 8 meses depois de na AR manifestar a sua ignorância e tornar célebre o número feito com aquela interrogação.
E deve estar confortado e não desiludido. A ONGOING está ao nível de Agostinho Branquinho.
Poderemos nós agora perguntar a este senhor o que é a ONGOING? Já saberá responder?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Clotilde Fava

Clotilde Fava
 Tríptico - Acrílico sobre tela

Jovem de brinco de pérola

Na casa que foi e é a da gente ainda existe uma reprodução da “Jovem de brinco de pérola” e, há dias, brincando, lamentava-me de na altura não ter comprado antes o original.
A resposta foi o envio desta foto onde o meu cunhado Rui apresenta a minha mana Graça como o original da tal obra do Vermeer.
Fica registado o comovente ato de ternura do Rui.

domingo, 6 de maio de 2012

Publicidade enganosa do SPGL


Por detrás deste anúncio não estava um normalíssimo concerto a 20€ por cabeça. De facto,  quando entrados na Aula Magna, ficámos a saber que estávamos a participar nas comemorações do 38º aniversário do SPGL – Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, facto que se omitia na diversa publicidade feita ao evento.
A minha e nossa convicção era a de que se tratava de uma homenagem ao Adriano e ao Zeca Afonso e nada mais. Provavelmente com finalidades mais respeitáveis quanto às receitas.
Os cantores do nosso imaginário não merecem este tratamento.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

António Borges e o Império do Mal


"O impérop do mal
[…]
Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos. Acresce que este banco tem armazenados milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida de preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas à fome.
No que toca à canibalização económica de um país a fórmula é simples: o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequências as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse país. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.
A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente. Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações. Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. fazem parte quadros oriundos da Goldman and Sachs. E na UR estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros da Itália e da Grécia, respectivamente), entre outros. Alguns eurodeputados ficaram estupefactos 1quando descobriram, que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, têm fortes ligações ao Goldman and Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.”
Domingos Ferreira, Professor / Investigador Universidade do Texas, EUA, Universidade Nova de Lisboa, no PÚBLICO de 04-05-2012.
António Borges
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
António Mendo de Castel-Branco do Amaral Osório Borges (Porto, Ramalde, 18 de Novembro de 1949) é um economista português.
Biografia
Depois de se licenciar em Finanças, em 1972, no antigo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade de Lisboa, estabeleceu-se nos Estados Unidos, em 1976. Aí obteve os graus de Mestre e Doutor em Economia, o último dos quais em 1980, na Universidade de Stanford. No mesmo ano iniciou funções docentes no prestigiado Institut National Supérieur Européen de l'Administration des Affaires (INSEAD), em França.
Assumiu a função de Vice-Governador do Banco de Portugal e leccionou na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, de 1990 a 1993. Nesse ano regressou ao INSEAD, tornando-se seu Diretor, até 2000. Entre 2000 e 2008 foi Vice-Presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs International, em Londres[1]. Do seu currículo consta ainda a passagem pela Administração do Citibank, BNP Paribas, Petrogal, Sonae, Jerónimo Martins, Cimpor e Vista Alegre.[2]
Foi Consultor do US Department of Treasury, do US Electric Power Research Institute, da OCDE e colaborou com a União Europeia na criação da União Económica e Monetária. Em 2010 foi nomeado Diretor do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional. É ainda Professor Catedrático Convidado da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa, Presidente do Instituto Europeu de Corporate Governance e Administrador da Fundação Champalimaud. Borges é Militante do Partido Social Democrata, onde foi Vice-Presidente da Comissão Política Nacional, entre 2008 e 2010.
É proprietário agrícola no concelho de Alter do Chão, onde é Presidente da Assembleia Municipal, e donde a sua família materna era oriunda e titular.
Presentemente, foi encarregado pelo Primeiro-Ministro de Portugal Pedro Passos Coelho de liderar uma equipa que acompanhará, junto da troika, os processos de Privatizações, as renegociações das Parcerias Público-Privadas, a reestruturação do Setor Empresarial do Estado e a situação da banca, anteriormente da competência do Ministério da Economia e de Álvaro Santos Pereira.[3]

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Vamos a um manguito, Seguro?


No último debate quinzenal com o PM, Seguro fez questão de se demarcar da elaboração do agora denominado Documento de Estratégia Orçamental e quanto ao qual o PS não foi havido nem achado.
E rematou mesmo com os votos de boa viagem ao PM, garantindo que este iria só a Bruxelas.
Agora, depois de estar apresentado em Bruxelas o que se classifica de mera “base técnica e provisória”, vem o PSD clamar por contributos que ele, PSD, possa considerar como válidos e quase exigindo que o PS o faça, com indicação das despesas que ainda possam ser cortadas.
Como se estivesse apenas em causa o corte de mais despesas, para o quê daria jeito poder ter um bode expiatório e que seria o PS.
Veremos se agora, a esta interpelação do vice-presidente do PSD Moreira da Silva, o PS se decide por um manguito em forma, sem rodeios. Lembrando que foi por coisas assim, embora mentindo, que o PSD chumbou o PEC4.

Última hora: Mendes Bota é contra o novo AO...


Votou-o favoravelmente mas, confessa, “A disciplina partidária reinante no nosso sistema político-partidário pode obrigar a votar o absurdo”. Com canalhas desta estirpe, capazes de votar no absurdo, estamos bem representados na AR.
Mas nisto Botas está bem acompanhado pois, afirma, “Até hoje, não identifiquei, no meu círculo familiar e de proximidades, uma só pessoa que se manifeste favorável ao famigerado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990”. E isto quer dizer uma coisa: há muitos mais canalhas na AR, pois certamente que entre os seus próximos se incluem outros deputados do PSD, se não todos.
Apresenta Botas um argumento que se veja no espaço dado hoje pelo Público? Não, até porque, e felizmente para nós, se recusa a discutir “as teses da etimologia ou da fonética”. Apesar disso, Botas contabiliza ganhos e perdas com esta tirada: “Podem os editores dum lado e doutro do Atlântico esfregar as mãos de contentamento negocial, mas o seu ganho é minúsculo à luz do nosso prejuízo maiúsculo”.
Uma tirada à altura de Botas. Um cromo, um impagável cromo.