sexta-feira, 29 de abril de 2011

Continuo a aguardar uma carta de Catroga

Espero que essa carta seja para mim. Porque estou farto de esperar pelo carteiro, e nada. Eu quero uma carta do Catroga, ou o Catroga dentro de uma carta. Estou por tudo, mas quero a carta. Se a receber prometo responder "Ó Catroga, recebi a sua prezada carta. Apreciei muito as perguntas. E vou já adaptá-las para que o Alberto João lhes responda. Porque também interessa saber o que por lá se passa, entre inaugurações, ponchas, charutos e fogo de artifício."

terça-feira, 26 de abril de 2011

Contra uma sociedade inclusiva

Ser desempregado não é uma opção de vida, como princípio. Para as excepções, a havê-las, deve a lei prever mecanismos que as combatam, sem contemplações.

Por isso, querer contaminar o direito a uma pensão de reforma com uma circunstância indesejável, isto é, pretender que o valor da pensão de reforma se reduza em função de involuntários períodos de desemprego, é uma canalhice, uma total insensibilidade social.

Só os bens instalados na vida, na expectativa do benefício egoísta da redução da sua carga fiscal, podem ousar vir com tal proposta.

E, para memória futura, a proposta é da trupe Mais Sociedade – mas que designação mais caricata face ao que vem propondo – e que reúne os gurus que vão debitando propostas a assumir pelo PSD.

Perante esta proposta e outras da mesma natureza, fica claro quem quer atacar o Estado Social. E num dos seus mais essenciais pilares: a protecção na reforma.

Cartas de Catroga, aqui, não!

Ericeira - Março 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Um jornal de cromos...

Falta de comparência dos deolindos

Constatam alguns, aparentemente com surpresa, haver menos gente no desfile do 25 de Abril que no da geração dos deolindos. E também que havia menos jovens.

Para mim é natural. Uma manifestação nada tem a ver a outra.

Na de hoje, está em causa saudar a conquista de valores de natureza colectiva, a começar pela liberdade e pela democracia. Na outra, eram sobretudo reivindicações particularmente individuais, mesmo egoístas, que estavam em causa.

Com o 25 de Abril, a avenida, para além do nome Liberdade, passou a ter substância, e é esta que permite que por ali agora se manifeste quem queira, para o que entenda.

Mas temos ainda que ter em conta razões de calendário, com um bem prolongado fim-de-semana, e as climatéricas - estava um excelente dia de praia. Perante isto, a militância sucumbe, particularmente quando também já não estava em causa contestar o governo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A grande distribuição recebida em Belém

Em representação dos subscritores de um manifesto por agora muito falado, o PR recebeu estes dois senhores que, como comentadores, sabemos bem para que lado opinam. Por outro lado, ambos se têm mostrado indisponíveis para, em lugares de acção executiva, darem uma ajuda ao país. Que isso dá chatices e não rende.

Fazer melhor escolha era certamente possível. Que destes não reza a história, salvo na sua cómoda qualidade de comentadores.

Uma coisa é certa: a grande distribuição – Jerónimo Martins e Modelo Continente – com grandes responsabilidades na venda do que é estrangeiro e sérios impactos na balança de transacções comerciais, esteve bem representada. E não será com ela que se poderá apostar no crescimento económico.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Armou-se em camilo, e foi o que se vê...



Pois é. Camilo Lourenço vem agora reconhecer – Jornal de Negócios de 18 de Abril – que Passos Coelho “não está à altura do desafio” porque anunciou uma revisão da Constituição fora de tempo, insistiu em ideias estafadas, anunciou um cabeça de lista igualmente candidato a presidente da AR e não convenceu históricos e barões a candidatarem-se. E, adianta, pior que isso foi Passos Coelho, durante longos dias, ter omitido o encontro com Sócrates sobre o PEC IV, o que o levou a ele, Camilo Lourenço, a concordar com o seu chumbo na AR.

Apesar disso, Camilo admite que um líder tão “desastrado” pode ganhar as próximas eleições. E é claro que o deseja. Veremos. Mas continue ele a ocupar-se com a sua agenda de ataques a Sócrates e ao PS e talvez de novo venha a saber que foi o último a aperceber-se de que Passos Coelho é ainda pior do que o que ressalta do retrato que agora dele fez.

Nobre cidadania...

Nobre alicerçou a sua candidatura à Presidência da República na visibilidade proporcionada pela AMI e num discurso populista que, em plena crise, faz percurso fácil. Contra os partidos, contra os políticos, elegendo como bandeira uma entidade mítica e sem conteúdo que designava por cidadania, certamente o termo mais usado até ao final da campanha, o mais badalado no discurso do que considerou ser uma vitória da… cidadania.

E foi aquilo, a visibilidade e o discurso populista, que lhe permitiu o apoio em certos círculos, nomeadamente na sua página do facebook. E, naturalmente, quem o apoiava revia-se em tal discurso.

Nobre inchou com a votação, mas foi fazendo promessas de se manter no mesmo registo: nada com os partidos e, a voltar à cena mediática, seria para prosseguir com o seu projecto de cidadania, seja isso o que for.

Mas aguentou pouco, mesmo nada. E, quando se aguardava que em Maio anunciasse, como prometia, os passos seguintes, ei-lo que aceita ser candidato a deputado, com a promessa de igualmente poder ser presidente da AR, logo a segunda figura do Estado num sistema assente em partidos políticos contra os quais fez a sua campanha.

Sem estofo para aguentar as críticas, Nobre encerra a sua página no facebook porque, se era boa para recolher apoios, não poderia ser usada para que muitos, entre os quais os seus apoiantes de outrora, manifestassem a sua desilusão face ao que consideravam ser uma traição.

Por isso, quanto ao que Nobre tolera, estamos conversados: para elogiar e apoiar tudo bem, quando se trate de criticar ou expressar desapontamento, vale esta forma de censura: encerrar a página no facebook.

Politicamente Nobre é uma nulidade. Fica agora também esta medalha.

sábado, 16 de abril de 2011

"Vocês não me provoquem..."

O arauto da cidadania inchou, continua a inchar, e isto ainda vai acabar mal. Recomenda-se distância de segurança antes do estoiro. Para já, os danos colaterais são já mais que muitos e ainda não começou a campanha.
Nisto deve andar mãozinha do Sócrates. Só pode.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sargentada…



A Associação de Nacional de Sargentos diz que falta dinheiro à tropa e que há mesmo o risco de não se pagarem salários. O Governo, através de um Secretário de Estado, afirma o contrário e tranquiliza.

A SIC, provavelmente outros, dizem que está estabelecida a confusão. A ser assim, a credibilidade de quem tem que garantir o pagamento está ao mesmo nível da ANS. Como se agora tivesse que vir alguém desempatar a contenda.

Não há pachorra!

Discurso político para os pequeninos...

Passos Coelho não estava com pressa para chegar ao pote, mas foi apanhado.
 No caminho, no entanto, fez-se acompanhar por um cão, por causa dos gatos escondidos com o rabo de fora.
E, antes de se instalar, fez questão de fazer saltar os esqueletos dos armários.

Fica com o pote. Sem gatos que se escondam deixando o rabo de fora  e sem esqueletos que se alojem em armários, sendo permitidos outros gatos e outros esqueletos.
Tudo parece indicar, no entanto, que terá também à sua volta um bando de lacraus, mas é com estes que gosta de se aninhar. Até à mordidela fatal.

sábado, 9 de abril de 2011

Aleluia! O FMI já não vem…

Eu sabia que havia uma solução. Bastaria que Louça e Jerónimo se reunissem. Fizessem uma avaliação objectiva da situação. Apenas isso, apenas eles. Conclusão? Acreditam ser possível um governo de esquerda que impedirá a entrada do FMI. Agora sim, posso ficar descansado. Recuperei a serenidade.

Aleluia, irmãos! Aleluia!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Prevenido para nada




Com as agências de rating a cortar a torto e a direito, tinha-me prevenido com uma armadura, que sabe-se lá até onde seriam capazes de ir depois de esgotarem a dívida soberana, a banca e as empresas públicas.

E agora, desapareceram? Não há mais cortes? Quem me desembolsa do custo desta fatiota?



 

A golpada banqueira…



… merece que pelo menos, apesar de em gestão, o governo:

- informe a estimativa dos ganhos da banca portuguesa quando se financiava junto do BCE, dando como garantia títulos da dívida pública, à taxa de 1%, e depois comprava nova dívida pública, certamente a taxas bem mais elevadas;

- decida, no interesse do país e dos portugueses, adequar as taxas dos certificados de aforro de modo a evitar que a banca penalize os seus clientes com taxas que remuneram os depósitos abaixo da taxa de inflação, e quando os banqueiros emprestam ao Estado a taxas bem mais elevadas. E isto com vantagens na promoção da poupança, factor essencial para o crescimento.

"Ave de Rapina"



Entrei mudo, para ver um filme mudo, e mudo saí. E fiquei mudo ao ouvir a notícia do pedido de ajuda externa, já bastante depois.
O nome do filme foi traduzido para “Ave de Rapina”. E relata uma tragédia fundada na sovinice e na ganância.
Mas que coincidência ter decidido ir hoje à Cinemateca ver GREED, de Erich Stroheim, um filme de 1923.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Voltou o merceeiro da FORBES



Este merceeiro, ali na SIC-N, informa que 1% da massa salarial da cadeia Pingo Doce está penhorada por dívidas dos seus empregados. Mas não se lhe pergunta qual a retribuição média dos condenados.

Queixa-se do endividamento das famílias, mas não ousa apontar a banca como responsável.

É o quinto responsável, em importância, pelo volume das nossas importações, mas prega a necessidade de apostar no crescimento do PIB português.

Faz questão de fazer campanhas doces, sem impacto nos preços das variações do IVA, mas não confessa que esmaga, para conseguir isso, os fornecedores da sua cadeia.

Acusa uns de crimes, mas ninguém o questiona sobre a engenharia financeira envolvendo as suas empresas e alguns offshore e com que pretendia fugir ao pagamento de milhões em impostos e que já lhe valeu uma condenação em tribunal.

Recusa ao PS que escolha democraticamente o seu líder, porque não está habituado, no seu império, a outra coisa que não seja impor quem quer.

E é este sujeito que é chamado, a par e passo, a comentar, como de pessoa séria e isenta se tratasse. E competente.

E, com tanta gentileza, também o entrevistador José Gomes Ferreira tem garantido o lugar de Director do Mês da cadeia Pingo Doce, em compita com o Barreto.

Agências de rating chamadas pelo nome próprio...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pronunciamento bancário…



Parece que é segredo, mas a notícia vai correndo. A banca portuguesa decidiu deixar de financiar o Estado Português.

Com a tropa em sentido, passámos agora a ter pronunciamentos bancários. Claro que seria ingenuidade esperar comportamento adequado às ajudas dadas logo que rebentou a crise internacional, assim como atitudes mais dignas de quem se tem financiado no BCE a 1% para comprar dívida soberana sabe-se lá a que juros. E mais: andou o governo a tramar os titulares dos certificados de aforro para evitar a debandada das economias sobre a forma de depósitos bancários, para agora levar com esta na cara.

Pois bem. Para grandes males grandes remédios. Da minha parte, tudo voltará à CGD e a outros instrumentos de financiamento do Estado. Servirá de pouco, mas certamente que outros decidirão do mesmo modo.

domingo, 3 de abril de 2011

Fukushima, segundo Carlos Fiolhais

Aprecio Carlos Fiolhais como divulgador da ciência, particularmente a física. Mas o seu artigo no Público de 1 de Abril até parece… mentira.

A argumentação para desvalorizar o desastre de Fukushima é preocupante, chegando mesmo ao ponto de pegar na maior segurança na construção pós terramoto de Lisboa para concluir que, quanto às centrais nucleares, o assunto também se pode resolver por aí: mais segurança.

Dá já como adquirido, que a fuga não vai além de 10% da registada em Tchernobil, embora a fuga continue, sabe-se lá até quando e com que consequências.

Na ânsia de defender o nuclear como opção para a produção de energia, argumenta com a sua utilização – da física nuclear – na cura de doenças, como se fosse possível comparar os planos.

Nada quanto aos resíduos que ninguém sabe o que fazer com eles. Nada sobre as aldrabices dos relatórios da empresa exploradora da central sobre problemas anteriormente ali registados, como se isso não quisesse dizer não ser possível contar com investimentos vultosos na segurança quando eles põem em causa o lucro. Claro que assim é fácil concluir ser esta via a mais barata, na comparação com as energias renováveis. Mas a segurança das centrais e dos seus resíduos custaria quanto para, quanto aos riscos, termos uma situação equivalente às das energias renováveis, admitindo que isso seria possível?

Fukushima não é Tchernobil, como titula o artigo? E que importa isso, se ninguém quer uma ou outra coisa perto de si?