quarta-feira, 26 de junho de 2013

Caquesseitão, aquamanil...

Isto é um caquesseitão, uma peça de ourivesaria indo-portuguesa e cujo batismo é atribuído a Fernão Mendes Pinto. Do ponto de vista funcional é um aquamanil, isto é, um recipiente para água em forma de animal, termo que igualmente estava longe de imaginar que pudesse existir.
No mundo há apenas sete exemplares e este vai a leilão amanhã em Paris. Apesar da proximidade, em Portugal não existe nenhum. Mas este saiu de cá para ser leiloado, com a competente autorização, embora não estivesse classificado. A estimativa para a venda oscila entre os 200 e os 300 mil euros.
Somos mesmo pelintras, para não conseguirmos reter o caquesseitão num museu nacional.

terça-feira, 25 de junho de 2013

O descaramento de uma FdP...


Há coisas que nos fazem explodir de raiva, a odiar a esperteza de certa gente, a desejar-lhe o pior, depois de uns bons sopapos nas trombas.
A Gebalis faz a gestão dos bairros de habitação social. A Gebalis sempre viveu dificuldades financeiras. Que fez uma ex-gestora, segundo relato das suas declarações em sessões de julgamento, conforme o PÚBLICO de 25-06-2013?
Pois, em 22 meses, fez 15 viagens ao estrangeiro. Onde? Londres, Belfast, Barcelona, Sevilha, Cracóvia, Dublin, Marraquexe, Copenhaga, Roma, entre outros destinos. E para quê? Para formação, para estar presente em feiras internacionais, para participar em conferências.
Em Marraquexe, note-se, em Marraquexe, pagou uma diária de 380 euros. E porquê? Porque a reserva foi feita em cima da hora.
Para além de refeições à grande e à francesa, a ex-administradora também utilizou o cartão de crédito da empresa para comprar DVD, CDs e livros. Qual a justificação? Tinha um projeto para a criação de uma videoteca para sessões de cinema e tertúlias com os colaboradores.
Mas então não havia limites para o desvario? Claro que sim, terá afirmado a ex-gestora: o limite do cartão de crédito com um plafond mensal de 12.500 euros e, repare-se na lata, “o bom senso”.
Mas que filha da puta!

domingo, 16 de junho de 2013

Pichelim e peixe-caracol...

 Pichelim
Um dia, vésperas de Natal, a minha Mãe pôs-se a caminho do Brasil, mas deixou as coisas encaminhadas para a consoada, a sempre enorme consoada, tendo em contas as habituais vinte e muitas presenças.
Mas havia postas esquisitas no que era apresentado como sendo bacalhau, sobretudo pela quantidade de espinhas e em locais onde não era suposto haver espinhas, espinhas muito pequenas, arredondadas. E alguém, não recordo quem, explodiu: "o bacalhau está misturado com pichelim". Eu estava longe de saber o que era pichelim.
Mais tarde, num restaurante aqui ao lado, pedi bacalhau à Brás, e lá vieram tais espinhas. E reclamei: “Sr. Sacramento, isto não é bacalhau… olhe para estas espinhas…” Não valia a penas insistir, para o Sr. Sacramento aquilo era bacalhau e eu é que era esquisito. Tempos depois a mesma cena mas, dessa vez, o Sr. Sacramento fez questão de me convencer, trazendo à mesa uma embalagem com uma pasta congelada, constando da etiqueta a menção “bacalhau à Brás”. Para o Sr. Sacramento bastava a etiqueta, o que me levou a perguntar se ele acreditaria que fosse lagosta se tal lá estivesse escrito. “Sr. Sacramento, isso é pichelim…”. “ O quê? O que é pichelim?”. E lá expliquei, ao dono de um restaurante, que havia um peixe muito parecido com o bacalhau e que, fraudulentamente, era vendido como tal.

Peixe-caracol
Julgava que as aldrabices se ficassem pelo pichelim. Mas não. Hoje é notícia que, num preparado para fazer bacalhau com natas, o bacalhau foi substituído pelo peixe-caracol. Mas que falta de respeito ao bacalhau.
Por estas e outras, para mim bacalhau é posta, uma boa posta: cozida, assada na brasa, à lagareiro, à Narcisa... Bacalhau à vista, sem disfarces.

sábado, 8 de junho de 2013

Um dia fui a Pavia...

...e conheci a anta, transformada em capela. E a Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia. E fiquei a saber quão importante foi este artista, sobretudo no campo da gravura e, a partir daí, na apresentação gráfica de um livro. Quando a capa de um livro era, então, reportório de obras de arte. E muitos foram os livros ilustrados por Manuel Ribeiro de Pavia, particularmente nos anos 40 e 50 do século passado. Livros de Namora, de José Gomes Ferreira, de Redol, de Mário Dionísio, de Régio… com quem conviveu.
Manuel Ribeiro de Pavia deixou uma obra marcante apesar do seu prematuro desaparecimento no dia em que fez 47 anos, em 1957.
 Anta de Pavia
 Manuel Ribeiro de Pavia
 Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia, em Pavia
 Capa de Manuel Ribeiro de Pavia
 Capa de Manuel Ribeiro de Pavia
 Capa de Manuel Ribeiro de Pavia
Capa de Manuel Ribeiro de Pavia

domingo, 2 de junho de 2013

Feira do Livro - Os pequenos tesouros

A Feira do Livro satisfaz muitos anseios, todos estimáveis. Eu tenho os meus: poder visitar os stands de algumas das editoras independentes, ainda não absorvidas, por exemplo, pela Leya e pela Porto Editora, e isto quanto a editoras que designo por editoras de catálogo, quando o catálogo é uma espécie de seleção entre o que há de melhor. Há diversas, em geral quase ostracizadas nas superfícies comerciais que exibem livros como é o caso da Bertrand, FNAC e agora tb o Continente, superfícies para as quais os livros são artigos a expor, para isso utilizando os truques igualmente usados para a promoção de champôs, massas, detergentes e coisas assim. Tais truques, pelo que custam, estão ao alcance das grandes editoras, mas não ao alcance das editoras independentes e daí a importância de eventos com a Feira do Livro.
Uma destas editoras é a Relógio d’Água, que edita Clarice Lispector, Joyce, Dalton Trevisan, Nabokov, Virgínia Woolf, F. Scott Fitzgerald, Jack Kerouac, Boris Vian, Hélia Correia, Pirandello, Sylvia Plath, Hannah Arendt… eu sei lá.
Depois há aquelas caixinhas de saldos, a partir de 3.50€, donde este ano recolhi: “O Turno” de Pirandello, “Instante” de Wistawa Szymborska, “Hannah Arendt e Martin Heidegger” de Elzbieta Ettinger, “Diego & Frida” de J. M. G. Le Clézio, “As Doze Figuras do Mundo e Outros Contos” de Jorge Luís Borges e Adolfo Bioy Casares, “Kyra Kyralina” de Panaït Istrati, “O Fim de Lizzie” de Ana Teresa Pereira, “Relações e Solidão” de Arthur Schnitzler, “Não há horas para nada” de Helena Vasconcelos, “Ana de Londres” e “Estranhos Casos de Amor” de Cristina Carvalho, “Sobre a Revolução” de Hannah Arendt… e ficaram lá muitos mais.
Fora dos saldos, mas ainda da Relógio d’Água, vieram “Contos Completos” de Lydia Davis, premiada com o Man Booker Prize International 2013, e “A Condição Humana” de Hannah Arendt.
Quase juro que, tirando o livro de Lydia Davis, por recente e de autora premiada este ano, nenhum dos outros conseguiria encontrar nas tais grandes superfícies.

ManiFlop!

Auto retrato ensombrado, com canadiana, na relva da Alameda.
Estive lá, canadiana a tiracolo. Foi um fiasco e como o lamento. Pelos vistos a contestação, quando não musculada e organizada, fica por likes e escritos de revolta no Facebook, uma contestação sentada, copo ao lado.
O farsolas afirmou sexta-feira que a maioria das pessoas pensam como ele: que o governo tem legitimidade para continuar com a sua política, que não há razões para eleições antecipadas. O encontro na Aula Magna promovido por Soares dava a ideia de que as coisas estavam a mexer. Mas nada, nada buliu. Não vou dizer, por causa do flop, que merecemos a canalha que nos governa e suas políticas de austeridade e empobrecimento. Mas custa perceber o comodismo de tantos.
Cai um mito: as redes sociais não servem para isto, para ações de rua e para manifestações que traduzam devidamente o que consta das sondagens e inquéritos de opinião. Deixemo-nos de ilusões: têm mesmo que ser os partidos, as organizações sindicais e outras a dar músculo e organização a estas coisas.