Este cromo atinge este estatuto aos mais variados níveis. Um vozeirão
que dá cabo dos tímpanos de um elefante e com que pretende abafar os seus interlocutores, um físico e postura a lembrar um elefante
numa loja de porcelanas. Um populista e demagogo, qual coronel barrigudo de uma
daquelas antigas ditaduras da América Latina e que alcançava o poder com
discursos a favor dos descamisados para, depois, não vestir outra coisa que não
sejam camisas de seda.
E foi assim que se tornou conhecido e se fez bastonário de
uma ordem de proletários, situação de que parecem ser culpadas as sociedades de
advogados, sociedades onde nunca teria lugar, porque até a filha preferiu
trabalhar com um muito mais decente ex-bastonário.
Perdida a mama da “bastonança”, eis que se candidata, não a
presidente de uma junta de freguesia, mas ao equivalente, na política, das
grandes sociedades de advogadas que tanto combateu: a deputado europeu. Com o
apoio de um partido que nem por ser contestatário é conhecido, porque nem é uma
coisa nem outra: nem é contestatário, nem é conhecido. Mas serve às mil maravilhas
como barriga de aluguer para um bebé que rebentaria com a parturiente, se
alguma coisa fosse dada à luz.
Sim, é verdade. Nunca simpatizei, um pouco que fosse, com
este cromo: invejoso, reacionário, populista, demagogo. Que nada deixou depois
de dois mandatos na “bastonança” dos advogados. Bem pago.
Mas tenho agora mais uma razão para abominar este nojo,
depois de ler uma crónica de um respeitável advogado dos tempos em que havia
alguns que ousavam defender, gratuitamente e com muitos riscos, presos
políticos da ditadura salazarista-marcelista. E relata tal advogado, cujo nome
recordo desses tempos, o seguinte: em 2008, José Augusto Rocha, o advogado em causa,
propôs, na sua qualidade de presidente da Comissão dos Direitos Humanos da
Ordem dos Advogados, a atribuição do Prémio Ângelo Almeida Ribeiro – outro brilhante
advogado e ex-bastonário – aos advogados que defenderam os presos políticos nos
Tribunais Plenários. Tal proposta foi rejeitada pelo Conselho Geral da Ordem
presidido por este cromo e, quando José Augusto Rocha insistiu, este populista
e demagogo reafirmou a posição do Conselho Geral e mais: proferindo “considerações
com laivos de verdadeiro “negacionismo””.
Face a isto, José Augusto Rocha demitiu-se. O cromo
manteve-se como bastonário, a falar grosso.
A AO teve um merdoso em dois mandatos. Infelizmente a atual
bastonário, herdeira política do cromo, integrava na altura o Conselho Geral. E,
se calhar, fará a gestão da presença de um fantasma que agora se candidata a
deputado europeu. Temo que a AO tenha ficado assombrada.